Os carros pretos de luxo foram trocados por furgões. O hotel de extremo luxo substituído por outro com um caráter mais executivo. Reuniões e salários foram cortados, assim como a conta em restaurantes pela cidade de Zurique.
Fechando 2015 com um déficit de mais de US$ 110 milhões e na tentativa de convencer o mundo de que mudou, a Fifa passou a adotar políticas de maior austeridade. Nada de passar fome ou de dormir em um hotel que não seja cinco estrelas. Mas alguns dos hábitos mantidos por cartolas por décadas começam a ser cortados pela nova administração.
A meta ainda é atrair novos patrocinadores. Mas, para isso, a entidade precisa mostrar que não está esbanjando dinheiro no bem-estar dos cartolas, e sim destinando a verba ao futebol. Nesta semana, em apenas quatro dias de reuniões, a Fifa economizou US$ 120 mil com as novas medidas.
O primeiro corte foi no local de hospedagem dos dirigentes. Se por décadas o hotel usado era o aristocrático Baur au Lac, palco das prisões em 2015, agora a opção foi pelo Hyatt. O local continua sendo cinco estrelas. Mas sem a pompa quase monárquica do local preferido por João Havelange e Joseph Blatter.
Outra mudança: o fim dos carros para cada um dos cartolas, salvo no caso dos vice-presidentes da Fifa. Para ir e voltar de suas reuniões, dirigentes como Fernando Sarney e outros usavam uma vã que circulava entre o centro da cidade e a sede da Fifa.
Até mesmo os suntuosos jantares foram modificados ao ponto que, na quinta-feira, alguns dos antigos dirigentes ainda na Fifa chegaram a se queixar da qualidade do restaurante em Zurique para onde foram levados. Nos corredores, o comentário geral era de que a comida não estava “no padrão” que estavam acostumados.
Os novos dirigentes que, nesta semana, participaram pela primeira vez das reuniões da Fifa, não deixaram de se surpreender com a crítica que ouviram de seus “veteranos” sobre a comida.
REFORMA – Mas a reforma nos gastos da Fifa vai muito além de cortes superficiais. Das quatro reuniões tradicionais que ocorriam por ano com a cúpula da entidade, a nova administração reduziu os encontros para apenas três, sendo que um deles vai coincidir com a festa para dar o prêmio ao melhor jogador do mundo, em janeiro. Isso, na prática, economizará passagens para mais de 30 pessoas em primeira classe e todos os gastos de hotel.
Tanto Infantino como sua equipe também contam com salários menores que eram pagos a Joseph Blatter e sua administração, ainda que os padrões superem a marca de US$ 1 milhão ao ano. Das onze empresas que a Fifa mantém, duas já foram fechadas nesta semana e as restantes devem seguir o mesmo caminho.
“Temos de racionalizar os custos”, afirmou Fatma Samoura, secretária-geral da entidade. “Queremos chegar em 2018 com um superávit de US$ 100 milhões”, explicou. Segundo ela, porém, os patrocínios ainda não conseguiram ser confirmados para atingir esse objetivo. “Temos alguns buracos ainda”, disse. Nas contas dela, a entidade ainda precisa fechar com empresas aéreas e bancos como patrocinadores.
“Não precisamos de tantos gastos para áreas que não são do futebol”, disse Infantino. “Estamos sendo mais eficientes”, completou.