São Paulo – ?Foi Deus quem colocou o Corinthians e o médico Paulo de Faria na minha vida. Eu poderia estar morto agora.? O ex-lateral Filipe Alvim está feliz por estar vivo e poder estar ao lado de sua mulher Josi e o filho recém nascido Davi e até aliviado por seu segredo de um ano e dois meses ter sido revelado pela Agência Estado.
Filipe Alvim encerrou a sua carreira aos 27 anos no Corinthians por causa de uma arritmia no coração. Morando em Juiz de Fora, ontem, ele decidiu atender ao telefone. E deu uma entrevista reveladora. O Acadêmica de Coimbra, de Portugal, clube que era dono do seu passe, além de errar o diagnóstico definiu o problema cardíaco como asma não pagou tudo o que devia. Mesmo sabendo que ele nunca mais entrará em campo.
E Filipe admite que o final de sua carreira poderia ter sido pior. Antes de parar contra o Cruzeiro no dia 21 de novembro de 2004, ele sentiu seu coração falhar no fatídico dia 27 de outubro no Pacaembu. Ficou quieto. Naquele mesmo dia, Serginho do São Caetano morreu no Morumbi, no jogo contra o São Paulo.
AE – Qual foi a sua reação quando soube que teria de parar de jogar?
Filipe Alvim – ?O médico e meu amigo Paulo de Faria foi direto. Falou que eu teria de fazer exames no coração. Depois, ele teve acesso aos resultados e me explicou. Fiquei surpreso, triste. Mas minha mulher e minha mãe foram muito fortes. E o fato de eu ser cristão me fez ver que eu deveria agradecer por estar vivo. Infelizmente o Serginho não teve essa chance.?
AE – Como você manteve segredo sobre seu problema cardíaco?
Alvim – ?Eu havia combinado com o pessoal do Corinthians que não havia necessidade de sair espalhando. Mas não vou mentir. Se a notícia vazou, vazou.?
AE – Você havia se sentido mal antes no Corinthians?
Alvim – ?Senti e não falei nada para ninguém. Estava jogando contra o Criciúma. Senti falta de ar e um forte incômodo. Sei que errei. Deveria ter avisado aos médicos, mas não quis. Pensei que fosse melhorar. Em Portugal havia me sentido mal duas vezes. Os meus companheiros do Acadêmica disseram que meu rosto ficou branco. Sei que errei, mas jogador às vezes é assim mesmo. Esconde dores acha que nada de mau pode acontecer com ele.?
AE – Qual é a sua situação atual?
Alvim – ?Estou cursando faculdade de Educação Física e tendo uma vida normal. Tive uma bênção com o nascimento do meu filho Davi. Minha mulher tinha dificuldade para engravidar. Foi como se Deus me mostrasse como a vida é maravilhosa. Não sinto nada. Só não posso participar de esporte de competição. O coração acelera demais com o esforço?.
AE – O Acadêmica de Coimbra errou o diagnóstico. Os médicos diagnosticaram asma…
Alvim – ?Sim. Eles erraram. Foi Deus quem colocou o Corinthians e o Paulo de Faria na minha vida. Eu poderia estar morto agora?.
AE – Os portugueses pagaram tudo o que lhe deviam?
Alvim – ?Infelizmente, não. Tinha contrato até 2007. Quando souberam do meu problema lamentaram, mas me pagaram a metade do que combinamos. Vou para lá tentar receber?.
AE – Você está conformado pelo fato de não poder mais jogar?
Alvim – ?Ainda tenho uma esperança de que tudo reverta. Mas estou preparado para seguir longe dos campos. Vou acabar a Faculdade de Educação Física e comandar um projeto com crianças carentes aqui em Juiz de Fora. E agradecer sempre a Deus a chance de ver o Davi crescer.?