Furacão a um passo de conquistar a América

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Diego foi decisivo até agora. Espera não ter que repetir a performance no Morumbi.

São Paulo – O Atlético está muito próximo de gravar seu nome na história de uma das mais importantes competições do mundo e entrar no seleto clube dos campeões da Copa Libertadores da América. Um feito que o São Paulo já conseguiu duas vezes e que quer repetir novamente. Nenhum deles, no entanto, tem vantagem na partida de hoje, a não ser o fato de o clube paulista jogar em casa. Mesmo assim, o Rubro-Negro vem provando que não perde jogo no grito e garante estar preparado para levar o troféu para a Baixada após o confronto, que está programado para as 21h45, no Morumbi.

Para ser campeão, o Furacão precisa vencer a partida. Seja no tempo normal, na prorrogação ou nos pênaltis por qualquer placar. O mesmo vale para o Tricolor. Ao contrário das fases anteriores, o gol fora de casa não é qualificado e o empate por 1 a 1 no jogo de ida em Porto Alegre manteve as chances iguais para os dois lados. Além do troféu, o campeão garante vaga no Mundial de clubes da Fifa, a ser disputado em dezembro, e um prêmio de US$ 500 mil, que os dirigentes já abriram mão em favor dos jogadores.

Mesmo com as poupudas verdinhas oferecidas pela diretoria atleticana, não é nisso que os jogadores estarão pensando na hora em que pisarem no gramado do Morumbi. A oportunidade de ser eternizar na história do Rubro-Negro, no futebol brasileiro e até internacional está pesando mais nas poucas horas que antecedem a partida. "A oportunidade pode até ser a única de nossas vidas, chegar do jeito que a gente chegou. Então, nós temos que aproveitar da melhor maneira possível", aponta o meia Fabrício.

Para ele, como num passe de mágica, é como sair de frente da tevê e ir para dentro de campo jogar. "Antes a gente falava: ali está jogador de verdade, nós somos todos dublês. Hoje, a gente está disputando uma final e não pode deixar escapar essa chance de ser campeão", projeta. O único problema, além do adversário, é conseguir administrar a ansiedade. "A gente fica desejando que chegue logo a hora desse jogo tão importante. Demora para caramba para chegar, mas eu tenho certeza que vai chegar a hora e nós vamos fazer de tudo para dar alegria a esse povo de Curitiba", promete o atacante Aloísio.

Em caso de conquista, somente na segunda-feira é que os torcedores poderão receber a delegação do Furacão. Sem tempo para comemorações (ou lamentações), o time segue direto para Belo Horizonte, onde domingo enfrenta o Galo pelo Campeonato Brasileiro, valendo a saída da incômoda lanterna da competição.

Atlético quer "Morumbizaço"

São Paulo – Se para os sãopaulinos perder para o Atlético seria um "Morumbizaço", então é isso mesmo que os jogadores vão buscar. Assim como o Uruguai na Copa de 1950, quando o azarão venceu o favorito numa final que ficou marcada como Maracanazo, o Rubro-Negro quer fazer história e aproveitar os exemplos que ela dá. Além da Celeste, o Furacão também pode repetir o Vélez Sarsfield, que em 1994 conquistou a Copa Libertadores em pleno Morumbi.

"O Vélez serve como exemplo sim. Nós sabemos que temos que nos superar mais uma vez, jogar a 120, 130% porque esse é o jogo da nossa vida", destaca o lateral-esquerdo Marcão. Para ele, o fato do São Paulo não perder desde 1987 em casa pelo torneio internacional é mais um desafio para buscar a vitória. "Fazia tempo que o Santos não perdia na Vila Belmiro, nós fomos lá e conseguimos a vitória", relembra.

Para ele, de qualquer forma, o São Paulo é o favorito ao título. "Sabemos do potencial do time deles, mas nós já mostramos que também temos condições de passar pelos obstáculos e conquistar a vitória", aponta Marcão. Segundo o atacante Aloísio, o adversário tem a obrigação de partir para cima. "Diante da torcida deles, eles terão mais responsabilidade. Mas, eles não terão um Atlético recuado porque nós vamos mostrar desde o início um time guerreiro", analisa o artilheiro.

Apesar do discurso humilde dos jogadores, nas outras partidas a tática foi utilizada e deu certo. "Em todos os jogos, nós não éramos considerados favoritos e fomos mostrando o nosso valor. Agora, mais uma vez, eles são os favoritos, mas nós sabemos que podemos chegar lá e vencer também", diz o goleiro Diego.

