Membros da Fifa, da CBF e do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo fizeram uma nova vistoria na Arena da Baixada, ontem, e, ao contrário do que a CAP S/A – sociedade de propósito específico criada pelo Atlético para gerir as obras – afirma, as obras não estão 83% concluídas. De acordo com eles, apenas 75% da reforma está pronta. A explicação para a diferença no cronograma da obra é que a Fifa leva em consideração a questão do financiamento das obras, enquanto a CAP S/A considera toda a estrutura do estádio.
Com esta diferença, para que a Arena esteja totalmente concluída no dia 31 de dezembro seria preciso uma evolução de 12,5% por mês. Mesmo com o fato de que o estádio precisa estar entre 90% e 95% concluído até o último dia do ano, isso obrigaria um avanço de cerca de 10% no que resta de novembro e outros 10% ao longo de dezembro.
Desta forma, o evento-teste, programado para o dia 26 de janeiro, fica ainda mais ameaçado. Apesar disso, o secretário municipal para assuntos da Copa do Mundo, Reginaldo Cordeiro, garantiu, mais uma vez, que o jogo será realizado normalmente. ‘Está mantido este jogo-teste em janeiro. O único comentário que eles fizeram é que atrasou o cronograma. Mas eles se mostraram tranquilos, desde que não comprometa o jogo-teste. No final do mês serão concluídas as estruturas metálicas e na sequência será colocado o gramado. Tudo que é necessário para este evento estará pronto em janeiro’, assegurou.
Porém, a CAP S/A não confirma a realização da partida, principalmente porque não consegue a liberação do empréstimo junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O entrave maior está no fato de o Furacão não ter como dar novas garantias para o pagamento de mais recursos, como passou a exigir o BNDES. Além disso, o Tribunal de Contas do Paraná (TCE-PR) recomendou que a Agência de Fomento não repasse mais nenhuma parcela até que o clube cumpra com suas obrigações e faça o pagamento de R$ 1,7 milhão, referente aos juros do financiamento que já recebeu anteriormente. O valor total da obra está orçado em R$ 265 milhões, que será dividido igualmente entre Atlético, governo do Paraná e Prefeitura de Curitiba. A diferença é que o poder público tem como garantir que fará o pagamento do empréstimo junto ao BNDES. Já a CAP S/A, não.
O assunto, inclusive, foi tema da reunião que ocorreu no Palácio do Governo, logo após a visita à Arena, onde foi explicado ao diretor-executivo do COL, Ricardo Trade, ao diretor-geral da Fifa no Brasil, Ron Del Mont, e ao secretário-geral da Fifa no Brasil, Eric Lovey, todos os entraves que fizeram com que a reforma ficasse atrasada. ‘Tentamos expôr todas as dificuldades que tivemos no passado, devido à questão financeira, ao embargo das obras (que paralisaram a reforma por seis dias) e também à fiscalização do Tribunal de Contas. A visita foi justamente para acompanhar a obra, ver o cronograma e também verificar esta questão de como vai ser feito o financiamento da diferença’, explicou Cordeiro, referindo-se aos R$ 80,4 milhões a mais do valor inicial da reforma.