A aproximação do meio do ano traz desespero aos torcedores e alegria aos dirigentes ansiosos por sanar as dívidas de seus clubes. É a famigerada janela européia, que nos meses de julho e agosto tradicionalmente tira alguns dos principais destaques dos times brasileiros.
No ano passado, o Brasil bateu novo recorde de transferências ao Exterior: foram 1.176, impressionante média de 3,22 por dia. Destes, 755, ou 64%, tiveram o futebol europeu como destino. E a janela do meio do ano é o período mais efervescente do mercado futebolístico mundial equivalente ao intervalo entre uma temporada e outra na Europa.
Mas o drama depende da ocasião e do ponto de vista. O Cruzeiro já vendeu Ramires ao Benfica (o contrato só pode ser assinado no mês que vem), o Inter corre o risco de perder Nilmar e D’Alessandro, e o São Paulo pode negociar Miranda e Hernandes.
Entre os clubes paranaenses, os principais candidatos a partirem em troca de um punhado de euros são Rhodolfo, Chico e Rafael Moura (Atlético) e Carlinhos Paraíba e Felipe (Coritiba).
Nada que ameace drasticamente o poderio técnico da dupla, e se as negociações saírem o dinheiro será muito benvindo para reformar os elencos nesta fase de vacas magras.
A primeira “vítima” da janela foi o zagueiro rubro-negro Gustavo Lazaretti, emprestado esta semana pelo Rubro-Negro ao Vitória de Guimarães (Portugal) até a metade do ano que vem.
Desde o início da era dos pontos corridos no Brasileirão, aliás, o Atlético tornou-se um dos principais exportadores de pé-de-obra do País. Entre 2003 e 2008, o Furacão mandou ao Exterior 85 jogadores. Somente o Cruzeiro vendeu mais (97).
O número reflete a política do ex-presidente Mario Celso Petraglia, que sustentava a enorme estrutura montada no clube com a venda de jogadores – muitos dos quais sequer rendiam lucro sem jamais terem vestido a camisa rubro-negra.
Os outros clubes de Curitiba negociaram menos. No mesmo período, o Coxa mandou 42 atletas ao Exterior, e o Paraná, 38. Analistas internacionais avaliavam que a perspectiva era de retração no mercado da bola, por causa da crise econômica mundial.
Mesmo assim, o Real Madrid já protagonizou duas das três maiores transações da história ao contratar o brasileiro Kaká (Milan) e o português Cristiano Ronaldo (Manchester United). Assim, os clubes brasileiros seguem contando com os euros para cobrir seus rombos de caixa.