O goleiro Fernando assegurou ter sido este o jogo mais confuso que disputou. |
O Coritiba jogou trinta minutos ruins, não rendeu no ofensivo esquema com três atacantes, foi pressionado pelo Grêmio, lutou contra a péssima arbitragem de Álvaro Azeredo Quelhas, teve seu principal jogador – Aristizábal – expulso e ainda teve falhas, como no erro de passe de Roberto Brum que originou o gol de Cláudio Pitbull.
Só que também teve vontade, entrega, tranqüilidade e qualidade quando necessário, tanto que o 2×1 acabou não refletindo a superioridade alviverde. Era de uma vitória dessas que o Coxa estava precisando. Reanimado, o time agora pensa no clássico de sábado, às 20h30, contra o Paraná, no Pinheirão.
O rendimento alviverde na terça animou o técnico Antônio Lopes, que confirmou ter pedido apenas calma para os jogadores no intervalo. “Eles precisavam jogar futebol. Aquele clima de confusão era favorável apenas ao Grêmio. O time que tem mais qualidade sempre acaba prejudicado”, conta o Delegado, que aprovou a atuação do segundo tempo. “O Coritiba jogou muito bem, mereceu o resultado e provou que precisava de um resultado para recuperar a confiança”, diz.
A irritação dos jogadores com Álvaro Quelhas permanece. “A gente teve que ter muita calma, porque o que aconteceu foi incrível. O Lopes pediu para que esquecêssemos o árbitro e pensássemos no jogo, mas foi difícil”, reconhece o zagueiro Miranda, que define a arbitragem como “meio confusa”. “Melhor falar assim, porque ele pode ainda apitar outro jogo nosso”, completa. “Ele invertia tudo, atrapalhava a gente. Eu nunca vi coisa parecida”, resume o volante Ataliba.
E até por isso os jogadores comemoraram a vitória com mais gosto. “Vencer dessa maneira é sempre especial. Ainda mais com tanta dificuldade. Foi o jogo mais confuso que fiz pelo Coritiba”, confessa o goleiro Fernando, que participou de sua centésima partida com a camisa coxa em campeonatos brasileiros. “É difícil você ver uma equipe reclamando da arbitragem quando ganha. Mas não dá para ficar sem falar desse assunto”, reitera. Agora, vem o clássico, e ninguém fala em explorar a pressão que vive o Paraná. “Se eles necessitam da vitória, nós também. O que precisamos pensar é que esse resultado é decisivo para nós, e vamos lutar muito por isso”, finaliza Fernando.
Problemas
Tuta e Luís Carlos Capixaba são as dúvidas alviverdes para o jogo com o Paraná. Os dois saíram da partida de terça reclamando de dores no joelho. “A princípio, são lesões leves, de recuperação rápida. Mas como o tempo é curto, são situações que nos preocupam”, afirma o chefe do departamento médico do Coritiba, Lúcio Ernlund.
Alemão finalmente pôde mostrar melhor futebol
Se o Coritiba precisava de uma vitória como a sobre o Grêmio, o atacante Alemão precisava de uma atuação como a de terça. Após várias partidas irregulares, quando se criaram dúvidas sobre a sua real qualidade, ele conseguiu responder em campo, marcando um gol, tendo outro anulado e sofrendo um pênalti não marcado por Álvaro Quelhas. Foi tão bem que voltou-se a falar na sua renovação de contrato, que promete ser bem complicada.
Alemão, com apenas quatro meses como jogador profissional, já atraiu a atenção de clubes do exterior e outros do Brasil, como o Vasco. Sabendo disso, a direção alviverde procurou-o para tentar a renovação por pelo menos um ano. “Vieram falar comigo, mas meu procurador não quis conversar por enquanto. Vamos tratar do assunto só em dezembro”, conta o atacante, citando o presidente do Prudentópolis, João Ituarte, que teve problemas com o Coxa quando Liédson (hoje no Sporting) deixou o Alto da Glória, mas que ?reatou? com a diretoria alviverde.
Se perguntado sobre o que pensa da carreira, Alemão é rápido. “Para mim, o mais interessante é ficar no Coritiba mais um ano. Tenho que agradecer sempre ao que o clube fez por mim, e minha vontade é continuar”, confessa o atacante, que sabe da importância da boa atuação contra o Grêmio. “Eu não joguei bem algumas partidas, e estava precisando voltar a jogar bem. Que bom que foi em um jogo tão difícil, e consegui ajudar a conseguir o resultado”, afirma.
Agora, seu objetivo é retomar a luta por uma posição no time titular – que pode ser na disputa com Aristizábal e Tuta ou mesmo na adoção definitiva do esquema com três atacantes. “Não canso de dizer que é uma honra para um jogador jovem como eu estar ao lado de dois craques”, diz Alemão, flamenguista quando garoto – e que via o centroavante, seu parceiro de ataque no clássico de sábado contra o Paraná, no Maracanã. “Eu me lembro daquelas finais entre Flamengo e Vasco, e o Tuta sempre jogando bem. Atuar com ele é muito bom”, resume.
A expulsão de Aristizábal é justificada por imagens
O Couto Pereira viu uma das piores arbitragens dos últimos anos em jogos de Campeonato Brasileiro. O mineiro Álvaro Azeredo Quelhas enrolou-se e deixou Grêmio e Coritiba reféns de seu trabalho. Para os gaúchos, entretanto, havia um ?salvo-conduto?, liberando-os para bater à vontade. O clímax da partida aconteceu no final do primeiro tempo, quando Baloy acertou Alemão duas vezes – com um encontrão e com um tabefe nas costas. A confusão foi generalizada, e ao final dela o zagueiro panamenho e Aristizábal foram expulsos.
As imagens das emissoras de TV e o relato de quem estava próximo permitem a reconstituição dos fatos. Após as agressões de Baloy, Ari foi para cima do gremista, e já ali discutiu com Cocito. O ex-atleticano irritou-se, mas a briga do colombiano foi com Léo Inácio (por coincidência, ex-jogador do Coritiba), com quem trocou tapas e pontapés. Assim, a expulsão do atacante foi correta, mas faltou a exclusão do lateral gaúcho.
Mas Aristizábal ficou possesso, de uma maneira pouco vista na sua carreira – faceta que não era conhecida nesse período no Alto da Glória. Em conversas com repórteres, o jogador disse que o assistente Marco Antônio Martins informaria ao árbitro que ele não tinha participado da contenda, o que acabou não acontecendo. Daí tamanha irritação.