Mudar o futebol brasileiro significa, acima de tudo, equilibrar a balança que hoje transforma Flamengo e Corinthians em times multimilionários (que só não são mesmo porque administram mal a grana). No exemplo que agora fica evidente, o da Alemanha, os clubes mais ricos são obrigados a financiar as categorias de base dos clubes mais pobres. Aqui, a briga é aberta para saber quem fatura mais, sem unidade e sem critério.
Pior para o futebol paranaense, que fica à margem dessa luta. Hoje, Atlético e Coritiba ganham seis vezes menos em direitos de transmissão e não conseguem competir em contratações. “Chegamos em 13º colocado no Brasileiro porque temos o 13º orçamento”, disse certa vez Felipe Ximenes, quando era dirigente do Coritiba. As cotas negociadas individualmente desde os últimos anos restringiram o poder de negociação de quem não está no eixo principal do futebol brasileiro.
Além da falta de dinheiro – e talvez por causa dele -, nosso futebol vira vez por outra refém de investidores e empresários. O caso do Paraná Clube é evidente, mas não é apenas o Tricolor que apela para empresários que transformam clubes em balcões de negócio. Os times podem até se fortalecer a curto prazo, mas o impacto a médio e longo prazo é terrível. Da mesma forma, as categorias de base revelam poucos talentos – Marcelo (Atlético) e Abner (ex-Coritiba) talvez sejam as exceções da década.
E o futebol paranaense paga por uma equação nada interessante: a pouca influência política da Federação Paranaense somada à rivalidade desmedida entre os clubes (essa estendida aos torcedores). Desunidos, somos ainda mais fracos diante do cenário nacional. Uma mudança ampla, democratizando o esporte, poderia ser uma porta para o crescimento do nosso futebol.