Apesar da chegada da delegação atleticana na superpovoada São Paulo, não havia torcedores do clube no Aeroporto de Congonhas, nem na concentração num hotel na região da Avenida Paulista. Somente a movimentação da imprensa local. Com apenas dois mil ingressos à disposição, a invasão ao Beira-Rio não será repetida e a torcida rubro-negra só será vista no Morumbi.

Lopes só revela time minutos antes do jogo

São Paulo – O esconde-esconde continua e o técnico Antônio Lopes mantém o mistério para a partida de hoje à noite contra o Tricolor paulista. Mais uma vez, ele trabalhou com portões fechados no CT do Caju ontem pela manhã e só vai divulgar a escalação momentos antes da partida. A grande expectativa fica por conta do aproveitamento ou não do meia Evandro, que pode entrar no lugar de Fernandinho ou até mesmo no lugar de Jancarlos.

"O professor pediu para não comentar sobre a parte tática", desconversou o meia Fabrício. Como aluno aplicado, ele e todos os funcionários do CT trataram de esconder ao máximo o jogo da imprensa. A torre de transmissão portátil de uma emissora foi cuidadosamente checada para evitar a gravação de qualquer parte do treino e até as cortinas da sala de imprensa foram fechadas. Tudo em nome do mistério.

Do que escapou da boca dos jogadores, apenas as cobranças de "bola parada". "Estamos treinando muito para colocar em prática na hora do jogo. Treinamos muito as bolas paradas", revelou o lateral-esquerdo Marcão. E não é só cobranças de falta e de escanteios. O time também está preparado para os pênaltis. "É uma possibilidade real e temos que estar bem treinados", disse o goleiro Diego.

Na formação da equipe, pouca coisa deve mudar em relação ao jogo de Porto Alegre. Mal no meio-de-campo, Fernandinho pode ceder o lugar para Evandro ou simplesmente ser deslocado para a lateral-direita. Nesse caso, Marcão ficaria mais preso como um terceiro zagueiro e Fabrício cairia pelo lado esquerdo. O mais provável, no entanto, é que a equipe seja mantida e Evandro fique como opção para a segunda etapa.

Corintianos apostam no Furacão

São Paulo (Gazeta Press) – O assunto do futebol hoje é a grande final da Libertadores, a primeira da história da competição a ser disputada por dois clubes do mesmo país.

Por isso, até os jogadores do Corinthians entraram no clima de decisão e revelaram por quem torcerão no duelo do Morumbi. Baseando suas respostas na amizade por antigos companheiros, o zagueiro Marinho justificou sua escolha: "Vou torcer pelo Atlético e nem poderia ser diferente. Passei um ano lá e fiz muitas amizades, não só com os jogadores, mas com todos os funcionários do clube que não aparecem na imprensa, como roupeiros, porteiros e seguranças".

Vice-campeão brasileiro pelo Furacão no ano passado, Marinho não arriscou um palpite, mas voltou a demonstrar sua torcida pelo rubro-negro paranaense e garantiu que "se o Atlético ficar um gol na frente do São Paulo, para mim está bom".

Quem arriscou um palpite foi o atacante Jô, outro torcedor declarado do Furacão nesta final. "Acho que o Atlético ganha no tempo normal, por 1 a 0." Assim como Marinho, o garoto justificou sua escolha não pela rivalidade corintiana com o time do Morumbi, e sim por amizades com pessoas ligadas ao Furacão.

"O Fernandinho me ajudou muito na seleção sub-20 e falo com ele quase todo dia. Se ele não estivesse lá, até poderia torcer para o São Paulo", desconversou.

O único que ficou em cima do muro foi o zagueiro Betão. Apesar de também ter amigos no clube paranaense, como o volante Cocito, ex-companheiro de Corinthians, Betão optou por torcer pelo bom futebol.

"Não vou torcer para nenhum dos dois e sim para que façam uma boa partida. Que vença o melhor", pregou. Quando questionado sobre quem seria o melhor na sua opinião, voltou a escapar pela tangente. "Na minha opinião, desde que o São Paulo passou pelo Tigres achei que estava com mais qualidade, mas depois do que o Atlético apresentou na primeira final, acho melhor esperar", finalizou, deixando claro que ninguém é favorito.

Rubro-Negro dá bolo na festa da Conmebol

Redação e AE

Os dirigentes do Atlético causaram constrangimento e foram indiretamente chamados de mal-educados por causa do "bolo" que o clube deu ontem na Conmebol e na Toyota. Entidade e empresa marcaram entrevista em que foi anunciada a renovação do acordo de patrocínio da competição por mais dois anos, até 2007. Representantes dos dois clubes que decidem o torneio de 2005 foram convidados, mas os paranaenses, que ainda não engoliram o fato de não terem jogado na Arena da Baixada a primeira partida da final, não apareceram.

