A Arena da Baixada quase sempre cheia, assim como o Couto Pereira, após o retorno do Coritiba ao seu estádio, são exceções no futebol paranaense. Levantamento feito pelo Paraná Online mostra que nas competições promovidas pela Federação Paranaense de Futebol – leia-se Campeonato Paranaense, Divisão de Acesso e Terceirona – a torcida tem passado longe dos estádios. De todas as partidas disputadas até aqui, nas três divisões da FPF, em 60% delas (segundo análise dos borderôs) o público foi inferior a mil pagantes.

continua após a publicidade

Pior: em 47% dos jogos, a renda não foi sequer suficiente para pagar as despesas recorrentes de uma partida, como taxas de arbitragem e custo para abrir o estádio. Nesta temporada, o levantamento constatou também que houve um recorde de jogos sem torcida. Foram 16 com público zero, sendo 13 na Terceira Divisão e 3 na Divisão de Acesso, o que equivale a 6,5% de todas as partidas sob a jurisdição da FPF. Percentual bem superior aos jogos de grande público no futebol paranaense – aqueles acima de 15 mil pagantes -, que foram apenas 3 na temporada 2010.

Os três jogos que tiveram público acima de 15 mil pessoas eram clássicos envolvendo o Trio de Ferro da capital – Atlético, Coritiba e Paraná Clube. Por isso, pelo que o Paraná Online apurou, “bom público” no futebol paranaense é quando uma partida consegue atrair de 2 mil a 3 mil pagantes. Haja vista que em 84% dos jogos disputados nesta temporada, em competições da FPF – frise-se -, o número de pagantes variou de zero a 3 mil. Coincidentemente, a média de público da Primeira Divisão estadual, disputada de janeiro a maio, foi de 2.720 pagantes.

De acordo com o professor Luiz Carlos Ribeiro, coordenador do Núcleo Futebol & Sociedade da Universidade Federal do Paraná (UFPR), esse panorama só poderá ser mudado quando houver planejamento e estrutura entre os participantes do Estadual. “No momento, o que se tem verificado é o contrário: os clubes, desde os grandes da capital até os pequenos clubes do interior, vêm somando derrotas esportivas e, por conseguinte, não conseguem agregar novos adeptos”, destaca.

continua após a publicidade

Outra explicação talvez esteja no número de estádios interditados. A emblemática invasão de torcedores ao gramado do Couto Pereira, em dezembro de 2009, rendeu ao Coritiba o castigo de ficar quase três meses mandando jogos fora de casa. Atuando no Caranguejão e na Vila Capanema, o Coxa teve prejuízo em todas as partidas – entre elas, o clássico Paratiba, em Paranaguá. No interior, por veto da FPF, três clubes da elite também precisaram jogar fora de seus domínios. O Engenheiro Beltrão atuou em Paranavaí e em Rolândia. Já o Cianorte chegou a mandar jogo em Toledo, enquanto o Operário de Ponta Grossa atuou em Curitiba.

Seja por estádios que não oferecem condições, fórmulas desinteressantes de disputa ou clubes que não conseguem montar times atraentes, o certo é que o levantamento feito sob a luz fria dos números mostra que algo precisa mudar a partir de 2011 no futebol paranaense. Caso nada seja modificado, os dados também apontam para uma triste realidade: ou a torcida volta aos estádios ou as competições da FPF não terão mais EPDs (Entidades de Práticas Desportivas), mas sim massas falidas de futebol.

continua após a publicidade