Está acabando a "festa do interior" do Coritiba. Após três jogos realizados no Willie Davids, em Maringá, a diretoria do clube não só admite como já definiu que, a partir da segunda fase do campeonato paranaense, o time volta a jogar por aqui – no Pinheirão ou em Paranaguá.
E a segunda fase da Copa do Brasil, contra Náutico ou Palmas, será jogada em Curitiba. É o desfecho de uma ousada iniciativa, que sofreu com o histórico distanciamento do interior do Estado com o futebol local.
A maciça presença do marketing alviverde nos dias que antecederam o confronto com a Adap fizeram com que o Willie Davids (reformado pela prefeitura em parceria com empresas da cidade) tivesse um bom público – foram quase 3.600 pagantes. Mas a empolgação do Coxa por Maringá, e vice-versa, acabou logo, tanto que na partida seguinte de mando do Cori apenas 950 pessoas compraram ingresso.
O público no estádio de Maringá parecia maior porque as empresas que se associaram à iniciativa coxa ganhavam ingressos para distribuir aos clientes e funcionários, "turbinando" as arquibancadas. Mesmo assim, o apelo começou a ceder, muito por força do desinteresse (e até pela rivalidade) dos torcedores do Norte pelos clubes da capital.
Assim, o investimento feito não tinha retorno. Não que o Coxa esperasse ganhar dinheiro com a passagem por Maringá, mas sim imaginava contar com a formação de uma legião de torcedores que aumentassem o caráter ‘estadual’ do clube. Isto não aconteceu, e o inevitável prejuízo financeiro acabou se tornando mais sentido. Deixando a situação ainda mais delicada, a torcida começou a reclamar da ida para o Norte, exigindo o retorno para Curitiba.
Para tentar aumentar a participação local, o Coritiba mandou uma ‘brigada’ de marketing, fazendo ações ostensivas em bares, restaurantes, ruas e avenidas da Cidade Canção. Esperava-se, com isso, a maior presença de público no jogo da quinta passada, contra o Cianorte. O que realmente aconteceu. Mas, ao mesmo tempo que o estádio recebia torcedores (1.500 pagantes), estes não demonstravam ser favoráveis ao Coritiba. O gol do Cianorte foi mais comemorado que o do Coxa pelos que estavam no Willie Davids.
Esta foi a gota d’água para a diretoria tomar uma posição. O anúncio aconteceu antes da partida de domingo, a vitória de 1×0 sobre a Adap. "Na segunda fase, não vamos mais atuar em Maringá", diz o presidente Giovani Gionédis, que ainda não definiu o local das partidas alviverdes no paranaense depois de 23 de março – quando está marcada a última partida coxa na primeira etapa, contra o Paraná, com mando coxa. A princípio, este jogo acontece em Maringá, mas também pode ser alterado.
O local mais provável é o Pinheirão, por ser em Curitiba e estar liberado – o Couto Pereira só reabre em maio. Mas há uma corrente no clube defendendo a ida para Paranaguá, com os jogos acontecendo no Fernando Charub Farah. A opção do litoral tem como ‘benefícios’ a proximidade de Curitiba e o grande número de torcedores do Cori na região. "Vamos esperar a definição dos classificados para então anunciar", explica o presidente coxa.
Na segunda fase da Copa do Brasil, entretanto, está definido que o Coritiba vai jogar no Pinheirão – ainda não são conhecidos nem datas nem o adversário, pois Náutico e Palmas jogam amanhã a partida de volta da série (os pernambucanos venceram a primeira por 1×0 e agora jogam em casa). Certo é que o Coxa terá o mando do jogo de volta, pelo fato de estar melhor ranqueado na CBF que qualquer um dos possíveis adversários.
Lopes ganha pontos dentro e fora de campo
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Lopes cada vez mais fortalecido no comando do time. |
Os fatos e os atos do final de semana mostraram que Antônio Lopes continua forte no Coritiba. Após tomar a "impopular" medida de suspender Nunes e Luís Carlos (referendada ontem pelo presidente Giovani Gionédis), o Delegado teve no jogo contra a Adap mais uma prova de seu conhecimento do elenco e do acerto das suas teses sobre o futebol – além de seguir contando com a sorte.
Para Lopes, o Coritiba teve mais uma vez bom rendimento jogando no interior. "Claro que não foi uma atuação brilhante, mas nós fizemos o que era mais importante, que era conquistar os três pontos", aponta o Delegado. "Nós trabalhamos bem o jogo, mantivemos o adversário quase sempre sob controle e, no momento em que fomos para o ataque, tivemos a felicidade de conseguir o gol", analisa.
A iniciativa mais delicada do treinador foi a retirada de Reginaldo Vital, no intervalo, para a entrada de Márcio Egídio – justamente no momento em que o Coxa perdera Negreiros, expulso, e carecia de poder ofensivo. "Nós estávamos com muitos problemas na marcação, e isso fez com que a Adap tivesse chances de marcar. Precisávamos resolver lá atrás se quiséssemos alguma coisa no jogo", comenta Antônio Lopes.
Deu certo. A tese de "o melhor ataque é a defesa" funcionou, com a providencial ajuda do volante adversário Silas, que ‘escorou’ o cruzamento de Rodrigo Batatinha para o próprio gol. E Egídio grudou como um perdigueiro sobre o armador Barbiéri, dificultando a criação de jogadas da Adap e reduzindo a pressão dos donos da casa.
Se dentro de campo as coisas andaram bem, fora dele Lopes teve mais uma prova do respaldo da diretoria ao seu trabalho e às suas atitudes. Giovani Gionédis aceitou a sugestão do Delegado para punir os indisciplinados Luís Carlos e Nunes. "Eles ficam suspensos por cinco dias, a contar de sexta, terão uma multa em seus salários e vão ter que pagar os danos causados por eles em Maringá", enumera o presidente. Além da multa (que seria de 30% dos vencimentos), ambos terão descontados dos salários os cinco dias da suspensão.
Os dois atacantes, que se reuniram ontem com Gionédis, já pareciam arrependidos. "Eles estavam bem diferentes", confessa o dirigente coxa, que espera que ambos ‘paguem’ a dívida com gols. "Eles precisam jogar para se desculparem com a comissão técnica e com a torcida", resume o presidente coxa.
