Uma semana depois de a Justiça Federal caçar a naturalização da húngara Emese Takács por suspeita de fraude, outro caso polêmico de “reforço” do Brasil para os Jogos Olímpicos Rio teve um desfecho positivo. Nesta terça-feira, a Federação Internacional de Natação (Fina) autorizou que o goleiro sérvio Slobodan Soro, duas vezes medalhista olímpico, defenda a seleção brasileira de polo aquático. Ele deve estrear na Super Final da Liga Mundial, de 21 a 26 de junho, na China.

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Soro recebeu a naturalização brasileira em abril do ano passado, quando o então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT-SP) assinou uma portaria beneficiando ele e o central croata Josip Vrlic. Eles não cumpriam a exigência inicial de ter residência contínua no País há pelo menos quatro anos, mas se valeram de um dispositivo legal que prevê a redução desse prazo para um ano “se o naturalizando haver prestado ou poder prestar serviços relevantes ao Brasil”. Cabe ao ministro da Justiça fazer essa análise subjetiva.

Ainda que a portaria publicada no Diário Oficial da União descrevesse que eles tinham residência permanente no estado do Rio, a Fina nunca aceitou essa tese com relação a Soro. Afinal, à época, ele era goleiro titular do Partizan Belgrado, da Sérvia, um dos clubes mais tradicionais do mundo no polo aquático. Jogava a Liga Adriática e a Liga dos Campeões da Europa, o que obviamente exigia residência em Belgrado. Não há como morar no Rio e treinar todo dia na Sérvia.

Para admitir a chamada “naturalização esportiva” do jogador, a Fina exige que um atleta demonstre filiação de pelo menos um ano a um clube do país pelo qual pretende jogar. A última partida de Soro pelo Partizan foi em 15 de maio de 2015. A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) defende que, desde o dia seguinte, ele é atleta exclusivo do Botafogo.

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Para comprovar essa versão, a entidade organizou, no mês passado, o Troféu Brasil de Polo Aquático. Com o boicote de 10 dos 12 clubes que têm equipes de alto rendimento no País, o torneio teve a participação de quatro times, sendo um amador. Para completar a tabela, o Botafogo entrou com dois times: um A, outro B. Com Soro, foi campeão.

A Fina aceitou a documentação e, nesta terça, liberou Soro para defender a seleção brasileira em partidas oficiais – ele já tem disputado amistosos. O goleiro, medalhista de bronze em Pequim-2008 e em Londres-2012 com a Sérvia, chegou ao Brasil como parte de um grupo liderado por Felipe Perrone, considerado um dos melhores jogadores do mundo.

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Carioca, Perrone defendia a seleção espanhola, pátria da avó, e só aceitou voltar a jogar pelo Brasil se tivesse a garantia de um time em condições de brigar por medalha. Nesse sentido, indicou à CBDA tanto Soro quanto Vrlic, que também não tem laços sanguíneos ou civis com brasileiros. A Fina aceitou mais facilmente a naturalização do central croata, que inclusive foi o artilheiro da fase intercontinental da Liga Mundial, disputada no Japão na semana passada.

Como mostrou a Agência Estado em junho do ano passado, Slobodan Soro, naquela época, recebia da CBDA R$ 18.746 mensais líquidos em uma conta do Banco do Brasil. Os pagamentos começaram em fevereiro de 2014 e deverão até a Olimpíada. A CBDA admitiu, à época, que paga R$ 25 mil mensais para que Perrone, Vrlic e Soro joguem a Olimpíada pelo Brasil. Só em salários, eles custarão R$ 2,6 milhões à CBDA.