FPF pede revogação da torcida única em São Paulo, mas MP nega

O Ministério Público não tem a intenção de rever a adoção de torcida única nos clássicos do futebol paulista. A medida foi tomada no início da semana em resposta às brigas entre torcedores de Palmeiras e Corinthians ocorridas no domingo e que resultaram em uma vítima fatal. A Federação Paulista de Futebol (FPF) pediu a revogação, mas o MP não está disposto a atender.

Pela resolução, clássicos paulistas terão apenas a torcida do clube mandante nos estádios até o fim deste ano. Isso poderá começar a ocorrer já nas semifinais do Estadual, daqui a duas semanas. Para a federação, tal medida não ajudará a combater a violência e ainda vai trazer prejuízos ao futebol. Por isso, defende a revisão desse posicionamento.

A solicitação da FPF foi enviada nesta sexta-feira ao promotor Paulo Castilho, do Juizado Espacial Criminal (Jecrim) e do Juizado do Torcedor, defensor da torcida única. O representante do Ministério Público, porém, garante não cogitar o rever a medida. “Como rever? É uma questão de política de estado, o Ministério Público não decidiu sozinho”, disse ao Estado de S. Paulo. “A posição (do MP) está fechada com o doutor Alexandre de Moraes (secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo).”

A Federação Paulista decidiu lutar contra a determinação de torcida única após conversar com alguns dirigentes de clubes. Disse entender que a medida tem intenção de coibir ações de vândalos, mas a considerou inócua. “A FPF não enxerga nesta decisão a solução para os recorrentes encontros violentos entre torcedores, que geralmente são registrados em locais distantes dos estádios”‘, justificou a entidade por meio de nota.

PREJUÍZOS – Outra queixa da federação é que tal punição prejudicaria todos os torcedores, o que traria prejuízos para o futebol. Castilho discorda. “Não dá prejuízo nenhum. Os torcedores (comuns) já cansaram de declarar que, se for torcida única, eles ficam mais à vontade para levar mulher e filho”, rebateu.

O promotor também afirmou que nos casos em que a torcida visitante tem direito a 10% da carga de ingressos, estes raramente chegam às mãos do torcedor comum. “Só vão integrantes de torcida organizada, homem e da linha de frente (da organizada). Eles não deixam nem mulher nem criança, porque já vão para arrumar confusão”, disse o promotor. “A verdade é que queremos punir a torcida organizada.”

Ele lembrou que a torcida única foi apenas uma das medidas adotadas para tentar conter a violência. No pacote apresentado na segunda-feira, também foi estabelecida a venda online como uma maneira de comercialização de ingressos, o cadastro prévio dos torcedores e a proibição da torcida de levar faixas e adereços às arenas (em todas as partidas).

Para o presidente do Corinthians, Roberto de Andrade, a torcida única não acabará com a violência: “Vejo isso com bastante tristeza. Apesar de ser uma determinação e isso a gente não discute… Mas se fosse a solução do problema, faria supercontente. Não será. Não é proibindo as pessoas de irem ao jogo que vai acabar a violência, já que ela é praticada nos arredores”, disse. “Quem garante que os mesmos torcedores não vão se encontrar em qualquer esquina?”.

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