Pode anotar essa data: 7 de maio de 2016. De qualquer forma, aconteça o que acontecer, a história do futebol paranaense estará sendo escrita neste domingo (8). E não é uma nota de pé de página, mas sim um dos capítulos mais importantes da maior rivalidade do nosso esporte. Quando Coritiba e Atlético começarem a decisão do Campeonato Paranaense, às 16h, no Couto Pereira, estarão a duas horas de uma façanha que os netos dos 35 mil torcedores que deverão estar no estádio vão saber quando seus avôs começarem a falar “eu estava lá quando…”.
Claro que só o simples (simples? Que nada! O grande) fato de conquistar o título estadual já seria um motivo suficiente para contar a história. Quem não quer chegar para um filho, sobrinho, neto ou bisneto e dizer que viu o time da família ganhar um campeonato, levantar uma taça. Da mesma forma para quem estiver em campo. Pergunte a qualquer um dos capitães dos últimos títulos da dupla Atletiba (Alex, Pereira, Luís Carlos Goiano, Marcão) qual é o tamanho da emoção de levantar a taça diante dos seus torcedores.
Mas não é apenas isso – que já é uma grande coisa. Para o Atlético, que joga fora de casa mas leva ao Couto Pereira uma gigantesca vantagem de três gols, significa carimbar o estádio do maior rival pela primeira vez em 26 anos, pela primeira vez neste século. Quando o Furacão foi campeão pela última vez no Alto da Glória, mais da metade dos jogadores do elenco sequer havia nascido. Titulares como Sidcley, Otávio, Hernani, Jadson, Ewandro e Marcos Guilherme não eram nem projeto quando Marolla, Odemílson, Heraldo, Carlinhos, Gilberto Costa, André e o carrasco Dirceu saíram do estádio com a taça na mão.
E para chegar a essa marca histórica, o Furacão deu um enorme passo no último domingo (1). A vitória por 3×0, com um segundo tempo irresistível, coloca os visitantes com uma frente considerável. O Atlético pode perder por dois gols de diferença, além dos naturais empate e vitória, para conquistar o título estadual. É uma vantagem que nunca foi recuperada pelo time derrotado em 102 edições do Campeonato Paranaense. Por isso, é grande a possibilidade de festa rubro-negra após sete anos sem dar volta olímpica.
E é justamente aí que começaria o capítulo da maior virada da história do Coritiba. E de um dos maiores jogos que o Couto Pereira já viu. Marcar três gols e levar a decisão para os pênaltis, ou conseguir quatro gols de diferença e conquistar o título no tempo normal fariam o Paranaense de 2016 entrar na galeria das conquistas mais importantes do clube mais antigo do Estado. Para o torcedor, talvez ficasse como a maior vitória que eles já viram – pela vantagem, pela recuperação, pelo título, pelo rival.
Mas não é nada fácil. A história, como vimos, conspira contra. E o último 3×0 do Coxa sobre o Furacão no Couto Pereira é aquele de 1995, que garantiu o acesso para a Série A (o último mesmo é de 2011, que valeu por sinal o Paranaense, mas na Arena). E será preciso um jogo quase perfeito, da mesma forma que o rival conseguiu no domingo passado, para escalar essa montanha de vantagem rubro-negra.
Do lado de quem está na frente, há muita cautela. “Temos vantagem, mas isso n&ati,lde;o significa nada”, resume Pablo, um dos destaques do primeiro jogo.
Do lado de quem precisa virar, há muita vontade. “O torcedor vai ver esse time suando sangue”, avisa o técnico Gilson Kleina, um dos mais criticados no primeiro jogo.
Quando Edivaldo Elias da Silva apitar o final de mais um Atletiba sensacional (isso se a decisão não for para os pênaltis…), apenas um lado irá sorrir. Mas todos serão participantes, em campo ou nas arquibancadas, de um dia histórico para o futebol paranaense.