Furacão vence e deixa Paraná em situação delicada

O desespero pairava nos dois lados, mas agora só um segue carregando esta cruz. Vencedor do clássico de ontem por 2 a 1, o Atlético ainda não sente-se confortável, mas respira aliviado após o enorme salto de 6 colocações – agora é o 11.º colocado do Brasileirão. Derrotado, o Paraná Clube caiu mais um degrau (está na 18.ª e antepenúltima posição) e vê a ameaça de rebaixamento cada vez mais viva.

Se já era tenso e envolveu polêmica durante a semana, o clássico ganhou contornos dramáticos depois da vitória do Náutico sobre o Sport, que colocou o Atlético ao lado do Paraná na zona da degola. Mas ao contrário do que poderia se prever, a partida foi aberta, de poucas faltas e alto nível técnico.

O bom futebol deveu-se mais ao Atlético, e especialmente no 1.º tempo, quando teve claro predomínio. Desde os 2 minutos de jogo, o Furacão sufocou o rival, criando chances sucessivas, principalmente com Ferreira e Jancarlos pelo lado direito. Marcelo Ramos, outro com boa atuação, quase balançou a rede duas vezes antes dos 10 minutos.

A direita do ataque realmente era o caminho das pedras: Jancarlos recebeu de Ferreira, cruzou e encontrou Marcelo Ramos livre no segundo pau. O cabeceio bateu na barriga do mal-posicionado Neguete e entrou – foi o gol número 400 na carreira do atacante, o primeiro com a camisa rubro-negra.

Não demorou 2 minutos e o Tricolor, que só havia assustado numa cabeçada perigosa de Josiel, igualou tudo. Numa falta cobrada por Araújo da intermediária, o mesmo Neguete voou bonito e Viáfara tocou na bola, mas sem conseguir evitar o empate.

O gol pareceu ter provocado ligeira pane na retaguarda rubro-negra, que só não entregou o ouro por causa de Carlos Eugênio Simon. Aos 27 minutos, Rogério Correa chegou atrasado e derrubou Everton na área, mas o árbitro gaúcho nada marcou, para desespero dos paranistas.

Aos poucos, o Furacão retomou a superioridade em campo. Desarticulado no setor defensivo, o Tricolor deixava espaços para que Ferreira criasse jogadas perigosas na entrada da área. Como se não bastasse, a defesa paranista ainda deu uma senhora mãozinha ao colombiano: o mesmo Neguete, que havia se redimido ao marcar o gol de empate, voltou a ser vilão, perdendo bola dominada na defesa. Esperto, Ferreira só rolou para Marcelo Ramos fuzilar Flávio: 2 a 1, placar que poderia ser mais dilatado no 1.º tempo se o Atlético aproveitasse outras oportunidades criadas.

Equilíbrio

Na 2.ª etapa, o ritmo do jogo foi outro e o equilíbrio prevaleceu. Primeiro porque o Atlético reduziu o ímpeto ofensivo – Marcelo Ramos cansou, Ferreira, o melhor em campo, ficou desacompanhado e os alas subiram com menos freqüência. Depois, o Paraná evoluiu com as mexidas táticas de Lori Sandri, especialmente a troca de um zagueiro (Nem) por um meia (Batista).

Se por um lado deixou de ser pressionado e teve a bola mais tempo em seu poder, o Tricolor ainda não era objetivo ofensivamente – Everton estava sumido, os laterais não faziam grande partida e o goleador Josiel, quando apareceu, isolou uma bola na frente de Viáfara, perdendo a maior chance de empate. Embora mais precavido, o Atlético não abdicou do ataque e também teve chances de ampliar. Só nos últimos 10 minutos, o Paraná exerceu certa pressão, mas o Rubro-Negro segurou-se e comemorou a rodada perfeita: afastou-se um pouco do rebolo e afundou o rival na lama.

Ordem agora é ganhar todos os jogos em casa

Valquir Aureliano
Nervos à flor da pele: o goleiro Flávio parte pra cima de Ferreira, depois de um lance de jogo.

Ineficiente fora de casa, o Paraná Clube se apega à Vila Capanema para espantar a ameaça que já vai ficando desesperadora. O técnico Lori Sandri já inicia mobilização para que o fator campo tire o Tricolor da zona de rebaixamento.

A derrota de ontem foi a sétima consecutiva do Paraná como visitante. Diante desse retrospecto, o clube conta com vitórias nos cinco jogos em casa para conquistar os 15 pontos que, na matemática tricolor, devem ser suficientes para garantir a permanência na Série A em 2008. ?Temos que nos socorrer nestas partidas em casa, que vão determinar nossa sorte no campeonato. É preciso encará-las como cinco finais da Copa do Mundo?, falou o técnico.

