A Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) não inscreveu a principal atleta do País na prova mais importante do Mundial de Ginástica Rítmica. Inscreveu duas atletas e, quando foi inscrever a terceira, Angélica Kvieczynski, não havia mais vagas para que ela participasse de duas das quatro apresentações. Por isso, a competição individual foi encerrada na última quinta-feira, em Izmir, na Turquia, sem a participação de Angélica. A disputa por conjuntos é sábado e domingo.

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A atleta entende que ficou fora de duas provas do Mundial por “ato falho” de algum funcionário da CBG. A principal ginasta do País não quer entrar em conflito, garante que a terapia não a permite levar o problema para o tablado, mas claramente se sente prejudicada pela entidade que rege a modalidade no País. “Se eu dando resultado erram, imagine se não dou?!”.

Como a ginasta está na Turquia, ainda acompanhando o restante da delegação brasileira que participa do Mundial, a entrevista foi realizada por Whatsapp.

Angélica, afinal, o que aconteceu para você ficar de fora de duas provas do Mundial?

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Bom, aqui na Turquia fiquei sabendo certo o que aconteceu. Me disseram que houve uma confusão na hora das inscrições das ginastas. O regulamento mudou. Antes podia-se levar três ginastas e 12 apresentações, ou seja, quatro aparelhos cada uma. Com a mudança, três podiam ser inscritas, mas apenas 10 apresentações: duas fazem quatro e uma faz dois.

E por que justo você ficou de fora?

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Olha, as inscrições foram feitas em ordem alfabética pelo sobrenome, como acontece nas competições internacionais. Desse modo, eu fui a última, assim sobrando dois aparelhos. (As demais atletas são Andressa Jardim e Natália Gaudio).

Você perdoou a CBG? Será que ninguém leu o regulamento?

Não é uma questão de perdoar e sim entender e pensar nas próximas competições. Com certeza isso não mais acontecerá. Todos aprendemos. Quem sou eu para julgar? Acredito que devem ter lido, mas talvez essa parte do número de coreografias passou despercebida. Foi uma triste coincidência. As inscrições foram feitas como normalmente fazem em competições internacionais, em ordem alfabética pelo sobrenome, e acabou acontecendo. Meu sobrenome com K veio depois.

O erro foi percebido pela CBG ainda na hora de fazer a inscrição?

Olha, isso eu não sei te dizer, eu fiquei sabendo quando vi a ordem de competição no dia 3 de setembro. Liguei na CBG, e eles estavam tentando resolver. Mas o regulamento não permitiu fazer a mudança.

A CBG te pediu desculpas? Algum dirigente foi falar com você?

Olha, como eu disse, errar é humano, assim como o ” ato falho” que Freud fala. Ou seja: no momento de executar uma ação ocorre uma substituição de outra ação que não estava prevista conscientemente. Trata-se de uma ação imprevista, que somente quem executou é quem sabe dizer do ato falho. Já tive outros prejuízos, portanto, no fundo acho que alguém deve se perguntar do porquê comigo?

Quais outros prejuízos?

Meu psicólogo me ajuda muito, principalmente para superar essas situações, não deixar refletir na competição. Estou feliz com a minha participação aqui. Esta competição já passou, agora estou focada para competir no Berlim Master, de onde veio o convite em meu nome. Eu nem gostaria de pensar em outros prejuízos, pois como eu disse errar é humano, mas espero que erros humanos não venham atrapalhar meus Jogos Olímpicos, que é meu sonho.

Mas algum dirigente da CBG mostrou algum tipo de carinho? Ligou para pedir desculpas? Perguntou o que poderia fazer pra minimizar o “prejuízo”? Essas coisas que a gente faz para consertar um erro que não tem conserto?

Tentaram explicar. O que posso lhe dizer é não foi feita a inscrição, não pude apresentar o que podia, e aceitei as desculpas quando disseram que tentaram consertar. Para mim, se pediram ou não, confesso que não importa muito, senão de nada adianta meu tratamento. O que quero é ficar, porque se dando resultado erram, imagine se não dou?!