Ainda não há projeto definitivo do novo estádio,  nem anúncio do financiador da obra. Mas a Federação Paranaense de Futebol – FPF -, apresentou com pompa, ontem, seus planos para o novo Pinheirão, candidato a subsede da Copa do Mundo de 2014.

continua após a publicidade

O presidente da FPF, Onaireves Moura, mostrou alguns parceiros envolvidos com o projeto, como a Construtora Tecnosolo, responsável por erguer a estrutura, e revelou detalhes do novo Pinheirão. O estádio, que seria totalmente reconstruído, teria custo de R$ 600 milhões, capacidade para 45 mil torcedores, estacionamento para 6.500 carros e vários itens adequados ao exigente caderno de encargos da Fifa. O prazo para conclusão seria de, no máximo, três anos. A área do entorno do estádio seria dedicada a um shopping center e outros estabelecimentos comerciais. O engenheiro André Camacho, representante da construtora, garante que os anexos garantiriam retorno financeiro ao investidor. ?É uma área com potencial enorme, sem comparação com outros estádios do Brasil. A sustentabilidade é garantida, independentemente da realização da Copa do Mundo?, afirma, exaltando a localização do complexo e lembrando que o estádio ainda poderá ser usado para shows musicais, religiosos e outros eventos.

O ponto crucial é a situação fiscal e jurídica do Pinheirão. Moura admitiu que a FPF tem inúmeras dívidas com a Previdência Social, Prefeitura de Curitiba e fornecedores por conta do estádio – confessou que o IPTU, por exemplo, não é pago desde 1999. Curiosamente, elegeu o rompimento do contrato com o Atlético pela cessão do Pinheirão como causa principal da crise financeira da entidade.

O cartola escalou Marcelo Pinto, da Organização Nacional de Apoio ao Esporte – ONAE -, entidade não-governamental, para responder sobre o saneamento das dívidas. O porta-voz disse que as pendências com particulares são ?mais fáceis? de equacionar, e que as dívidas com órgãos estatais estão ?indo bem? em Brasília. As certidões negativas são necessárias para a conclusão do estudo de viabilidade econômica do novo projeto. ?Sem isso (o estudo), não há investidor. Ele precisa comprovar que o dinheiro será recuperado?, afirma.  A identidade dos possíveis investidores segue incerta. De acordo com Marcelo Pinto, Moura e aliados têm um negócio bem encaminhado e ainda um ?plano B?. ?Se o foco principal não der certo, temos outros seis a oito grupos interessados em investir no projeto. Até por isso não divulgamos nomes, esperando pela melhor oferta?, garante Pinto.

continua após a publicidade

A versão definitiva do projeto do estádio também não foi divulgada – o arquiteto Waldeny Fiuza apresentou apenas detalhes e o desenho de um pré-projeto. A idéia será aperfeiçoada com itens obtidos pelos enviados da FPF a um simpósio sobre construção de estádios, realizado na semana passada em Portugal – sede da última Eurocopa.

FPF assume o Paraná e descarta o Coxa

continua após a publicidade

A grande novidade apresentada ontem pela FPF foi a assinatura parceria com o Paraná Clube envolvendo o Pinheirão.

O Tricolor comprometeu-se a ceder a Vila Capanema como base de treinamento para as seleções que jogarão em Curitiba, e oferecer a da subsede do Tarumã como estacionamento complementar ao Pinheirão nos dias de jogos da Copa 2014.

Em contrapartida, a Vila Capanema receberia investimento de R$ 1 milhão para reforma e rebaixamento do gramado. A idéia é deixar o piso num nível dois metros inferior ao atual, para facilitar a visão da torcida nos degraus mais baixos do estádio. ?O Paraná não gastaria um centavo. Tudo seria custeado pelo investidor que construir o novo Pinheirão?, explicou o vice-presidente e homem-forte das finanças tricolores, Aurival Correia. Além disso, o gramado seria deslocado dez metros em direção à Curva Norte, abrindo espaço para construção da arquibancada da Curva Sul – esta, a ser bancada pelo clube numa etapa posterior.

O Tricolor também teria que mandar pelo menos dez jogos por ano no novo estádio após o Mundial.

Coxa fora

Ao mesmo tempo, Onaireves Moura colocou em xeque a participação do Coritiba no projeto do Pinheirão. O presidente da FPF lembrou que o Coxa teria que abrir mão do Couto Pereira e adotar o estádio da FPF como nova casa – e para isso dependeria da aprovação de seu Conselho Deliberativo.

?A torcida e os conselheiros precisam apoiar a idéia sem resistência. Mas sabemos que é complicado, pois o estádio (Couto Pereira) é grande e fruto de quase 100 anos de investimentos?, afirmou Moura, citando como exemplos as parcerias desfeitas com o Atlético, nos anos 80s, e o Paraná, no ano passado -segundo ele, por divergências dentro dos clubes quanto ao uso do Pinheirão.

Ao contrário da diretoria paranista, que veio em peso ao evento organizado ontem pela FPF, nenhum representante coxa-branca apareceu. Mesmo assim, Moura garantiu que procurará o Coritiba e até o Atlético, de seu desafeto Mário Celso Petraglia, para estabelecer parcerias semelhantes à firmada com o Tricolor.