São Paulo – A F-1 continua mudando de cara. E se depender de Max Mosley, o presidente da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), em 2008 poderão chamar a categoria de qualquer coisa, menos de ser um exemplo de desperdício de dinheiro. O pacote de mudanças no regulamento apresentado ontem é claro em seus objetivos: reduzir custos. Para Mosley, a nova F-1 será formatada de modo a permitir que com US$ 100 milhões por ano ? ?ainda muito dinheiro no mundo real?, em suas palavras ?, qualquer equipe possa disputar o Mundial sendo competitiva.
Hoje, times como Ferrari e Toyota, as que mais gastam, torram US$ 400 milhões anualmente para colocar dois carrinhos em 19 GPs. ?O campeonato precisa ser viável para equipes independentes. Hoje, pelo menos três montadoras trabalham com orçamentos ilimitados. Isso é um mal para o esporte. Não queremos que aconteça conosco o que aconteceu na IRL?, falou o presidente.
Mosley se refere ao entra-e-sai das fábricas nas competições. A IRL americana perdeu Toyota e GM, e no ano que vem será monomarca, já que apenas a Honda resolveu ficar. Na F-1, comenta-se que a Renault, atual campeã, pode abandonar o campeonato no final de 2006, apesar de ser a atual campeã. ?Uma das montadoras da F-1 está gastando mais do que a metade dos seus dividentos anuais. Isso é insustentável. Mais cedo ou mais tarde seus acionistas vão perceber?, disse Max.
Uma das tentativas da FIA foi obrigar as montadoras a venderem motores por preço baixo aos chamados times independentes. Não pegou. Até porque esses times, na prática, acabaram. Dos 11 que começam o Mundial em 2006, sete pertencem a montadoras, dois à gigante de bebidas energéticas Red Bull, e um a um conglomerado financeiro russo (Midland, ex-Jordan). A última das moicanas é a Williams, com a saída da BMW perdeu o vínculo que tinha com uma grande da indústria automobilística.
O pacotão de Max prevê, entre outras coisas, motores que durem três corridas, fim do carro-reserva, volta dos pneus slick (lisos), asa bipartida na traseira (para permitir mais ultrapassagens), restrições nas mudanças aerodinâmicas durante uma temporada, motores com limitação de giros, unidade de controle eletrônico para gerenciamento de câmbio e motor padronizada, redução dos testes e câmbios que durem ao menos quatro GPs.
As medidas propostas serão votadas pelo Conselho Mundial em 22 de março. Mosley insiste que a F-1 não pode ficar nas mãos das montadoras e de sua sanha por vitórias que não tem preço. ?É um risco que não podemos correr.?