Os jogos da Copa do Mundo e os amistosos preparatórios de diversas seleções estão sendo alvo do crime organizado internacional. O alerta foi recebido pela Fifa, que já indicou que sabe que jogadores e árbitros que estarão na competição no Brasil receberam assédio de grupos que tentam manipular resultados.
O jornal norte-americano New York Times revelou que, antes da Copa de 2010, 15 amistosos tiveram os seus resultados manipulados e que a própria Fifa confirma as suspeitas em relação a cinco jogos. Durante o Mundial da África do Sul, um árbitro chegou a receber a oferta de US$ 400 mil (R$ 896 mil, em valores atuais) para manipular uma partida.
O modo de agir dos grupos criminosos é bastante simples. Eles “compram” jogadores por até US$ 20 mil (R$ 44,8 mil) para garantir um determinado resultado em uma partida. Com o esquema já montado, o grupo injeta milhões de dólares em casas de apostas da Ásia e saem com expressivos lucros.
A Fifa admite que a Copa não está imune ao problema e reconhece que a principal ameaça estará nas partidas da última rodada da fase de grupos, aquela em que algumas seleções já estarão desclassificadas e, portanto, não terão mais nada a perder.
Outra suspeita se refere aos amistosos que ocorrem nestas semanas que antecedem o Mundial do Brasil. A Fifa afirma que sabe que alguns jogadores e árbitros que estarão em ação na Copa já foram contactados por criminosos.
Segundo o jornal norte-americano, um informe da Fifa de 2012 revela que um amistoso disputado em maio de 2010 entre a seleção da África do Sul, na época comandada pelo técnico Carlos Aberto Parreira, e o time da Guatemala teve o resultado manipulado. O árbitro da partida foi Ibrahim Chaibou, do Níger. De acordo com o informe produzido pela Fifa, ele recebeu US$ 100 mil (R$ 224 mil) para manipular o placar. Seu “método” para executar o serviço foi apitar dois pênaltis que apenas ele viu. “Podemos concluir que o jogo foi manipulado”, reconheceu a Fifa.
Chaibou, ainda segundo o informe, foi pago por um grupo de apostadores de Cingapura liderado pelo magnata Wilson Perumal, preso em 2011. Em 2010, o asiático chegou a oferecer US$ 400 mil (R$ 896 mil) para que o árbitro de uma partida da Copa da África do Sul manipulasse o resultado. A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo obteve um trecho do informe que revela que, de fato, a empresa de Perumal estava escalada para fornecer árbitros para um total de seis amistosos antes da Copa. O que mais chamou a atenção é que a empresa do magnata asiático se dispunha a pagar todos os gastos dos árbitros.