Depois de um longo período a serviço da Olimpíada e da Paralimpíada, finalmente o Maracanã vai ser devolvido neste domingo de maneira definitiva ao futebol. E, no reencontro do estádio com o esporte que justifica a sua construção, estará em campo o time que tem boa parte de sua história profundamente ligada a ele. O Flamengo enfrenta o Corinthians, às 17 horas, naquele que a diretoria do clube espera que seja o primeiro de muitos jogos em sua “casa”. Os rubro-negros têm planos de administrar a arena.
Mas a gestão do Maracanã é coisa para o futuro. Neste domingo, o Flamengo, que volta a jogar no local após 322 dias, quer aproveitar a atmosfera de um estádio lotado para empurrar o time na busca pelo título do Campeonato Brasileiro, além de conseguir um considerável incremento de caixa com a bilheteria.
A casa estará cheia. Todos os 54.424 ingressos colocados à venda estão esgotados e a expectativa é de que o público total fique próximo a 70 mil pessoas, já que 15 mil ingressos foram reservados para quem tem direito à entrada livre.
O ingresso mais barato para a torcida em geral custava R$ 80 e o mais caro saía pelo dobro. Apesar de haver a possibilidade de meia-entrada, os valores praticados são bem acima da média cobrada pelo clube ao longo da competição – o tíquete médio do Flamengo no Brasileirão custa R$ 58. A tendência é de recorde de renda e de público.
O clube também acabou se aproveitando, ainda que indiretamente, do imbróglio envolvendo a concessão do estádio. O Consórcio Maracanã, que quer devolver a administração da arena para o Estado do Rio de Janeiro, fez acordo com o Flamengo e “alugou” o estádio por R$ 100 mil. Toda a operação do jogo ficará a cargo do clube, que levará toda a renda da partida – descontados os encargos normais e alguma eventual penhora judicial.
A situação nesta reta final de Brasileirão é bem diferente daquela vivida pelo clube no início do campeonato. Com o Maracanã e o Engenhão cedidos ao Comitê Rio-2016, o Flamengo não jogou uma única partida como mandante na capital fluminense. Nos três primeiros jogos, atuou em Volta Redonda, no interior do Estado, e o saldo final foi de prejuízo de R$ 80 mil.
Depois, o Flamengo começou uma peregrinação pelo País. O clube mandou jogos no Distrito Federal, no Rio Grande do Norte, no Espírito Santo e em São Paulo. Em cada um deles, o acordo era diferente: em Brasília, a operação era compartilhada com o governo do Distrito Federal, assim como a renda. Em Natal e em Cariacica (ES), o clube atuou com quota fixa que girava próxima dos R$ 500 mil. Em São Paulo, alugou o Pacaembu por R$ 72 mil cada jogo e ficou com a renda.
Agora, o clube finalmente vai ser dono da bilheteria. E justamente em seu melhor momento no campeonato: é vice-líder do Brasileirão, a quatro pontos do Palmeiras (60 a 64).
OBRAS – Palco das cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, o Maracanã está sob gestão do Comitê Rio-2016 até o próximo dia 30. A entidade que organizou os Jogos do Rio assumiu a arena no início de março.
Desde então, o estádio sediou apenas dois jogos entre clubes – as partidas finais do Campeonato Carioca, em maio, entre Botafogo e Vasco – e três jogos do torneio olímpico de futebol, incluindo a final masculina, entre Brasil e Alemanha, que deu a inédita medalha de ouro aos brasileiros.
As cerimônias acabaram por danificar o gramado, que precisou ser todo trocado em pouco mais de 40 dias. Mesmo assim, o campo está em boas condições de jogo, asseguram os administradores do Maracanã. Na última quinta-feira, operários finalizaram a pintura do gramado e colocaram as traves.
As cadeiras do estádio, muitas delas retiradas para ampliar as tribunas de imprensa ou para colocação do palco usado nas cerimônias, foram recolocadas. Assim, o Maracanã estava quase pronto para o jogo. Faltava apenas o público. Na tarde deste domingo, não faltará mais nada.