Lima foi o grande herói do jogo, marcando os dois gols rubro-negro.

?Sí, se puede! Sí, se puede! Sí, se puede!? O grito era da torcida do Chivas, mas quem pôde mesmo foi o Atlético. E como pôde! Jogando de igual para igual, o Rubro-Negro empatou com o Guadalajara por 2 a 2 e está na final da Copa Libertadores. Isso mesmo. O Furacão está na final do principal torneio continental e vai enfrentar o São Paulo para tentar conquistar a América. O primeiro jogo está programado para quarta-feira, ainda sem local definido.

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Como já era esperado, a pressão iria ser muito grande.

E foi. Quase 65 mil pessoas gritando em favor do Chivas contra um grupo de pouco mais de 30 torcedores, que acompanharam o Atlético em Guadalajara. Nesse duelo, não havia nem como competir. Ainda mais com o sistema de som clamando às arquibancadas para apoiarem o time da casa. O ?rebanho? fez sua parte e o time de Benjamin Galindo foi para cima.

Com menos de um minuto, Bravo mostrou suas credenciais. Voltou da seleção para comandar o ataque listrado e bombardear o goleiro Diego. O arqueiro atleticano voltou a mostrar muita habilidade e a salvar sua meta. Com a ajuda de Durval e Danilo, que também colocaram seus pés salvadores à disposição da busca da classificação inédita à final do torneio continental.

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Mesmo assim, a defesa vacilou várias vezes e o ataque esteve muito dispersivo e perdeu boas chances. O meia Fabrício ainda colocou uma bola na trave, mas quem abriu o marcador foi mesmo as ?Cabritas?. Após uma linha de passe na área rubro-negra, Rafael Medina serviu a Palencia, que fuzilou a meta de Diego.

O zagueiro Danilo ainda tentou salvar, mas a bola já tinha entrado.

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A pressão aumentou na segunda etapa, mas a pegada no meio melhorou com a entrada de André Rocha. O toque de bola ficou mais refinado e a defesa se acertou. O Chivas sentiu a dificuldade maior e Galindo se lançou ao ataque com Vela. A falta de mais jogadores no meio deu a brecha que o Furacão queria para também mostrar que estava no jogo. E como estava.

Com o trator Marcão pela esquerda nasceu a jogada do primeiro gol. Ele tabelou com Aloísio e cruzou para Lima só completar. Foi uma ducha de água fria no Jalisco. No entanto, o predestinado Lima ainda faria o heróico gol da classificação. Gol histórico também, por que não? Afinal, ele roubou uma bola no meio de campo, levou até a área adversária e chutou no canto de Sánchez. Não é para entrar na história do Atlético?

Pois a torcida sentiu o golpe e começou a ir embora. Somente as organizadas continuaram cantando, mas apenas para mostrar seu amor pelos Chivas. O time da casa bem que tentou sorte melhor, mas só chegou com um pênalti, que Palencia cobrou com precisão para empatar a partida e compensar a desclassificação na Libertadores. O Furacão não quis nem saber. Bastou o árbitro apitar o final do jogo para os jogadores fazerem a festa no também histórico (um pouco mais depois da partida de ontem) gramado do Estádio Jalisco.

Atlético não pode jogar fora de Curitiba e Arena não comporta público mínimo

Passada a euforia pela histórica classificação para as finais da Libertadores, o Atlético mergulha a partir de hoje num intenso trabalho de bastidores. O Furacão vai tentar todos os artifícios disponíveis para disputar na Arena o primeiro jogo decisivo, na próxima quarta-feira, diante do São Paulo. A segunda alternativa é o Couto Pereira, apesar da negativa da diretoria do Coritiba. Afora isso, só longe de Curitiba.

Mas o próprio regulamento contribui para tornar a solução mais difícil ainda. Por ele, o clube só poderá jogar fora de sua cidade, de comum-acordo com o adversário e com o anúncio feito com antecedência de dez dias. Como a primeira partida está marcada para o próximo dia 6, não há tempo hábil para isso. Entre Atlético e FPF há uma certeza: se a Conmebol e o Coxa liberarem o Couto, o São Paulo não poderá ratear.

