A torcida do Coritiba viveu um clima de velório domingo no Couto Pereira, com muitas lágrimas pelo rebaixamento alviverde. Mas ontem, foram os atleticanos os responsáveis pelo enterro. Em plena Boca Maldita, no centro de Curitiba, um grupo de cerca de vinte torcedores rubro-negros não perdeu a chance de tirar um sarro da desgraça do rival. Com direito a caixão, padre, viúva e até um sósia do presidente coxa-branca, Giovani Gionédis, os rubro-negros encenaram o sepultamento do rival.
O cortejo fúnebre saiu da Praça Osório por volta das 13h e percorreu, ao som da marcha fúnebre, cerca de 200 metros até a frente do Palácio Avenida, onde uma pequena ?missa? foi improvisada. Tudo em meio a um ambiente de muito bom humor, que contagiou até mesmos os torcedores do Coxa que passavam pelo local. ?Não tem problema nenhum, não. Tem que levar na brincadeira?, dizia o alviverde Gustavo Soares, de 14 anos, que mesmo após o rebaixamento não teve receio de sair de casa com a camisa do Cori. ?Isso que é ser coxa-branca?, declarava.
Sem dar muita bola para a reação dos coritibanos, os rubro-negros se divertiam. Fantasiada de viúva, Milene Szaikowski se debruçava ?aos prantos? sobre o caixão alviverde. ?Ele só me deixou dívidas e muita tristeza. Não queria que fosse cair assim, mas agora é tarde. Que descanse em paz?, ?lamentava? Milene.
Miguel Júnior, 31, que representava o padre, explicava que idéia de fazer o enterro foi inspirada em uma história de quase quatro décadas atrás. ?Em 1967, o Atlético foi rebaixado e os coxas tentaram fazer um enterro aqui mesmo. Mas o Anfrísio Siqueira (ilustre atleticano e conhecido como presidente da Boca Maldita) não deixou. Agora, 38 anos depois, nós viemos aqui para enterrar o Coritiba?, afirmava.
Já para Andreson Quadros da Silva, 22, o funeral alviverde teve gosto de vingança. ?Chegou a hora de eles pagarem pelo que fizeram na final da Libertadores, quando comemoram nossa derrota?, finalizou.
