Hélio Cury ignorou o discurso de moralidade e seguiu o exemplo de outras federações e da Confederação Brasileira de Futebol: estendeu até 2015 o mandato na presidência da Federação Paranaense de Futebol (FPF).
A Assembléia Extraordinária entre os filiados da FPF aprovou o novo estatuto da entidade e também o prolongamento do mandato, condicionado à vinda da Copa de 2014 a Curitiba. Foram 55 votos favoráveis e apenas uma abstenção (do Atlético).
Na véspera, Cury garantiu à reportagem do Paraná-Online que o novo estatuto não continha a extensão do mandato. De fato o item não constava do documento, mas foi apresentado durante a assembléia em ofício assinado por cerca de 70 filiados.
Hélio tentou se mostrar surpreso com a manifestação. “Não pude dizer não aos filiados”, alegou, admitindo, porém, que tinha ouvido “rumores” sobre tal intenção dos membros do colegiado.
Como o mandato não poderia terminar no meio de 2014 por causa do fechamento das contas, as próximas eleições ocorreriam apenas em 2015. Caso a Copa não venha ao Paraná o mandato termina em abril de 2012, como previsto originalmente.
Cury diz considerar importante que a Federação não mude de mãos às vésperas da Copa. “O governo do Estado e a prefeitura serão outros até 2014. É preciso haver alguém na Comissão Gestora que tenha acompanhado o processo desde o início”, alegou. Em 2012, porém, as subsedes da Copa já estarão definidas e as obras necessárias ao Mundial deverão estar em pleno andamento.
O novo regimento interno da FPF estabelece ainda o limite de uma reeleição para cada cargo da Federação. Mas outra artimanha jurídica, inserida no artigo 82, determina que a norma vigora somente a partir da próxima eleição, em 2012.
O assessor jurídico da FPF, Juliano Tetto, confirmou que a regra permitirá a Hélio Cury emendar uma seqüência de três mandatos. Portanto, o atual presidente poderia ficar à frente da FPF até 2023, somando-se o prolongamento do atual mandato e mais duas eleições.
Sozinho
Único a discordar do processo, o representante do Atlético, Gil Justen Filho, alegou que o clube desconhecia o conteúdo do novo estatuto. “Não fomos convocados para discuti-lo”, justificou.
A FPF argumenta que a reforma foi discutida com os filiados que procuraram Hélio Cury. Mas o Paraná Clube, por exemplo, também não conhecia previamente o teor do documento. Mesmo assim, votou a favor.
“Demos um voto de confiança à nova administração”, disse o presidente Aurival Correia. O Coritiba, representado pelo presidente Jair Cirino, também referendou o novo estatuto.
Fechando o cerco
Outras mudanças importantes aprovadas são a necessidade de assinatura de 30 filiados para inscrição de chapas nas eleições (o que dificulta a formação de uma oposição, pois antes não havia limite mínimo) e a votação secreta para a presidência (o estatuto anterior não esclarecia com exatidão o modelo da eleição).