De acordo com o regulamento da Libertadores-05, os estádios que abrigarem os dois jogos da final devem ter capacidade mínima de 40 mil torcedores. Segundo o presidente da Federação Paranaense de Futebol, Onaireves Moura, apenas duas praças no Estado comportam este público – o Couto Pereira e o Olímpico Regional, de Cascavel.

Por isso, a FPF busca uma aliança com a CBF para tentar convencer a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) a liberar a Arena, com capacidade para pouco mais de 20 mil. ?Pelo Nicolás Leoz (presidente da Conmebol), creio que não haverá problema?, confia o presidente da FPF. Como trunfo, a Federação e o Atlético vão utilizar a recepção amistosa e o título de cidadão curitibano que o dirigente paraguaio recebeu há dois meses.

O maior entrave, porém, deve ser o São Paulo. Para jogar em seu estádio, o Rubro-Negro precisa obter o aval do adversário na decisão. ?Não vamos aceitar isso de maneira nenhuma?, avisou o vice-presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio.

A instalação de uma arquibancada tubular no Joaquim Américo chegou a ser cogitada, mas a idéia foi descartada pelo impasse por causa do terreno que abriga o Colégio Expoente.

Alto da Glória

O plano ?B? é reforçar os entendimentos com o Coritiba para cessão do Couto. Na semana passada, o presidente coxa-branca, Giovani Gionédis afirmou enfaticamente que não liberaria o estádio para o maior rival sob hipótese alguma. O principal argumento de Gionédis era um possível quebra-quebra que a torcida atleticana poderia promover no estádio, recentemente remodelado. Onaireves Moura acredita que Gionédis possa rever a posição, e a própria FPF acena com uma intermediação – como determinar a retenção de parte da renda a título de um seguro contra eventuais prejuízos sofridos pelo Coxa.

Ontem, a diretoria do Coritiba emitiu uma nota oficial esclarecendo que as reformas reduziram a capacidade do Couto Pereira para 35.750 espectadores, o que impediria a realização da final no Alto da Glória.

Já a hipótese de jogar em Cascavel dependeria de uma vistoria para avaliar as condições do Olímpico. Se não puder jogar no Paraná, o Atlético terá que buscar soluções drásticas. O Beira-Rio, em Porto Alegre, seria uma delas. No México, surgiu até o comentário – um tanto sarcástico – de que o Furacão poderia apelar para o Monumental de Nuñez, em Buenos Aires.

Final inédita na Libertadores

A noite da próxima quarta-feira será histórica. Pela primeira vez, dois clubes do mesmo país estarão em campo para disputar uma final da Copa Libertadores da América. Curiosamente, num torneio que tem sua história dominada por equipes argentinas e uruguaias, a honra foi reservada a dois times brasileiros. Atlético Paranaense e São Paulo decidirão quem trará o troféu pela 12.ª vez para o Brasil.

Até a edição de 2000, a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) não permitia que o maior título do continente fosse decidido por dois compatriotas. Clubes do mesmo país eram forçados a se enfrentar antes da grande decisão. Nesse ano, Corinthians e Palmeiras, foram incluídos na mesma semifinal. A regra mudou em 2001, mas somente agora a hipótese se torna realidade.

Para o Atlético, o momento é inédito. Até este ano, o Rubro-Negro tinha duas participações na competição. A primeira foi em 2000, quando a classificação veio através da conquista de um torneio seletivo, no final do ano anterior. Foi eliminado, nos pênaltis, pelo Atlético Mineiro, nas oitavas-de-final. Em 2002, o Furacão chegou à Libertadores com o status de campeão brasileiro, mas caiu logo na primeira fase.

Já o São Paulo pode ser considerado um veterano em decisões continentais. Este ano, chega a sua quinta final, se tornando o clube brasileiro com mais participações. A primeira foi em 1974, quando foi derrotado pelo supercampeão argentino Independiente, que na ocasião chegou ao sexto de seus sete títulos sul-americanos.

Dezoito anos depois, em 1992, o time do Morumbi conquistou seu primeiro título, ao bater os argentinos do Newell?s Old Boys. No ano seguinte, o esquadrão comandado por Telê Santana repetiu a façanha, desta vez contra o Universidad Catolica, do Chile. Em 1994, novamente o tricolor chegou à decisão, mas o sonho do tri parou nas mãos do goleiro Chilavert, do Vélez Sarsfield.

