O interesse do São Paulo na contratação do santista Vanderlei retomou um antigo debate no Morumbi: como o clube conhecido por formar (e vender) bem tantos talentos em todas as posições não consegue revelar goleiros com a mesma frequência? Neste ano, por exemplo, Jean e Sidão, contratados do Bahia e Botafogo, respectivamente, disputam posição. Lucas Perri, de 20 anos, é a terceira opção e o único criado na base.

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“Em 14 anos no profissional e quatro no amador, sempre bati na tecla de que o São Paulo não poderia contratar goleiros. Na minha época, contratamos Bosco, Denis, Renan (Ribeiro). Vieram porque não tinha reposição na base”, disse Haroldo Lamounier, preparador de goleiros que trabalhou com Rogério Ceni durante mais de uma década no clube e atualmente é membro da comissão técnica do treinador no Fortaleza.

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O São Paulo também teve de contratar goleiros por causa de uma tragédia. Em 11 de agosto de 2006, Weverson, então com 19 anos, morreu em acidente de carro na rodovia Régis Bittencourt. Já Bruno, que tinha 20 anos e dirigia o veículo, ficou tetraplégico. Ambos estavam no profissional e eram tratados como o futuro da posição, até mesmo com convocações para a seleção brasileira de base.

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O “efeito Ceni”, titular por quase duas décadas, e alguns erros de avaliação de dirigentes ajudam a explicar por que poucos garotos forjados em Cotia (SP) ou antes mesmo da inauguração do CT da base, em 2005, não tiveram chance de jogar no profissional. É o que pensa Zetti, dono da meta são-paulina no início dos anos 90 – e outro exemplo de alguém trazido de fora (Palmeiras) para a posição.

“Acho que era para ter três goleiros em formação com potencial no São Paulo. Quando o Ceni assumiu, acho que o departamento da base se esqueceu, pensou que não precisaria de um goleiro porque tinha o Rogério. Não houve uma evolução. Mesmo se olhar para a geração que veio depois, ela não criou ninguém, a não ser o Ederson, que eles perderam e o menino virou um dos goleiros mais caros do mundo”, afirmou, citando o atual titular do Manchester City, da Inglaterra, e figura constante nas convocações da seleção brasileira de Tite. Hoje com 25 anos, Ederson passou pela base do São Paulo entre 2006 e 2009, mas acabou dispensado.

Ederson foi só um dos novatos que viram a diretoria dar preferência a nomes de fora. Durante a era Ceni e após a aposentadoria do “Mito”, o clube contratou nove goleiros: Roger (Flamengo), Alencar (Ituano), Flávio Kretzer (Criciúma), Bosco (Fortaleza), Fabiano (Rio Branco-SP), Denis (Ponte Preta), Renan Ribeiro (Atlético-MG), Sidão (Botafogo) e Jean (Bahia).

Assim, quem subia da base mal tinha vez entre os profissionais, casos de Mateus e Márcio, que passaram a maior parte do tempo de seus contratos sendo emprestados – o segundo chegou a ser vice-campeão estadual pelo Paulista, em 2004, e atualmente treina os goleiros do infantil do São Paulo.

Atualmente, a principal aposta é Lucas Perri, promovido no ano passado ao elenco de cima. No clube desde os 15 anos, ele ainda espera por sua estreia. “Será o titular do São Paulo futuramente, pela qualidade, técnica e pelas conquistas que teve na base. Precisa ter coragem de lançar o menino, não pode frear sua carreira. Assim que tiver oportunidade, tem de colocar para jogar”, disse Lamounier, que chegou a trabalhar com o garoto quando passou um ano em Cotia, trabalhando na base do São Paulo.