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Funerária que fez enterro de Chávez faz mutirão por mortos da Chapecoense

Na funerária San Vicente, em Medellín, o estacionamento virou saguão, o turno de trabalho não tem hora para acabar e alguns serviços tiveram de ser encaminhados a outras companhias. A tragédia aérea na Colômbia com o avião da Chapecoense, na última segunda-feira, alterou a rotina da principal empresa do ramo funerário, para onde mais de 50 corpos devem ser levados para serem submetidos a procedimentos de embalsamento.

O Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses de Medellín já reconheceu todos os 71 corpos do acidente ocorrido com a delegação do clube catarinense, que vinha para a Colômbia enfrentar o Atlético Nacional pela primeira partida da final da Copa Sul-Americana. Apenas 17 das vítimas já foram liberadas pelo órgão e encaminhadas principalmente para a funerária San Vicente.

O diretor funeral da empresa, Luis Arango, afirmou que pela alta demanda nos procedimentos de preparação dos corpos para o transporte até os países de origem, foi necessário repassar o serviço. “Tivemos de falar com outras empresas, para que nos fizessem o favor de nos ajudar e receber 20 corpos. Há muito tempo nossa funerária não tinha tanto trabalho, com a chegada de tantas vítimas ao mesmo tempo”, contou.

A San Vicente, fundada há 45 anos, ficou famosa na América do Sul por ter trabalhado em 2013 no funeral do então presidente venezuelano Hugo Chávez. Um dos carros da empresa viajou a Caracas para o enterro e no retorno à Colômbia, ficou preso na imigração por problemas de documentos. Para solucionar a pendência e retornar ao país, foi necessário pedir para um cidadão da Venezuela fazer a compra do veículo.

A funerária conta com 27 funcionários deslocados para os serviços de embalsamento, técnica para conservação, e tanatopraxia, operação para dar melhor aparência aos cadáveres. O expediente tem sido em horário ampliado, incluindo a madrugada. As vítimas demandam mais tempo de trabalho, segundo Arango, por terem ficado muito tempo antes da vinda à funerária.

A empresa improvisou em um dos estacionamentos um saguão para receber parentes e jornalistas e posicionar os caixões, que estão decorados com a bandeira da Chapecoense e a faixa com o nome do falecido. No local, a funerária colocou mesas, cadeiras e um balcão com café e água para os visitantes. Dos familiares dos mortos, somente estiveram no local parentes de bolivianos, país de origem da companhia aérea LaMia.

A funerária conta com cerca de 80 carros. Alguns deles serão utilizados nesta sexta-feira para levar os corpos ao aeroporto, de onde voltarão aos países de origem. “Devemos fazer o traslado dividido em três grupos, com o primeiro por volta das 10h da manhã, o segundo à tarde e o outro, à noite. Alguns veículos que vão fazer o cortejo virão de outras funerárias também”, contou Arango.

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