Leverkusen – A vida tem sido mesmo muito boa com Frederico Chaves Guedes, esse mineiro de Teófilo Otoni que, em menos de quatro anos, saiu do América Mineiro, foi artilheiro no Cruzeiro, virou ídolo no Lyon, da França, e já entrou para a história da seleção brasileira. Ele marcou seu primeiro gol em Copa do Mundo – o segundo do Brasil na vitória contra a Austrália por 2 a 0 – em sua primeira partida oficial com a camisa amarela.
Mas pelo menos uma graça, diga-se, não lhe foi concedida: a bola do jogo de domingo em Munique, que ele tentou levar para casa, teve de voltar para a Fifa.
?Tentei mesmo guardar a bola para o meu pai. Ia pegar os autógrafos de todos os jogadores. Mas não deu?, lamentou o jogador ontem, sem levar muito a sério a decepção.
Aos 22 anos, Fred mesmo reconhece que não tem do que reclamar. ?Tudo dá muito certo para mim?, diz, confessando que nem conseguiu dormir após a partida de domingo. ?Falei com minha família e recebi muitas mensagens dos amigos. Quando liguei, foi aquela gritaria, todo mundo chorando, feliz?, relembra.
Bom garoto num grupo de muitos jogadores veteranos em Copa, Fred também mereceu comemoração escancarada dos companheiros, após tocar para o gol a bola que Robinho havia chutado na trave. ?Foi um momento mágico, em que a gente não sabe o que fazer. Principalmente pela reação dos meus companheiros, que vieram todos me abraçar. Dava para sentir a alegria deles?, conta.
Fred diz que é fácil jogar no ataque da seleção com qualquer um ao seu lado, e que está louco para ter novas chances. ?Quero jogar sempre, pois cheguei aqui para trabalhar forte. Mas depende do Parreira?, afirma o atacante, que entrou na lista de convocação do treinador na última hora, no lugar de Ricardo Oliveira.
Mas, na hora de falar de gols, o garoto, que nem era profissional quando o time de Felipão trouxe o penta da Coréia e do Japão, em 2002, tem direito de engrossar a voz como gente grande. Afinal, sua relação com a bola e as redes é tão íntima quanto impressionante. No América-MG, onde começou, fez 34 gols em 57 jogos, tendo sido vice-artilheiro do Campeonato Mineiro em 2003 e 2004. No Cruzeiro, para onde foi em agosto de 2004, a história de repetiu. Quer dizer, foi ainda melhor. Fred marcou 56 gols em 71 partidas. E apenas um ano depois ele trocaria a camisa do seu segundo clube mineiro pela do Lyon, de Juninho Pernambucano e Cris.