O zagueiro Nem, que perdeu a invencibilidade que dizia ter diante do Atlético, prometeu melhores dias aos tricolores. ?Eles têm nos acompanhado, apesar da fase ruim. Vão encher o estádio contra o Fluminense e está na hora de darmos uma vitória a eles?, afirmou.

Sobre o clássico, Lori reclamou do pênalti não marcado sobre Everton e da demora na reposição de bola por parte dos gandulas da Arena. Mas admitiu a superioridade do Atlético no primeiro tempo, quando o placar foi definido. ?Crescemos muito no segundo tempo, trabalhamos melhor a bola e tivemos duas ótimas chances de marcar. Mas falhamos em dois lances na defesa e num clássico isso é fatal?, falou referindo-se aos erros do zagueiro Neguete nos dois gols atleticanos. ?No geral, ele (Neguete) cumpriu seu papel. Mas os dois lances determinaram o resultado?, lamentou Lori.

O treinador deixou no ar uma possível mudança tática nos próximos jogos – já que o time mais uma vez evoluiu quando passou a atuar no 4-4-2. ?Vamos procurar alternativas durante a semana. Há jogadores que não estão em seu melhor ritmo.?

A primeira ?final da Copa? na Vila Capanema será domingo, às 18h10, diante do Fluminense – partida patrocinada pela empresa Nestlé. Lori não terá nesta partida o goleiro Flávio e o zagueiro Neguete, que levaram o terceiro cartão amarelo. O Tricolor ainda pega em casa Flamengo, Internacional, Goiás e Santos.

14 torcedores dão vitória ao rubro-negro

Por meros 14 pagantes, o clássico entre Atlético e Paraná venceu o desafio informal frente ao jogo Coritiba x Ceará, no sábado. A disputa por quem levava mais gente ao estádio foi criada pelas torcidas da dupla Atletiba, e desencadeada por uma campanha publicitária em que o Coxa provoca o maior rival com a frase ?Falacianos: torcida se mede dentro do estádio?.

Ontem, a Kyocera Arena recebeu 25.096 pagantes, contra 25.084 do jogo do Couto Pereira. Mas os coxas-brancas também têm motivos para se considerarem vencedores do Atletiba virtual: levaram mais torcedores que o Atlético, pois havia no clássico 800 pagantes paranistas, e o público total no sábado foi maior que o de ontem (28.883 contra 26.661).

A disputa, portanto, segue nas próximas rodadas. O Coxa promete arrastar outra multidão no importante duelo de sexta-feira contra o Ipatinga, vice-líder da Série B. Os rubro-negros terão chance de responder no dia 3 de outubro contra o Botafogo, na Arena.

Salto na tabela ainda não é alívio pra Ney Franco

Clewerson Bregenski

Walter Alves
Marcelo Ramos comemora os 400 gols na carreira.

O clima de entusiasmo pela vitória era grande no vestiário rubro-negro, porém Ney Franco fez questão de ressaltar que o clube ainda não se livrou definitivamente da zona de rebaixamento, o objetivo primordial nesta fase do Brasileirão. ?Não podemos nos enganar?, afirmou o treinador, explicando que nesse momento o Atlético está numa situação um pouco mais cômoda, mas nada definitivo. Segundo ele, o time tem crescido de produção e se continuar nesse ritmo pode se afastar da ?degola? e buscar novos horizontes, como uma vaga à Sul-Americana.

A ascensão atleticana com Ney Franco – que continua com 100% de aproveitamento na Arena – é creditada a uma nova postura da equipe, não somente em campo, mas em treinamentos e no dia-a-dia. ?O resultado tem muito do coletivo. Os jogadores (titulares e reservas) estão se entregando e há o compromisso, entre todos, de terminar a competição numa boa posição?, relatou.

Especificamente sobre o clássico, o comandante rubro-negro disse que sua equipe foi superior no 1.º tempo e equilibrado na etapa final. ?Foi um jogo bem disputado com várias técnicas e táticas bastante interessantes?, resumiu.

O apoio da torcida também mereceu destaque na coletiva. ?Dentro de casa se jogarmos bem, a torcida apóia. E daqui pra frente a Arena vai estar cheia, o que é determinante para ganharmos nossos jogos?, finalizou.

Hoje, os jogadores que não participaram do clássico realizam treinamento coletivo. Para o próximo compromisso, no sábado, contra o Náutico, em Recife, o Atlético estará desfalcado de Netinho, que recebeu o terceiro amarelo. Ramon deve ser seu substituto.

O diretor de futebol, Alberto Maculan, também transbordava alegria pelo resultado. Enalteceu o comportamento da torcida que lotou as dependências da Arena e o incentivo dado durante todo o jogo. Sobre o momento de união vivido atualmente no Rubro-Negro, Maculan ressaltou que ?todo casamento tem uma crise?, mas o importante é que a torcida voltou a comparecer e a união prevaleceu. Perguntado qual a sua influência nesse bom astral do clube disse: ?Deus me deu o dom de unir as pessoas e, com a chegada da nova comissão técnica, houve essa união?, afirmou.

