São Paulo
– Nos anos 90, em Andradina, interior de São Paulo, um garoto corintiano que morava em uma casa de tábuas guardava no coração um sonho. Via na parede o poster do atacante Viola e imaginava um dia ser jogador do Corinthians. Mas havia um empecílio. Como jogar com uma chuteira furada? Precisava de uma nova, mas não podia ser qualquer uma: tinha de ser a melhor da loja de esportes da cidade. Era preciso encontrar um patrocinador. “Mãe, investe em mim que você não vai se arrepender”, implorava o menino.Gil pensou que o sonho se tornaria realidade quando apareceu um teste para jogar no Guarani. “Não fui aproveitado”, lembra o jogador com uma ponta de tristeza. Segundo a mãe, Rosângela, foi uma das grandes decepções de Gil. “Ele ficou uma semana, depois o dispensaram. A vaga ficou com outro menino oito centímetros mais alto.”
O tempo passou e, aos 16 anos, Gil sabia que seu tempo estava se esgotando. Mais uma vez, Popó apareceu. O juvenil do Corinthians ia disputar um amistoso contra os do time de Mirandópolis. No time adversário, Edu, Kléber, Fernando Baiano, Yamada, Rodrigo Pontes ameaçavam o futuro de Gil, o único dos “estrangeiros” de Mirandópolis a ser aproveitado como titular. Mas o menino de Andradina não se intimidou. “No final do jogo o professor Ladeira, que era o técnico, falou comigo e eu vim fazer teste no Corinthians. Fiquei uma semana e ele me aprovou.”
Ladeira não foi o único técnico a se impressionar. Ao ver seu futebol, o então técnico do Corinthians, Oswaldo de Oliveira, não titubeou em promovê-lo. “Quando eu cheguei no profissional ele ainda disse uma frase: ?Se prepara para voar, se prepara para crescer,.” Gil obedeceu, virou titular, e continuou se aperfeiçoando sob o comando de Oswaldo Alvarez, Vanderlei Luxemburgo e Carlos Alberto Parreira. “Ele é um azougue”, diz o atual treinador do Corinthians, com um sorriso nos lábios. “É um desassossego para qualquer adversário.”