Apesar de ser considerada extremamente exigente, a torcida corintiana sempre pediu algo simples aos jogadores do time: representar, em campo, quem está na arquibancada. Talvez por isso seja possível perceber entre os ídolos do clube alguns atletas que nunca foram reconhecidos pela qualidade técnica, habilidade ou gols marcados, mas sim pela raça e por jogar com a vontade que seria demonstrada pelos torcedores se eles pudessem entrar no gramado.

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Talvez o primeiro a conquistar os corintianos por sua determinação tenha sido Idário. Apelidado de “Deus da Raça”, o médio-direito atuou por dez anos com a camisa do clube e era um dos mais queridos pela Fiel nos anos 50. Zé Maria, alguns anos mais tarde, seguiu seu exemplo. Também atuando pelo lado direito do campo, o lateral ficou conhecido como “Super Zé”, devido ao seu vigor físico.

Ainda durante a “Democracia Corintiana”, no início dos anos 80, o meio-campista Biro-Biro se consagrou com seu estilo de pouca técnica, mas muita disposição, que conquistou a torcida. Sempre disposto a ajudar, o jogador chegou a atuar em todas as posições do campo, exceto no gol.

De baixo das traves corintianas, aliás, jogou Ronaldo. Titular do gol corintiano por dez anos, entre 1988 e 1997, ele viveu um caso de amor e ódio com a torcida, graças à suas grandes defesas, que contrastavam com seu temperamento explosivo.

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Além de jogadores voluntariosos, a torcida corintiana sempre gostou daqueles que eram decisivos, que cresciam e apareciam nos momentos mais complicados. O que teria sido da história do clube se não fosse o gol de Basílio, que encerrou um jejum de títulos que durava quase 23 anos, na final do Paulista de 1977? O chute do jogador, que havia sido contratado para ser o substituto de Rivellino, libertou o grito de toda uma geração de corintianos.

Pouco mais de dez anos depois, outros dois atacantes ficaram marcados por terem feito gols decisivos. Em seu segundo jogo como profissional, Viola marcou o gol que deu o título paulista de 1988 ao clube. Já Tupãzinho estava na hora certa e no lugar certo para garantir a conquista do Brasileiro de 1990, primeiro da história corintiana.

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Os que mais marcaram, no entanto, foram aqueles ídolos que aliavam todas as qualidades que agradam à Fiel. Técnica, habilidade e disposição. Neco, entre 1913 e 1930, e Teleco, de 1934 a 1944, marcaram época com habilidade e capacidade de finalização.

Já na década de 50, um trio ofensivo caiu nas graças da torcida. Baltazar, o “Cabecinha de Ouro”, Luizinho, o “Pequeno Polegar”, e Cláudio, o maior artilheiro da história do Corinthians (306 gols), eram os pilares da equipe que conquistou o último título antes do longo jejum: o do Paulista de 1954.

No maior período de seca da história do clube surgiu aquele que talvez tenha sido o maior ídolo corintiano até hoje. Roberto Rivellino, campeão mundial com a seleção em 1970, nunca conquistou um título de expressão no Corinthians. Mesmo assim, é até hoje venerado pela Fiel, que reconhece a injustiça cometida em 1974, quando o responsabilizou pela perda do Paulista, para o Palmeiras, e fez com que o jogador se transferisse para o Fluminense.

No início da década de 80, apareceram diversos ídolos em um mesmo time. Zé Maria, Wladimir, Biro-Biro e Casagrande. Todos eram venerados pelo torcedor. No entanto, um deles sempre se sobressaiu. Sócrates era um dos líderes da “Democracia Corintiana”. Inteligente dentro e fora de campo, foi determinante na conquista de dois títulos do Paulista, em 1982 e 1983.

No começo dos anos 90, o clube alçou voos mais altos, ao ganhar o título brasileiro. Mas a primeira conquista nacional corintiana não aconteceria se não fosse por Neto. O “Xodó da Fiel” foi decisivo com sua categoria e precisão nas bolas paradas. O desempenho naquele campeonato é lembrado até hoje e fez com que o jogador recebesse, em votação online realizada pela Câmara Municipal de São Paulo, o título de “Craque Inesquecível” do Corinthians.

Ao fim da “era Neto” foi contratado aquele que é o mais vitorioso jogador da história do Corinthians. Entre polêmicas dentro e fora de campo, Marcelinho Carioca conquistou a torcida com seus passes, chutes e lançamentos. Sempre demonstrando vontade de defender a camisa que, segundo ele, era sua “segunda pele”, foi decisivo na conquista de dois títulos do Brasileiro, um da Copa do Brasil, quatro do Paulista e um do Mundial.

Com os jogadores permanecendo cada vez menos tempo em um mesmo clube, a relação entre ídolos e torcida mudou. Passaram a ser idolatrados não só aqueles que marcavam época, mas também os que se destacavam mesmo que fosse por um curto espaço de tempo.

Tevez e Ronaldo estão entre estes casos. O primeiro veio jovem, mas já consagrado, do Boca Juniors. Com muita raça, gols e polêmicas, o atacante argentino destacou-se no Brasileiro de 2005, quando foi campeão e caiu nas graças da Fiel. Logo depois, porém, foi embora para o futebol inglês.

Sem o preparo físico de antes, Ronaldo chegou ao clube com desconfiança. Mas, com muito poder de superação, surpreendeu a todos mais uma vez, levando o Corinthians aos títulos do Paulistão e da Copa do Brasil em 2009. Ele ainda conta com a confiança dos torcedores e, mesmo sem conseguir repetir as atuações do ano passado, é capaz de lotar o Pacaembu só com a sua presença em campo.