Paris – Numa final que em muitos aspectos esteve a desejar, como no enorme número de erros, o argentino Gaston Gaudio tornou-se o campeão de Roland Garros de 2004, ao derrotar o compatriota Guillermo Coria por 0/6, 3/6, 6/4, 6/1 e 8/6, em 3h31 de um tênis próximo do sofrível. A surpresa pelo título era tanta, para um jogador do nível de Gaudio, que ele mesmo admitiu estar vivendo um sonho.
“Não sou eu quem estou aqui, comemorando este título”, disse. “Isso não existe. É um sonho.”
Gaudio tinha mesmo bons motivos para não acreditar na façanha. Começou o jogo nervoso e cometendo muitos erros. Perdeu fácil os dois primeiros sets e só criou esperanças depois de seu adversário, Coria, sentir cãibras e passar a rivalizar no número de erros.
Ao final da partida, Gaudio cometeu 55 erros não forçados (ou seja, mais de dois sets inteiros de presente – cada set tem no mínimo 24 pontos), enquanto Coria não deixou por muito menos, cometendo 54. O campeão ainda fez nove duplas faltas.
Com tantas bolas fora, o jogo teve um final dramático. Gaudio não conseguia manter o serviço diante de um combalido Coria, que também não confirmava o seu. Afinal, por causa das dores nas pernas, sacava com dificuldades, não corria como de costume e ainda assim, Gaudio teve de salvar dois match points.
Emocionado, o campeão prestou homenagem a Guillermo Vilas, que há 27 anos também ganhou em Roland Garros. Disse que não fosse por Vilas, nem ele nem Coria estariam jogando tênis e disputando uma final de Grand Slam. Chorou e agradeceu ao apoio da torcida, que resolveu incentivá-lo para que melhorasse a performance dos dois primeiros sets. Enquanto isso, Coria estava desolado, nada o parecia conformar com o fato de ter desperdiçado uma enorme oportunidade de realizar o sonho do campeonato de Roland Garros.
Pela conquista do título, além de embolsar um prêmio de cerca de US$ 1 milhão, Gaston Gaudio também irá colocar-se pela primeira vez no grupo dos dez primeiros do ranking. Entrou no torneio como 44º do mundo, tendo sido o primeiro jogador a conquistar o título sem ser cabeça-de-chave desde Gustavo Kuerten em 1997.
Na grama
Depois de Roland Garros, começa agora a curta temporada de torneios na grama. André Sá, um especialista nesta superfície, jogará a chave de duplas no torneio do Queen?s Club, em Londres. Ao lado do norte-americano Jim Thomas, ele vai estrear contra os croatas Goran Ivanisevic e Mario Ancic.
Myskina é campeã em Roland Garros
Paris – Rivais desde os nove anos, no Clube Spartak em Moscou, Anastasia Myskina venceu o mais importante desafio com Elena Dementieva, ao conquistar no sábado o título de Roland Garros de 2004. Amigas, as duas tenistas russas costumam apostar pizza em seus desafios, agora, a vencedora recebeu um prêmio de 838,5 mil euros, quase US$ 1 milhão. Myskina só precisou de 59 minutos para ganhar o jogo por 6/1 e 6/2.
A final, na exuberante quadra Phelippe Chartrier em Paris, com um público de 15 mil pessoas, por muitos momentos parecia mesmo estar valendo apenas um pedaço de pizza. As duas tenistas não atuaram bem. Só para se ter uma idéia, em todo o primeiro set, Dementieva não conseguiu confirmar um serviço sequer. Myskina pelo menos teve mais regularidade.
Talvez pela nível ruim do jogo, pela amizade entre as duas tenistas, ou até mesmo pelo habitual temperamento frio das russas, a campeã nem sequer comemorou com a esperada emoção, tamanha conquista.
“Podem ter certeza fiquei muito feliz com o título”, justificou Myskina na entrevista coletiva. “É uma conquista muito importante, não só para mim, como para o tênis russo.” Esta foi o primeiro troféu de um Grand Slam conquistado por uma tenista russa. No masculino, Yevgeny Kafelnikov e Marat Safin já haviam ganho torneios como o próprio Roland Garros e o US Open.
Na sua trajetória para o título deste ano, Myskina mostrou seu valor, ao derrotar rivais como Venus Williams e Jennifer Capriati.