O Paraná Clube, como outro qualquer time do futebol brasileiro, tem relações com a torcida organizada. Atualmente, a Fúria Independente tem colaborado com o time do coração financeiramente e até com dicas para o clube deixar a crise gigantesca de lado.
Ano passado, a organizada estampou sua marca no uniforme da equipe em três jogos, contra Sport, Guaratinguetá e São Caetano. A iniciativa da torcida foi inédita no Brasil e totalizou R$ 75 mil em patrocínio. Além disto, a Fúria entregou na festa de vinte anos de fundação um cheque no valor de R$ 200 mil. Segundo os diretores da torcida, o valor veio através da venda de material (como camisas, calções, bonés, chinelo e outros produtos), da inscrição para se tornar sócio (R$ 20), mensalidades (R$ 10) e iniciativas, como rifas e viagens.
Em 2014, surgiu o projeto de repassar aos cofres do time, royalties pela utilização da marca Paraná Clube. Isto se dará através de uma nova coleção de vinte produtos da organizada que já está confeccionada – como o moletom careca masculino. A última notícia envolvendo a Fúria Independente ocorreu na semana passada. Em nota no site, a organizada pede que a sede social da Kennedy seja vendida para quitar as dívidas que o clube possui.
Em contrapartida, imagina-se que ocorra uma troca de favores. Nos últimos anos, a diretoria cedia ingressos para o grupo, mas isto não ocorre atualmente. “Faz mais de um ano que encerramos esta situação e tratamos a organizada como parceiros. Eles são sócios e trazem receita ao clube. Temos respeito pela Fúria Independente e fizemos reuniões formais pensando no bem do clube e do time”, relatou Celso Bittencourt, vice-presidente de futebol do Paraná.
Existe a possibilidade de a torcida pedir o auxílio do clube em viagens. Em jogos com grande apelo e grande volume de torcedores, pode acontecer de o clube ajudar na locação do transporte. “Se colocarmos dez ônibus, a diretoria ajuda com três. O objetivo é diminuir o custo de todos e lotarmos o nosso espaço. Quanto ao fim da cortesia do ingresso, fizemos um acordo com a direção e temos muita gente associada com o clube e que também fazem parte da Fúria”, explicou João Luis Carvalho, vice-presidente da Fúria Independente. Vale ressaltar, com a provável mudança no estatuto em agosto, pela Assembleia Geral, todos os sócios-torcedores terão direito a voto e com chances de compor o conselho ou até a diretoria.
Os atletas do Paraná respeitam esta harmonia entre clube/torcida. Contudo, o receio de uma confusão é uma preocupação. “Tem seu ponto positivo e percebo mudanças. Elas querem ajudar os clubes com algumas reivindicações pensando no bem. Eu acompanhei nos últimos dias, a carta da torcida e assim como os jogadores, a união destes fatores só irá ajudar. O perigo desta relação são as brigas, mas aqui no Paraná não aconteceu isto e espero que não ocorra até o final do ano”, disse o zagueiro Anderson Rosa.