Nove dias depois de ser internado num hospital do Rio com quadro de arritmia cardíaca, Muricy Ramalho foi oficialmente desligado do comando do Flamengo nesta quinta-feira. O treinador, que já era bastante pressionado pelos resultados ruins do clube na temporada, pediu para ter seu contrato rescindido para se tratar dos problemas cardíacos.

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Em entrevista coletiva no começo da tarde, a diretoria do Flamengo agradeceu a Muricy Ramalho pela dedicação durante o tempo que comandou o clube e informou que Zé Ricardo, técnico campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior em janeiro, assume como interino.

“Deixamos o Muricy muito à vontade. Seguimos torcendo pela concreta recuperação dele. Temos certeza da recuperação, mas ele preferiu assim, num ato de grandeza que caracteriza esse profissional com quem trabalhamos por cinco meses. Ele nos deixou à vontade para procurar outro treinador e o Flamengo segue agora outro caminho. Vamos seguir ligados na recuperação do Muricy e os laços dele com o Fla seguem”, explicou o presidente do Fla, Eduardo Bandeira de Mello.

Com Muricy no banco de reservas, o Flamengo caiu na semifinal da Copa Sul-Minas-Rio diante do Atlético-PR e também na semi do Campeonato Carioca, frente ao Vasco. Já com Muricy internado, o Fla foi eliminado pelo Fortaleza na Copa do Brasil (depois de derrota no Ceará com ele como comandante). No Campeonato Brasileiro, são quatro pontos em três rodadas.

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O treinador já havia se afastado do futebol no início de abril de 2015, em situação semelhante, também por problema de saúde. À época, ele teve uma diverticulite (inflamação no intestino grosso) e deixou o São Paulo para se tratar, à pedido da família. Assim como acontece agora no Flamengo, seu cargo também estava na corda bamba no Morumbi quando a doença surgiu, permitindo a Muricy sair pela porta da frente.

“Deve ser muito sofrido para ele, que é um sujeito com muita energia. É muito sofrido, tem muita gente que depende dele. Acertamos (o contrato) no fio do bigode. Ele nos liberou pela incerteza dele”, completou o vice-presidente Flávio Godinho.

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Diante da Ponte Preta, no domingo, pelo Brasileirão, o técnico do Flamengo será Zé Ricardo. “Ele é um técnico prata da casa, e o Flamengo nessas horas difíceis sempre se socorreu com talentos de casa. O Jayme (de Oliveira) estava dirigindo o time como membro da comissão de Muricy. A partir do momento em que ele nos deixou, nada mais natural do que dar uma força ao Zé Ricardo”, argumento o vice-presidente.

O primeiro nome da lista do Flamengo para substituir Muricy é o de Abel Braga, que está preso ao Al Jazira, dos Emirados Árabes Unidos. Ele não treina o clube desde dezembro, mas fez um acordo que não assumirá outra equipe enquanto durar o parcelamento da sua multa rescisória, até julho. O Flamengo, se quiser contar com o treinador, vai ter que negociar com os árabes.

“Abel Braga evidentemente é muito prestigiado, um homem de renome, mas podemos também partir para outra alternativa. A diretoria vai trabalhar em paralelo para que a busca por um treinador não atrapalhe na performance do time”, garantiu Bandeira de Mello, que abriu mão de ser o chefe de delegação da seleção brasileira na Copa América Centenário para cuidar da crise no Fla.