A Fifa vai apresentar à CBF uma nova proposta de contrato sobre as condições para transferir ao País cerca de US$ 100 milhões (cerca de R$ 311 milhões) que havia prometido como legado da Copa do Mundo de 2014. Nesta quinta-feira, uma delegação da CBF se reunirá com a entidade máxima do futebol em Zurique. Mas a entidade brasileira admite que, apesar do novo contrato, dificilmente o dinheiro sairá neste ano.

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O Estado apurou em Zurique que advogados já deixaram claro para interlocutores da CBF que a entidade terá de esperar o processo criminal contra os cartolas do futebol terminar nos Estados Unidos, especialmente o caso contra José Maria Marin e o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. Só então seria avaliado se os recursos poderão ser enviados.

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A CBF vinha tentando convencer a Fifa a liberar quase US$ 100 milhões para o futebol brasileiro. Mas já ouviu dos advogados da Fifa que dificilmente o caso seria resolvido antes dos processos nos tribunais de Nova York, em solo norte-americano.

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Ainda assim, a Fifa quer manter o debate e indicou que vai apresentar nesta quinta-feira uma proposta de acordo. A CBF, porém, quer saber o que vai constar do novo projeto. Um dos temores é de que a proposta retire responsabilidades da Fifa e as transfira para a entidade brasileira. Assim, ficaria explícito que, enquanto o caso de Marco Polo Del Nero não se resolva, o dinheiro não será depositado.

Del Nero foi indiciado nos EUA por corrupção e advogados sugeriram à Fifa a não repassar recursos para a entidade brasileira enquanto o processo esteja em curso nos EUA. Outro argumento que também pesa é o fato de que a Fifa quer se apresentar no julgamento como vítima dos cartolas sob suspeita. Portanto, repassar o dinheiro a um deles poderia minar esta estratégia.

TÉCNICOS – A questão do dinheiro não será o único ponto na agenda da reunião entre a CBF e a Fifa. Os brasileiros vão ainda pedir para a entidade reconhecer as licenças brasileiras aos treinadores, o que os permitiria atuar no exterior e inclusive na Europa.

A CBF acusa a Uefa de criar uma “reserva de mercado” ao impedir o reconhecimento dos certificados brasileiros. Por isso, a CBF tem buscado o reconhecimento na África e na Ásia, na esperança de criar uma pressão sobre a Fifa. A CBF admite que pode ter de realizar algumas adaptações para atender ao “padrão Fifa”. Mas quer, pelo menos, abrir essa brecha.

Para completar, a CBF ainda vai debater a necessidade de a Fifa reconhecer a Copa América de 2019 no Brasil no calendário internacional, o que permitiria à entidade convidar seleções europeias para o evento. O projeto é de ter 16 seleções: dez sul-americanas, além de México, EUA, China, Japão e duas europeias.

Por fim, a CBF ainda tratará de pendências jurídicas que ainda existem com o Comitê Organizador da Copa de 2014. Por conta de processos na Justiça, a entidade até hoje não foi fechada.