Graças a uma promoção da Nestlé, com uma lata de achocolatado de R$ 4 foi possível entrar no Morumbi e ver um time misto do São Paulo bater o Figueirense por 4 a 2 neste sábado. Mas só 3.908 pessoas aproveitaram essa pechincha. E a maioria delas deve ter voltado para casa pensando: era melhor ter ficado com o chocolate.
O nível técnico do jogo foi sofrível. O velho zagueiro Cléber, por exemplo, deu uma furada digna de vídeo-cassetada. Ele se redimiu depois com um golaço, é verdade. Mas quatro dos seis gols da partida saíram de falhas absurdas da zaga.
No fim, o resultado pouco importou para o São Paulo, que só pensa no Mundial, e complicou muito o Figueirense, que luta desesperadamente para não cair e pode voltar hoje à zona de rebaixamento, caso o Coritiba vença o Atlético-MG, no Mineirão.
A primeira lambança da partida aconteceu aos seis minutos. Em cobrança de falta, Cicinho alçou a bola na área e os zagueiros do Figueirense, estáticos, ficaram olhando o baixinho Souza (1 76 m) cabecear sozinho. Edson Bastos fez linda defesa, mas no rebote Fábio Santos mandou para a rede.
A vantagem tricolor durou dez minutos. Aos 16, Edmundo cruzou rasteiro da esquerda, o zagueiro Alex falhou feio e a bola sobrou para Adriano chutar, sem chance para o goleiro Flávio Kretzer.
Estava tudo igual em número de gols e de lambanças, quando o veteraníssimo Cléber viu suas próprias pernas darem um nó, deixando a bola sobrar para Christian, que não foi fominha e rolou para Thiago Ribeiro fazer um lindo gol, aos 23 minutos.
Foi feio. Por isso, Cléber entendeu que era preciso compensar. E o fez em grande estilo. Foi ao ataque, recebeu de Edmundo, ajeitou, viu Flávio Kretzer adiantado e chutou com curva, colocado, no ângulo esquerdo do gol tricolor, aos 38. "Eu falhei no segundo gol. Então senti que tinha de compensar meu erro. Acabei sendo iluminado com esse belo chute", disse Cléber.
Aos 40, um lance preocupante: Josué e Bilu bateram cabeça ? literalmente ? e caíram no gramado, sangrando. O volante tricolor precisou levar 12 pontos no supercílio. Mas voltou para o jogo e não preocupa a comissão técnica para a disputa do Mundial. Além de Josué, o técnico Paulo Autuori escalou ontem outros quatro titulares: Cicinho, Fabão, Souza e Christian.
No segundo tempo, foi a vez de meio-campistas e atacantes cometerem erros infantis. Sempre que uma das duas equipes chegava perto do gol adversário, alguém errava o chamado "passe final".
Assim, não é de se espantar que o terceiro gol tricolor tenha saído após outra pixotada: Souza cruzou da esquerda, Da Silva "furou" e a bola sobrou para Thiago marcar seu segundo gol no jogo, aos 23.
Mas ainda dava tempo para a zaga do Figueira bancar os "Trapalhões" de novo: aos 40, o zagueiro Moreira e o goleiro Edson Bastos se desentenderam e a bola sobrou para Thiago, que deve ter sentido a vergonha alheia, mas não bobeou e fez o terceiro dele no jogo. Os 32 torcedores do Figueira no estádio (dava para contar!) ficaram com vontade de gritar: "Au, au, au, eu quero meu Nescau!"