O assunto “calor” colocou a Fifa sob pressão e fez a entidade bater cabeça. Um dia depois de afirmar que durante a Copa do Mundo de 2014 estará em vigor o que foi decidido pelo Comitê Executivo em outubro, ou seja, que apenas partidas em que a temperatura ambiente for superior a 32ºC terão paradas técnicas para os jogadores se hidratarem, nesta quinta-feira o secretário-geral Jerôme Valcke anunciou uma nova determinação.
Segundo ele, caberá a uma junta formada por árbitro, médico e delegado da partida decidir se o jogo deve ou não ser interrompido. E mais: caso haja necessidade, uma partida pode ter mais do que uma paralisação por tempo – e por um período indeterminado.
“No jogo há três autoridades: o delegado-geral, os representantes da área médica e o árbitro. Essas três pessoas estão sempre conversando antes dos jogos para garantir a segurança de todos os que estão nos estádios. No jogo em que as condições (climáticas) indicarem, vai haver interrupção e eles decidirão quantas serão e quanto durarão”, disse Valcke.
O secretário-geral citou ainda o exemplo da final dos Jogos Olímpicos de 2008, entre Argentina e Nigéria, disputada às 12 horas na China, para defender a realização de partidas em horários em que o sol é mais intenso. “Essa não é a primeira vez que temos jogos assim. Em 2008, em Pequim, foi assim. Há um senso comum para evitar problemas e isso, inclusive, está no regulamento das competições”.
Questionado sobre os transtornos que os jogos do Mundial que serão realizados às 13 horas podem trazer para os torcedores, Valcke comparou a situação do público com a dos atletas e minimizou a questão. “É menos difícil para o público do que os jogadores porque ele pode sair um pouco do sol e beber água. Mas estamos levando a hora do jogo em consideração e não sei quem pediu a parada técnica porque isso já faz parte. Se médicos e árbitros sentirem que é importante parar, isso vai acontecer”.
O técnico da Itália, Cesare Prandelli, é o principal defensor da proposta de paradas técnicas em todas as partidas do Mundial, independentemente da temperatura e do horário do jogo. Ele passou a apoiar a ideia depois de a sua seleção sofrer na Copa das Confederações. Ele está na Costa do Sauipe (BA) por causa do sorteio e espera aproveitar o evento para atrair o apoio de mais treinadores e tentar convencer a Fifa. “Não é um capricho. É uma necessidade absoluta”, disse.
O também italiano Fabio Capello, técnico da Rússia, usa como argumento os jogos do campeonato nacional do país da sua seleção. Lá, no mês de julho, todas as partidas são interrompidas aos 23 minutos de cada tempo para os jogadores beberem água.