Desde 1960, quando a Libertadores começou a ser disputada, o clube que mais chegou à decisão foi o Peñarol. Em nove oportunidades, os uruguaios conquistaram cinco troféus, mesmo número de títulos dos argentinos do Boca Juniors, que estiveram oito vezes na decisão. O campeão de aproveitamento é o Independiente: sete títulos em sete finais disputadas.

Entre os brasileiros, o mais assíduo em decisões, depois do São Paulo, é o Palmeiras. O alviverde disputou quatro finais e ficou com o troféu uma vez, em 1999. Santos, Cruzeiro e Grêmio estiveram em três decisões, conquistando dois títulos cada um. Já Flamengo e Vasco disputaram uma única vez a partida mais importante das Américas, e saíram vencedores. Internacional e São Caetano também chegaram uma vez, mas ficaram sem o troféu.

Até agora, apenas paulistas, cariocas, mineiros e gaúchos já levantaram o caneco. O Atlético tem, a partir de quarta-feira, a grande chance de colocar o Paraná nesta lista.

COPA LIBERTADORES DA AMÉRICA
Semifinal – Jogo de volta
Local: Jalisco (Guadalajara-MEX)
Árbitro: Carlos Torres (PAR)
Assistentes: Nelson Cano (PAR) e Nelson Servian (PAR)
Gols: Palencia 24 do 1º; Lima 22 e 35 jdo 2º
Cartões amarelos: Sol, Alfaro (GUA); André Rocha, Marcão, Danilo (CAP)

CHIVAS GUADALAJARA 1×2 ATLÉTICO

Chivas
Sanchez; Rafael Medina, Salcido, García e Rodríguez; Manuel Sol, Alfaro (Peralta), Ramón Morales (Vela) e Alberto Medina (Magallón); Palencia e Bravo. Técnico: Benjamin Galindo

Atlético-PR
Diego; Jancarlos, Danilo, Durval e Marcão; Cocito (Tiago Vieira), Alan Bahia, Fabrício e Fernandinho (André Rocha); Lima (Ticão) e Aloísio. Técnico: Antônio Lopes

Marcos Freire, o ?anjo da guarda? dos são-paulinos

Buenos Aires – O São Paulo não tem atuado bem apenas dentro de campo. O clube está indo tão bem como o time. Um trabalho intenso de bastidores está sendo feito na competição. E venceu, fora de campo o River, a Rede Globo e o Málaga.

Na importância dada ao trabalho fora de campo estava a razão de tantos cumprimentos ao agente de viagens Marcos Freire, ao final da partida contra o River. ?Se ganharmos essa Libertadores, e eu tenho certeza que vamos ganhar, vai ter a minha mão nesse título?, diz.

Sua última atuação foi no jogo contra o River. O São Paulo chegou terça-feira à noite, mas ele estava em Buenos Aires na segunda de manhã. Chegou ao aeroporto e, dali, foi diretamente à Embaixada do Brasil. ?Tratei de todo o esquema de segurança e conseguimos aquela cobertura toda, com vinte motos e oito carros fazendo escolta. Mesmo assim, houve pedradas na chegada ao estádio.?

Marcos foi até Assunção para exigir que o jogo contra o Tigres fosse mantido em seu dia original, uma quarta-feira, dia 15 de junho, e não para o dia 16 como havia sido adiado, sem consulta ao clube. ?Fizemos um trabalho muito bem explicado e mostramos à diretoria da Conmebol que a mudança tinha sido feita pela TV Globo, pensando apenas em seus interesses. E o São Paulo, que tinha uma viagem muito bem organizada, saindo de Belém, onde havia enfrentado o Paysandu, para Monterrey, seria prejudicado. E não é fácil vencer a Globo nessas coisas?, afirma.

A contratação de Amoroso teve lances mirabolantes. O jogador, em férias no Brasil, estava voltando à Espanha. No aeroporto de Cumbica, recebeu um telefonema de Milton Cruz pedindo que não viajasse porque o São Paulo tinha interesse em sua contratação. Ele, praticamente, desceu do avião. O contrato foi acertado.