São Paulo – No final de outubro do ano passado, quando anunciou a efetivação de Juninho Fonseca como técnico do Corinthians após a batida em retirada de Júnior, atual diretor-técnico do Flamengo, o vice-presidente de Futebol, Antônio Roque Citadini, alegou que a intenção era evitar dar o comando do time “aos mesmos de sempre??. Queria alguém novo, que ajudasse a implantar uma filosofia nova. Menos de quatro meses depois, Citadini e seus pares de diretoria mandaram Juninho e a nova filosofia às favas e deram a um velho conhecido, Oswaldo de Oliveira, a missão de tentar tirar a equipe do buraco. O dirigente utilizou uma das surradas fórmulas do futebol brasileiro: em momentos de crise, o melhor negócio é esquecer as experiências e apelar aos experientes.
Os cartolas corintianos não foram os únicos do futebol brasileiro a interromper a trajetória de treinadores novatos, que sonham em um dia se consolidarem como profissionais. No final do ano passado, seus colegas de três outros clubes fizeram a mesma coisa.
O São Paulo não quis saber de manter Roberto Rojas após o brasileiro, mesmo tendo ele alcançado o objetivo traçado pela diretoria, que era o de levar o time à Taça Libertadores. Preferiu trocá-lo por Cuca, que não é lá muito experiente, mas tem bem mais tempo de estrada.
No Rio, o Fluminense trocou o novato Renato Gaúcho (sim, novato, pois sua experiência se resume a uma rápida passagem pelo Madureira e pouco mais de um ano no comando do Tricolor, nas duas vezes em que lá esteve) pelo rodado Valdyr Espinosa. E não contou nem o fato de Renato, com um time fraquíssimo em mãos, ter ajudado a evitar um novo rebaixamento do Flu. Os dirigentes reforçaram a equipe, mas a entregaram a Espinosa. Eurico Miranda fez o mesmo no Vasco. Trocou Mauro Galvão, que penou com o time no brasileiro, pelo experiente Geninho.
Juninho, ao ter sua degola finalmente confirmada no início desta semana, não escondeu a desilusão. Renato Gaúcho também esperava estar hoje à frente do Fluminense. Tanto que, quando o time passava sufoco no brasileiro, chegou a declarar que “em 2004, tudo será diferente??. Está sendo mesmo.
“Eu pedi a ele para livrar o Fluminense do rebaixamento. Ele conseguiu realizar sua missão. Porém, estamos analisando outra opção, já que a filosofia de trabalho será outra??, disse o presidente David Fischel em dezembro, durante o processo de fritura de Renato, a quem já havia demitido no meio do campeonato (trocou-o pelo experiente Joel Santana, que só fez perder jogos) para depois trazer de volta como salvador.
Conformado também está Roberto Rojas, que pegou o rojão quando Oswaldo de Oliveira (o mesmo que hoje está no Corinthians!) foi tirado do São Paulo. Preparador de goleiros, o chileno, no início, não se empolgou muito com o “cargo de treinador??. Mas, com o tempo, foi tomando gosto pela coisa e chegou até a sonhar em ser efetivado. Não foi e restou-lhe sair com “a consciência do dever cumprido??.
Títulos Geninho tem, inclusive um brasileiro (pelo Atlético-PR em 2001) e um paulista (com o Corinthians, no ano passado). Esse foi um dos itens que Eurico Miranda levou em conta ao contratá-lo para o Vasco, em lugar de Mauro Galvão, outro ex-jogador que, ao assumir o comando do time em julho passado, iniciava sua primeira experiência como técnico.