Sem mudanças, não haverá dinheiro. Mais de dois anos depois da Copa do Mundo no Brasil, a Fifa continua a rejeitar a liberação de quase US$ 100 milhões para a CBF, num fundo que havia sido criado para apoiar o desenvolvimento do futebol brasileiro em regiões desfavorecidas.

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Nesta sexta-feira, em Zurique, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, mandou um duro recado à CBF e aos dirigentes da Conmebol. Apenas uma mudança de comportamento por parte dos dirigentes é que vai garantir resultados.

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“É positivo que os estatutos foram emendados na Conmebol. Existem muitos desafios e isso é um passo importante na direção correta. Mas, se isso será suficiente, será determinado pelos fatos no final. Você pode ter as melhores regras e regulamentos do mundo, mas, se você não as cumpre, não será de ajuda alguma”, disse. Sobre a CBF, ele também insiste na mesma direção. “Ela precisa passar por reformas. Todos precisam”, ressaltou.

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Na Fifa, Del Nero está sendo oficialmente investigado e, segundo a reportagem do Estado apurou, o processo caminha para uma conclusão ainda neste ano. Altos executivos do sistema de tribunais da entidade chegam a chamar de “grande piada” a permanência de Del Nero no comando da CBF.

Internamente, tanto a CBF quanto a Conmebol iniciaram processos de reformas, na esperança de convencer a Fifa de que a região que foi o epicentro do escândalo de corrupção no futebol em 2015 estão sofrendo mudanças importantes. Mas, por enquanto, o processo não tem sido suficiente para convencer a Fifa a liberar os recursos que a entidade tem direito de receber.

Dos US$ 100 milhões iniciais, apenas 8% foram enviados ao Brasil. Mas isso ocorreu antes da prisão de José Maria Marin, em maio de 2015. Desde então, o ex-auditor chefe da Fifa, Domenico Scala, optou por congelar toda a transferência.

O Estado apurou com exclusividade que, ainda em 2015, Del Nero e o restante dos dirigentes sul-americanos se queixaram da atitude de Scala de bloquear os recursos. Em reuniões, os brasileiros insistiam que nenhum recurso prometido pela Fifa deveria ser impedido de ser transferido.

Mas, na Fifa, a percepção é diferente e o sistema estabelecido prevê que a definição até mesmo sobre como os recursos serão usados partirá de Zurique, e não da CBF. François Carrard, o homem que liderou a reforma da Fifa, é outro que critica abertamente a situação no Brasil. “Se uma pessoa está indiciada, ela não está na posição de fazer uma reforma”, disse. “Algumas pessoas têm acumulado muito poder”, reforçou.

Para ele, essa concentração pelo poder no Brasil tem sido “uma debilidade, e não uma fortaleza”. “Ainda existe muito a cultura do líder único, machista, como numa tribo”, afirmou.

Hans Eckert, o alemão que serve na prática como o juiz da Fifa, garantiu nesta sexta-feira que os casos relativos a Del Nero, assim como os que envolvem Ricardo Teixeira e Marin, chegarão “logo” em sua mesa. “Não tenho dúvidas”, disse.