Segundo a assessoria de imprensa do Atlético, o clube só foi convidado por e-mail, numa data muito próxima à do evento. Como toda a direção estava envolvida com a logística da delegação em São Paulo, não teria havido tempo hábil para alterar a agenda.

A ausência atrasou o início do evento, irritou Nicolas Leoz, presidente da Conmebol, deixou sem graça o pessoal da montadora japonesa e caiu na medida para nova série de estocadas de Marco Aurélio Cunha, superintendente do São Paulo.

"Vim com muito prazer e, acima de tudo, por educação", disse Cunha, ao ser questionado por um jornalista paranaense sobre a presença do São Paulo no encontro. Ele também rebateu com ironia as afirmações de que o São Paulo já comprou até a cerveja para comemorar o título. "Respeitamos o Atlético e nada está ganho. Cerveja? Nós comemoramos com vinho, que é um pouco superior."

Já Nicolas Leoz demonstrou contrariedade com a ausência dos paranaenses. "Eu não sei por que fulano ou sicrano não estão aqui. E não tem problema nenhum", respondeu irritado.

Leoz sabia que iria ser questionado sobre a não liberação da Arena para o primeiro jogo da final. Disse que a Libertadores tem um regulamento que foi assinado pelos clubes – "e tem de ser cumprido" – e listou nove exemplos de times que também não puderam decidir o torneio em seus estádios porque estes não tinham capacidade para comportar o público mínimo exigido – inclusive o Palmeiras, em 2000; o São Caetano, em 2002; e o Santos, em 2003.

"Se no próximo ano os clubes decidirem que a final pode acontecer, por exemplo, em estádios para 35 mil pessoas, a Conmebol homologa", avisou Nicolas Leoz.

O título mais importante da história

São Paulo (AE) – O título mais importante da história. É isso o que representa a final da Copa Libertadores para São Paulo e Atlético, que se enfrentam às 21h45, no Estádio do Morumbi. Na primeira decisão brasileira do torneio continental, os paulistas tentam a terceira conquista – venceu em 1992 e 1993 -, enquanto os paranaenses buscam o primeiro triunfo.

O objetivo, porém, é bem maior: o campeão da América terá vaga garantida no Mundial de Clubes da Fifa, que ocorre de 11 a 18 de dezembro, no Japão, que reunirá todos os vencedores continentais. "Não é apenas um título que está em jogo, ser campeão da Libertadores valoriza a carreira de qualquer profissional", comentou Paulo Autuori, técnico do São Paulo – ele mesmo, ganhador do torneio em 1997, pelo Cruzeiro.

Como o primeiro duelo, em Porto Alegre, terminou empatado por 1 a 1, se a igualdade persistir, haverá prorrogação de 30 minutos (dois tempos de 15). Se ainda não houver vencedor, o campeão será conhecido na cobrança de pênaltis.

Consagração

A decisão é especial para a carreira do goleiro Rogério Ceni . Aos 32 anos, o capitão do São Paulo está perto de se tornar o jogador que mais defendeu o clube – tem 614 jogos -, fez 52 gols na carreira, mas sabe que a consagração definitiva virá com a conquista da Libertadores. "Para mim, esse título é mais importante do que a Copa do Mundo", afirma. "Foi o São Paulo que me deu a chance de chegar à seleção, tudo o que ganhar pelo meu clube será mais importante."

Rogério tenta, mas não esconde que a obsessão dos torcedores pela Libertadores influencia os jogadores. "É uma mística impressionante", opina. "Graças às primeiras conquistas do São Paulo, os brasileiros perceberam a importância desse título, que pode projetar a imagem dos nossos clubes para todo o mundo", comenta o goleiro.

Autuori exalta a força do conjunto

São Paulo (AE) – Paulo Autuori é um homem de muitas palavras. Mas seu estilo de trabalho e visão do futebol podem ser definidos, segundo ele próprio, com apenas duas: seriedade e competitividade. "O talento é o mais importante no futebol, mas não é suficiente. É preciso aliar a seriedade, a concentração, à habilidade do jogador", explicou o técnico do São Paulo.

Como treinador, ele não se considera dono da verdade. Por isso, ao contrário dos colegas de profissão que se impõem pela personalidade forte, o diálogo é norma no dia a dia de Autuori.

"Vejo a vida de forma solidária. Ninguém está acima do bem e do mal e ninguém é infalível", justificou.

A missão de Autuori no São Paulo não foi tão fácil como pode parecer. Apesar de ter uma base já formada, seu antecessor, Emerson Leão, saiu no meio da Libertadores.

Para o treinador, o principal mérito em uma eventual conquista da Libertadores é a força do conjunto do São Paulo. "Isso ficou claro quando perdemos Cicinho e outros jogadores para a seleção brasileira, além do Grafite, que se machucou. Os substitutos foram bem e conseguimos manter o nível. Isso é conjunto", disse Autuori.

