Com 1,91 metro e jeitão desengonçado de correr, o meia Paul Pogba ganhou o apelido de Polvo Paul por ter as pernas longas, parecidas com os tentáculos do molusco. E é justamente em suas passadas largas que a França aposta para derrubar a Alemanha nesta sexta-feira.
O meia da Juventus, de 21 anos, foi o destaque da classificação dos franceses e caiu nas graças da torcida, do técnico Didier Deschamps e dos companheiros. Foi de Pogba o gol que tirou a França do sufoco diante da Nigéria nas oitavas de final. Até os 34 minutos do segundo tempo, o jogo estava 0 a 0, e o meia aproveitou uma falha do goleiro para abrir o placar. Mas, antes do gol, ele já havia feito quatro desarmes e dado três chutes, incluindo um belo voleio defendido por Enyeama. Não à toa, Pogba foi eleito melhor jogador da partida.
Campeão e melhor jogador do Mundial Sub-20 do ano passado, o meia estava devendo uma atuação convincente no Mundial. Na estreia, por exemplo, poderia ter sido expulso se o juiz brasileiro Sandro Meira Ricci tivesse sido mais rigoroso depois de ele dar um pontapé no hondurenho Palacios.
Após aquele jogo, Deschamps, o lateral Evra e o goleiro Lloris disseram que Pogba tinha de aprender a se controlar. O meia, de fato, tem temperamento difícil. Ano passado, pegou três jogos de suspensão no Campeonato Italiano por cuspir em Aronica, do Palermo. Pogba acabou indo para o banco de reservas na segunda rodada do Mundial, contra a Suíça, e retornou ao time diante do Equador, quando perdeu um gol feito. Pressionado e com sua escalação contestada, conseguiu dar a volta por cima diante da Nigéria e chega às quartas de final com o moral elevado. Lloris, por exemplo, passou a elogiá-lo. “Paul está jogando em um nível muito alto. O gol lhe dará mais confiança, mas o que ele está fazendo com tão pouca idade já é muito bom.”
Pogba não é irreverente apenas na hora de cortar e pintar os cabelos. Ele é um dos jogadores mais divertidos do grupo e responsável por unir os jogadores mais novos aos veteranos. Após a vitória sobre a Nigéria, coube a ele puxar um grito de guerra nos vestiários do Mané Garrincha. “Paul inventou uma música na hora. Agora, esperamos que possamos cantá-la novamente no Maracanã”, contou Giroud. É o que ele e todos os franceses desejam.