Um ótimo público enfrentou o vento frio e as chuvas ocasionais no sábado para torcer para os surfistas gaúchos e eles não decepcionaram. O ídolo maior Rodrigo Dornelles foi o primeiro a conquistar classificação para as semifinais do Reef Classic 2004 e na penúltima bateria do dia Daison Pereira também garantiu passagem para o domingo decisivo do maior campeonato de surfe já realizado no Rio Grande do Sul.
Dos 34 surfistas de dez países que se inscreveram para competir em Torres, apenas os sul-africanos Greg Emslie e Royden Bryson conseguiram furar o bloqueio verde-amarelo nas ondas de 1 metro de altura na Praia dos Molhes. Os outros classificados são o paulista Renato Galvão, o carioca Leonardo Neves, o catarinense Fernando Moura e o paranaense Jihad Kohdr, que realizou a melhor apresentação de todo o campeonato, estabelecendo novos recordes para maior nota – 9,57 – e pontuação – 18,57 de 20 possíveis – do campeonato. Hoje, as semifinais começam às 10h e a grande final deve entrar no mar às 11h30. A vitória vale um prêmio de US$ 10 mil e 1.500 pontos no ranking mundial do World Quali-fying Series (WQS).
O líder e o vice-líder, o sul-africano Warwick Wright e o potiguar Marcelo Nunes, respectivamente, foram barrados nas oitavas-de-final e o único que ainda pode alcançar o posto de número 1 em Torres é o bicampeão brasileiro Leonardo Neves. Mas, ele tem que vencer o Reef Classic para totalizar os mesmos 2.040 pontos que o sul-africano garantiu com a 25.ª colocação conquistada ontem na Praia dos Molhes.
“Estou feliz porque essa é a minha primeira semifinal numa etapa do WQS e vamos ver se continuo com sorte para tentar chegar na final”, falou Leonardo Neves, que se classificou na primeira bateria das quartas-de-final, atrás do paulista Renato Galvão.
No confronto seguinte, a torcida se espremeu na beira da praia para torcer para o gaúcho Rodrigo Dornelles e ele começou forte, tirando uma boa nota logo em sua primeira onda. “Nas duas baterias que eu disputei hoje (sábado), consegui tirar um high-score (nota alta) no início, me deixando mais tranqüilo para administrar a bateria”, falou Rodrigo Dornelles.
A festa da torcida gaúcha continuou na bateria seguinte, com Daison Pereira registrando a maior pontuação -15,17 pontos – das quartas-de-final. “Foi demais hoje com essa galera toda torcendo para mim e para o Pedra (Rodrigo Dornelles) e vamos chegar juntos abraçados na grande final”, disse, demonstrando bastante confiança, o surfista de Torres, Daison Pereira.
A bateria apontou a grande surpresa do evento, com o jovem catarinense Fernando Moura despachando dois grandes favoritos: o experiente Victor Ribas (RJ) e o havaiano Jesse Merle-Jones. Ele e Daison Pereira irão enfrentar na segunda semifinal o sul-africano Greg Emslie e o paranaense Jihad Kohdr.
Jihad rouba cena e dá show
Festival de surfe no Rio Grande do Sul é sinônimo de garoa, frio e ondas ruins, irregulares. Não foi diferente no Reef Classic de Torres. Mesmo assim, os gaúchos foram à praia para ver os conterrâneos Rodrigo Dornelles e Daison Pereira. Os entendidos em surfe foram à praia para ver australianos e havaianos. Os amigos foram à praia para ver os veteranos Fábio Gouveia e Renan Rocha, mas no final, as cerca de 3 mil pessoas foram à praia para ver a técnica e o talento do paranaense Jihad Khodr, que obteve as melhores notas do dia. Com dedicação e treino, Jihad foi muito bem nas oitavas de final, quando obteve a melhor nota do campeonato, 9,57, e passou em primeiro lugar na sua bateria. Na última bateria do dia, valendo uma classificação para a semifinal, ele aproveitou logo a primeira onda da bateria, realizou manobras radicais, três boas batidas, um floater e uma conexão até a beira e obteve uma nota excepcional, pelas condições do mar, dos juízes – 7,8 -, e se garantiu com segundo colocado do grupo. em seguida, no final da bateria, ele apenas precisou marcar o terceiro colocado, o pernambucano Paulo Moura, para que este não surfasse uma onda melhor. “Eu me garanti na primeira onda, o mar estava pequeno e as ondas ruins. O Paulo ficou bravo com a marcação, mas é legal e faz parte da competição”, concluiu.