Laterais são as armas dos finalistas

São Paulo (AE) – O São Paulo depende, e muito, de Cicinho e Júnior para derrubar o Atlético na decisão da Libertadores, hoje, no Morumbi. O time paranaense também tem dependência crônica das jogadas laterais para levar a taça. Olhando para o tabuleiro, não é difícil prever que o vencedor será o time que anular os laterais do adversário.

"O São Paulo tem uma jogada muito forte com Cicinho e o Júnior, eles se transformam em verdadeiros atacantes. Não podemos dar espaço aos dois, que criam muitas chances de gol", alertou Antônio Lopes, técnico do Atlético.

Lopes sabe muito bem que deve exercer marcação implacável sobre Cicinho e Júnior. Sabe também que os dois abrem espaços para os volantes Mineiro e Josué chegarem à zona de gol. Sua contrapartida é o recuo dos meias Fabrício e Fernandinho na tentativa de impedir as manobras da dupla são-paulina.

No time paulista, a preocupação é o jogo aéreo do inimigo. O bombardeio começa com Marcão, no setor esquerdo, e Jancarlos, no direito, sempre em direção a Aloísio (1,89 m) e Lima (1,87 m). Os cruzamentos, na maioria das vezes, partem da intermediária, na seqüência dos contra-ataques.

Paulo Autuori, técnico do São Paulo, responde com três zagueiros, todos de boa estatura – Fabão (1,87m), Lugano (1,88m) e Alex (1,89m). Ele até que poderia trocar um zagueiro pelo meia Souza, coadjuvante perfeito para atacar pelo meio, na função que caberia a Mineiro. O técnico só não usa esta alternativa com receio de fragilizar sua bateria antiaérea.

"Eles são muito bons na bola aérea, mas o gol deles saiu de um vacilo nosso", lembrou Autuori – o vacilo foi o escorregão de Fabão antes de Aloísio marcar de cabeça no primeiro jogo da final.

Outro aspecto interessante na decisão é a guerra psicológica. Veterano nas trincheiras do futebol, Antônio Lopes esfregou as mãos ao tomar conhecimento dos preparativos da festa do São Paulo. "Telões, cerveja comprada… tudo isso só motiva ainda mais meus jogadores", comentou o treinador.

Autuori, experiente nos bastidores de finais de campeonatos, alertou para as artimanhas de Antônio Lopes."Tudo o que eles estão dizendo do lado de lá, não é novidade. Em decisões, sempre se usa esse argumento. Não vamos cair nessa armadilha", avisou o comandante do São Paulo.

Morumbi isolado

São Paulo (AE) – "De qualidade". Esse foi o termo utilizado pelo coronel Luiz Fernando Serpa, comandante do 2.º Batalhão de Choque da PM, para definir como será a segurança hoje à noite, no Morumbi.

A principal estratégia da polícia neste sentido é impedir que qualquer pessoa sem ingresso se aproxime do estádio. Assim, os ônibus da torcida paranaense serão acompanhados por viaturas da chegada a São Paulo (a escolta começa no trecho final da Rodovia Régis Bittencourt) até a parada à frente do portão 2 do Morumbi.

São Paulo já tem cobradores de pênaltis

São Paulo (AE) – Rogério Ceni, Júnior, Luizão, Danilo e Amoroso. Esses serão os cinco jogadores escolhidos pelo técnico Paulo Autuori caso o campeão da Libertadores seja decidido nos pênaltis.

Ontem, o treinador segurou os jornalistas por meia hora do lado de fora do CT para que ninguém assistisse às cobranças. Escolheu o gol dos fundos do terreno onde nem as lentes dos cinegrafistas e fotógrafos fossem capazes de chegar.

Os cinco escolhidos tiveram cinco chutes, mas ninguém quis comentar o desempenho do grupo. Danilo confirmou que converteu as cinco penalidades. Rogério Ceni, o cobrador oficial da equipe, desconversou sobre o assunto. "Sou o batedor oficial, mas o treinador ainda não me falou nada. Não sei se vou bater", disse rapidamente.

Recentemente, o goleiro desperdiçou duas cobranças. Uma na goleada sobre o Tigres, nas quartas-de-final da Libertadores, no Morumbi. Outra foi em jogo válido pelo Brasileiro, na derrota para a Ponte Preta, em Campinas.

No ano passado, Rogério Ceni também perdeu um pênalti na derrota por 3 a 2 para o Coritiba, pelo Campeonato Brasileiro. Por coincidência, o resultado culminou com a demissão do técnico Cuca.

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