O Coritiba fechou de forma melancólica uma rodada trágica para o futebol paranaense. Vítima da inoperância ofensiva e de seguidas falhas na retaguarda, o Alviverde tomou três gols em cinco minutos e acabou goleado por 4 x 1 pelo São Paulo, perdendo assim a chance de aproximar-se do pelotão de frente do Brasileiro. Um presente de grego à maioria esmagadora dos 18 mil torcedores, que desafiaram o tempo chuvoso e acabaram gritando ?olé? para os adversários e ?segunda divisão? ao final da partida.
O destino poderia ter sido alterado aos 7 minutos, depois que Caio fintou Lugano e foi derrubado na área – o próprio uruguaio admitiria a falta mais tarde. Mas Renaldo, que por um bom tempo cultivou a fama de nunca ter errado um pênalti, chutou para fora e desperdiçou a terceira cobrança consecutiva – pelo Paraná, ele perdeu duas no jogo contra o Figueirense.
Se o especialista coxa-branca falhou, o do São Paulo converteu. Vágner fez pênalti desnecessário em Lugano e Rogério Ceni cobrou bem, fazendo 1 x 0, aos 20 minutos.
O gol não desmotivou o Coxa, que seguiu dominando as ações no meio-campo. Com a disposição que Cuca havia cobrado, o Alviverde marcava bem e buscava o gol com tabelas pelo meio – Caio era quem mais incomodava a defesa são-paulina. A superioridade resultou no gol de empate, com Capixaba, aos 38.
No segundo tempo, entrou em campo a famosa irregularidade alviverde. Na ânsia de empatar o jogo, o time abriu sua retaguarda, especialmente no lado esquerdo. Por ali, o Tricolor paulista usava Cicinho para atacar e contra-atacar com liberdade. Na ofensiva, Caio perdeu o gás e Renaldo começou a errar passes em demasia. Cuca tentou consertar, lançando Peabiru, Alcimar e Souza.
As mudanças só trouxeram algum efeito defensivamente. O jogo ficou feio, truncado, cheio de erros e escasso em lances de emoção.
Quando o lateral Fábio Santos, do São Paulo, foi expulso aos 29 minutos, o torcedor coxa imaginou que seu time pudesse evoluir.
Ledo engano: aos 35, a zaga cochilou e o sumido Christian apareceu para fazer, de cabeça, São Paulo 2 x 1.
O gol desnorteou o Coxa, que partiu para frente sem a menor organização. Como resultado, contragolpes para o São Paulo, que ampliou com Hernanes, aos 38, e Cicinho, aos 40, e poderia ter feito outros, mesmo com um jogador a menos. Um vexame que irritou a torcida, cansada de ver um time que não engrena.
Torcida aplaude e grita ?segunda divisão?
A reação irônica da torcida coxa, que aplaudiu o time após o apito final, foi uma das cenas mais marcantes da goleada sofrida para o São Paulo. Exemplo claro de descontentamento com a fase da equipe, que desde o ano passado não passa de colocações intermediárias no Brasileirão. ?Se ganhássemos estaríamos no páreo, mas não saímos dessa zona do agrião. Nem sobe nem desce. Perder de quatro foi um desastre, mas não dá para desesperar?, falou o presidente Giovani Gionédis, que criticou os torcedores mais inconformados que gritaram ?segunda divisão?. ?Isso não tem cabimento. Que estes fiquem em casa?, desabafou, repetindo que o clube não trará reforços por já ter um elenco numeroso.
O técnico Cuca considerou o jogo equilibrado até os 35 minutos do segundo tempo. ?Erramos em fazer a falta sem necessidade e em perder a bola para o Christian, mesmo com dois na marcação?, falou, sobre o segundo gol são-paulino. A partir daí o time se desestruturou emocional e taticamente, de acordo com Cuca.
?Foi uma ducha fria. Uma ninhada de cinco ou seis ia para frente, perdia a bola e tomava o gol. E ainda cometemos erros infantis, como no quarto gol. Pelos últimos dez minutos, merecemos a goleada.?
O treinador criticou ainda certo relaxamento da equipe após a expulsão de Fábio Santos. ?Por ter um a mais,
o time não manteve a força na marcação. Demos o contragolpe, tudo o que não se pode dar ao São Paulo?, disse, afirmando ainda que repetiria as alterações efetuadas. ?Fechamos o lado esquerdo da defesa e tentamos novo gás no ataque. Se faz o gol, as mexidas seriam bem feitas. Como tomamos quatro, temos que assimilar que elas não deram certo?, avaliou.
Domingo, o Coxa volta a atuar no Couto. O adversário é o líder Fluminense, em jogo patrocinado pela multinacional Nestlé.
Campeonato Brasileiro
Súmula
Gols: Rogério Ceni (20-1º), Capixaba (38-1º), Christian (35-2º), Hernanes (38-2º) e Cicinho (40-2º)
Local: Couto Pereira
Árbitro: Alício Pena Júnior (FIFA-MG)
Assistentes: Marco Antônio Martins (FIFA-MG) e Guilherme Dias Camilo (MG)
Cartões amarelos: Lugano e Cicinho (SP), Vagner e Marcelo Peabiru (C)
Expulsão: Fábio Santos (29-2º)
Público: 16.979 pagantes (Total: 18.213)
Renda: R$ 131.505,00
Coritiba – Douglas; James, Flávio, Vágner e Ricardinho (Souza); Reginaldo Nascimento, Peruíbe, Luís Carlos Capixaba e Jackson; Caio (Alcimar) e Renaldo (Marcelo Peabiru). Técnico: Cuca
São Paulo – Rogério Ceni; Cicinho, Edcarlos, Lugano e Richarlyson (Fábio Santos); Renan (Souza), Josué, Mineiro e Danilo; Diego Tardelli (Hernanes) e Christian. Técnico: Paulo Autuori