O atacante Fred resolveu se manifestar por meio das redes sociais, nesta terça-feira, para criticar atitudes de torcidas organizadas de times brasileiros em geral, especialmente as que são seguidoras do Fluminense, depois de ter sido alvo de atos hostis por partes de torcedores na semana passada.

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Depois da eliminação diante do Vasco na semifinal do Campeonato Carioca e da derrota por 3 a 1 para o Horizonte, no jogo de ida da primeira fase da Copa do Brasil, no Ceará, os jogadores do time tricolor foram alvos de protestos na quinta-feira e no sábado, dia em que Fred teve o seu carro cercado por torcedores enfurecidos.

O fato motivou o goleador a publicar um longo desabafo em sua página no Facebook, intitulado “Manifesto contra as torcidas organizadas”, no qual chegou a dizer que teme uma “tragédia” nesta quinta-feira caso a equipe não consiga reverter a vantagem do Horizonte, no Maracanã, no confronto de volta da Copa do Brasil.

“Após o ‘recado’ dado no último fim de semana – quando um bando de marginais, travestidos de torcedores, foi para a porta das Laranjeiras ameaçar os jogadores do time -, o futebol brasileiro está prestes a viver mais uma tragédia anunciada nesta quinta-feira, caso o Fluminense não elimine o Horizonte pela Copa do Brasil”, escreveu Fred, para em seguida descrever o episódio tenso que viveu no último final de semana.

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“Sábado passado, ao sair do meu trabalho, me deparei com cerca de 20 desocupados rodeando meu carro em cima do passeio, praticamente dentro do clube. Os cinco seguranças do time até tentaram conter a fúria desses bandidos? Mas foi em vão! Minha reação, e única defesa, foi acelerar o carro, mesmo correndo o risco de machucar quem estivesse na frente, tendo em vista que começaram a bater no vidro e na lataria do meu veículo. Pra completar, quase provoquei um acidente, pois vinha um caminhão e não vi. Graças a Deus, nada de mais grave aconteceu”, disse.

REFLEXÃO – O ato cometido pelos torcedores fez Fred admitir nesta terça que ele chegou a refletir se “vale a pena tanto esforço e dedicação diários para esse clube que aprendi a respeitar e a gostar”. “Só no domingo me dei conta de que apenas 20 pessoas (geralmente, as mesmas) estavam matando a minha vontade de dar alegria a milhões de torcedores de verdade, aqueles que vibram com as conquistas e sofrem com as derrotas, mas sem partir pra agressão, pois entendem que nem sempre é possível vencer. Em 2011, vivi uma situação parecida aqui mesmo no Fluminense e, desde então, optei por não aceitar esse tipo de intimidação”, completou.

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ESTÁDIOS VAZIOS – Fred ainda exibiu um discurso duro ao se dirigir os torcedores de organizadas de uma forma geral, lembrando que muito deles são responsáveis pelo baixos públicos nos estádios no futebol brasileiro, cujos torneios estaduais vêm amargando muitas partidas com estádios praticamente vazios.

“O esvaziamento dos estádios de futebol não pode ser uma mera coincidência. As bandeiras que antes tremulavam nas arquibancadas hoje se transformaram em armas brancas nas mãos desses bandidos”, disse o atacante da seleção brasileira, que depois completou: “Quando a imprensa publica tais atos de agressão e vandalismo cometidos pelas organizadas, essas matérias são exibidas entre elas como troféus e, quem os pratica, são tratados como ‘heróis’ internamente. O enfoque deveria ser outro. É preciso questionar os prós e os contras dessas facções, que exploram de maneira ampla a imagem dos times sem pagar royalties; são as principais responsáveis pelas mortes nos dias de jogos e perdas de mandos de campo por seus times; possuem marginais infiltrados; afastam os verdadeiros torcedores dos estádios; e que, por fim, ganham ingressos e até transporte gratuito das diretorias da maioria dos clubes, que insistem em manter uma relação obscura com esse tipo de organização”.

RELAÇÃO ROMPIDA – Para finalizar o seu desabafo, Fred deixou claro que rompeu a relação amigável que vinha mantendo com as organizadas do Fluminense. Para ele, esse tipo de torcedores “não têm direito sequer de reclamar quando o time perde – tendo em vista que nem ingresso eles pagam -, quanto mais de agredir ou intimidar jogadores”.

“Lutarei com a arma que tenho. Por isso, a partir de hoje, as comemorações dos meus gols não serão mais para as torcidas organizadas. Meus gols serão dedicados exclusivamente aos verdadeiros torcedores do Fluzão, a não ser que a lei seja mais rigorosa ou os responsáveis por essas facções revejam o papel que elas deveriam exercer, que é apoiar o time do coração incondicionalmente, principalmente nos momentos de dificuldade, pois é quando mais precisamos de incentivo”, encerrou.