França e Senegal abrem a 17.ª Copa do Mundo em Seul

França e Senegal farão hoje o jogo de abertura da Copa 2002, no estádio de Seul, na Coréia do Sul. A festa oficial de abertura está marcada para as 7h (de Brasília), com uma programação que os anfitriões consideram a mais espetacular de todos os tempos. Uma hora e meia depois, a bola vai rolar pela primeira vez neste primeiro Mundial de dois países.

O confronto que abrirá o Mundial tem muitas peculiaridades. Além da partida colocar frente a frente os atuais campeões mundias e uma equipe que debuta em Copas, o jogo marcará o encontro entre colonizadores e colonizados. Senegal foi dominado pela França por mais de um século e conseguiu a independência apenas em 1960, fato que liga de maneira íntima os dois times. Dos 23 jogadores convocados pelo técnico Bruno Metsu para defender Senegal na Copa do Mundo, 21 atuam em clubes franceses. Muitos atletas deixaram Senegal muito cedo, antes dos 20 anos de idade. Outros chegaram à Europa ainda crianças. O zagueiro Lamine Diatta é um bom exemplo de jogador senegalês com fortes ligações com a França. “Eu era mais francês do que senegalês, mas agora que jogo na seleção do meu país sou 100% Senegal”, entusiasmou-se Diatta. As ligações entre as duas seleções não param por aí. O meia Patrick Vieira, da França, nasceu em Senegal e naturalizou-se francês. “Será o jogo mais importante da minha vida, estou muito feliz”, disse o meia francês. A França entrará em campo sem o seu melhor jogador. Zinedine Zidane sofreu um estiramento na coxa esquerda durante o amistoso contra a Coréia do Sul e está vetado para a partida. O técnico Roger Lemerre não terá Zidane, mas pelo menos poderá contar com o atacante Thierry Henry. Ele tinha uma lesão no joelho esquerdo e por pouco não foi cortado da seleção. Com Henry e sem Zidane, a França está confiante. “Temos outros grandes jogadores e poderemos fazer um ótimo jogo de qualquer maneira”, falou o técnico Roger Lemerre. Mas o treinador francês ainda não confirmou a escalação da França. No treino desta quinta-feira, o treinador escalou apenas dez jogadores em cada time no coletivo desta tarde, mantendo o mistério em relação ao seu décimo-primeiro homem, o substituto de Zidane. Após elogiar Dugarry na terça-feira, Lemerre deu a entender que Djorkaeff seria o titular, após o treino de quarta. Ontem, manteve este último no time titular e acabou sacando Wiltord.

França larga sem Zidane

A Copa do Mundo começa hoje com um grande ausente: Zinedine Zidane, o astro do Real Madrid, que se recupera de um estiramento muscular e não joga pela França, atual campeã, contra o estreante Senegal. O jogo traz uma série de avisos sobre os perigos de se apostar definitivamente no favoritismo francês.

Zebra é mesmo um animal africano e ela esteve presente no jogo inicial da Copa de 1990, quando a Argentina foi surpreendida por Camarões, perdendo por 1 a 0. Roger Lemerre, técnico da França não tem gostado da comparação e ontem, véspera do jogo, disse que essa possibilidade não o assusta. “A Argentina foi surpreendida naquele ano, mas chegou à final. Se chegarmos também, estarei feliz.”

O campeão mundial tem sempre sofrido surpresas no jogo de estréia do Mundial. A exceção foi o Brasil em 1998, que venceu a Escócia por 2 a 1. A coincidência também não assusta o zagueiro Desailly. “Estamos muito conscientes da importância de começar com uma vitória. Quando me perguntam sobre as possibilidades da França no campeonato ou sobre quem deveríamos enfrentar na segunda fase, respondo que meu pensamento está totalmente voltado para a estréia.”

Mas, se esses perigos vêm respaldados apenas por coincidências e pela história, o mais ameaçador de todos eles tem um currículo recente admirável. É El hadji Diouf, 1m81, 76 quilos e oito gols nas eliminatórias. Gols que classificaram o Senegal em um grupo que tinha Argélia, Marrocos e Egito, equipes que já participaram de Mundiais.

O atacante do francês Lens, tem tudo para ser um dos destaques da Copa. Vai querer justificar o apelido de “serial killer”, dado pelos senegaleses. Diouf não terá facilidades. Desailly, é chamado de “a rocha” pela imprensa mundial. E ele não fala sobre um adversário específico. Prefere analisar o seu próprio time. “Vamos marcar com três zagueiros no fundo e teremos boa ajuda dos homens do meio-campo. Isso vai fazer com que o Senegal tenha poucas chances de incomodar nosso goleiro.”

Os franceses jogam para conseguir algo inédito. Em apenas quatro anos, conseguir vencer duas vezes o Mundial e uma vez a Eurocopa (ganha em 2000). O Senegal, para ser mais do que um convidado. Quer provar que a classificação e o vice-campeonato da Copa da África (perdeu a final nos pênaltis para Camarões) não são um acaso.

É um duelo tipicamente francês. Os dois países falam a mesma língua, afinal um foi colonizado pelo outro. Todos os senegaleses participam do Campeonato Francês. O time é treinado por um francês, Bruno Metsu. “Todos se conhecem e isso pode fazer que o nível da partida seja alto”, diz Lemerre.

Ficha Técnica

Local: Estádio de Seul. Horário: 8h30 (de Brasília). Árbitro: Ali Bujsaim (Emirados Árabes). França: Barthez; Thuram, Leboeuf, Desailly e Lizazaru; Vieira, Petit, Wiltord (Dugarry) e Djorkaeff; Thierry Henry e Trezeguet. Técnico: Roger Lemerre. Senegal: Tony Sylva; Coly, Diatta, Malick Diop e Omar Daf; Pape Bouba Diop, Cisse, Salif Diao e Fadiga; Ndiaye e Elhadj Diouf. Técnico: Bruno Metsu.

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