400 gols, com estilo

Clássico é sempre um bom jogo para artilheiro demonstrar seu valor. E Marcelo Ramos não perdeu a oportunidade de revelar o dele. Recém-contratado pelo Furacão, o atacante fez sua segunda partida com a camisa rubro-negra e transformou-se na esperança de gols do clube paranaense para o restante do Brasileirão. Ontem, ele balançou a rede adversária por duas vezes e alcançou no primeiro uma marca pessoal bastante expressiva em sua carreira ao anotar o 400.º gol. Tal feito mereceu uma homenagem da diretoria atleticana, que após a partida lhe presenteou com uma camisa personalizada com o número 400 gravado nas costas. Também ouviu o elogio do presidente do clube, Antônio Fleury ao afirmar que Marcelo ?de hoje em diante faz parte da história do clube?.

O artilheiro agradeceu a oportunidade dada pelo Atlético e disse que espera continuar jogando bem até o final de seu contrato. Destacou a qualidade de seus companheiros de time e que graças a essa integração, sua adaptação tem sido muito rápida. ?Estou muito feliz por ter marcado os dois gols, pois minha função é marcar gols. Já conquistei um dos meus objetivos no ano que era retornar à 1.ª Divisão. Agora é trabalhar mais forte para auxiliar o clube a subir na tabela de classificação?, finalizou.

Segundo o artilheiro, de 34 anos, ao conquistar essa marca histórica, ele alcança a ótima média de 25 gols por ano em sua carreira.

Baixada foi decisiva pra vencer o rival

Rodrigo Feres, especial para a Tribuna do Paraná

Valquir Aureliano
Jogadores foram agradecer à torcida, após o fim da partida.

?O rubro-negro, eu te digo, nessa campanha estarei sempre contigo?. Esse é o lema que a torcida do Atlético pretende seguir em todas as apresentações do clube na Baixada. A mobilização, desde o jogo contra o Palmeiras, e a união entre time, diretoria e torcida, deram mais uma vez um bom resultado para o Furacão. Com o estádio lotado, a torcida rubro-negra provou mais uma vez que contagia o time, e pode sim, ser determinante nas vitórias do Atlético.

A movimentação era intensa e às 16h, torcedores impacientes, aos gritos de ?abre o Caldeirão?, não viam a hora de entrar na Arena. Uma hora antes de o jogo começar todos os lugares já estavam tomados e a Fanáticos, como sempre, comandava a festa. O apoio dos torcedores era incondicional, e a cada lance de ataque do Atlético iam à loucura. Nem mesmo o gol de empate do Paraná foi capaz de esfriar os ânimos da torcida rubro-negra, que continuou incentivando aos gritos de ?Atlético, Atlético? e empurrando o Furacão pra frente. Em uma roubada de bola, Ferreira serviu Marcelo Ramos – 2 a 1, e o Caldeirão ?explodiu? de alegria.

No final da partida, reconhecendo o apoio, os jogadores do rubro-negro foram agradecer aos Fanáticos. ?Quero agradecer a essa torcida maravilhosa, que nos apoiou a todo o instante?, diz Ferreira, um dos craques do jogo. O clima entre os torcedores era de alívio e festa. Entoando as músicas do Atlético, ficaram por mais de 10 minutos comemorando e cantando após o apito do árbitro.

CAMPEONATO BRASILEIRO

27.ª rodada

Atlético-PR 2 x 1 Paraná Clube

Atlético-PR

Viáfara; Rhodolfo, Rogério Correa e Antônio Carlos (Erandir, aos 29 do 2º); Jancarlos, Valencia (Alan Bahia, aos 44 do 2º), Claiton, Netinho e Piauí; Ferreira e Marcelo Ramos. Técnico: Ney Franco

Paraná

Flávio; Neguete, Nem (Batista, aos 14 do 2º) e Luiz Henrique; Araújo (Vandinho, aos 17 do 2º), Rafael Muçamba, Beto, Batista, Éverton e Paulo Rodrigues; Lima (Vinícius Pacheco, intervalo) e Josiel. Técnico: Lori Sandri

Cartões amarelos: Rafael Muçamba, Flávio, Neguete e Nem (P), Netinho e Marcelo Ramos (A)

Gols: Marcelo Ramos (21-1º e 32-1º), Neguete (23-1º)

Local: Joaquim Américo, em Curitiba.

Árbitro: Carlos Eugênio Simon (Fifa-RS).

Assistentes: Márcio Luiz Augusto (SP) e Claudemir Maffessoni (SC).

Público: 25.096 (26.661)

Renda: R$ 400.080

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