São Paulo – Um dia depois do GP mais vexaminoso da história da F-1, alguns fatos começam a emergir para ajudar a explicar o que aconteceu em Indianápolis. Ou, melhor, o que ?não? aconteceu na corrida dos EUA. A FIA divulgou comunicado criticando de forma virulenta as equipes que boicotaram a prova e a Michelin. E garantiu que tinha oferecido uma solução a todos, que seria simplesmente ordenar aos pilotos que usavam pneus franceses que reduzissem sua velocidade na curva 13.

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?Assim as regras seriam respeitadas, eles teriam marcado pontos e os fãs teriam tido uma corrida. Recusando-se a largar, a não ser que quebrássemos as regras e prejudicássemos os carros com pneus Bridgestone, eles causaram danos a si próprios e ao esporte?, diz a entidade.

A lógica da FIA, como sempre, é irrepreensível no discurso. ?A F-1 funciona com regras claras. E elas não podem ser negociadas cada vez que um competidor leva equipamentos errados para uma corrida?, começa o texto. A FIA denuncia um pedido quase imoral da Michelin. A empresa concordaria em reduzir a velocidade de seus carros na entrada do oval, desde que a Bridgestone fizesse o mesmo com seus carros.

Foi quando se sugeriu a chicane. O que, para a FIA, seria ?injusto e ilegal?. ?A Bridgestone tinha pneus adequados. Não precisavam diminuir sua velocidade. A falta de velocidade dos Michelin na curva 13 seria apenas o resultado de um equipamento inferior, o que é corriqueiro na F-1?, argumenta a entidade. De novo, deixando pouco espaço para contra-argumentação.

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Para a FIA, uma chicane seria algo perigoso por mudar demais as características da pista, e porque uma alteração seria feita às pressas, sem seguir nenhum procedimento de segurança, trazendo implicações para os carros e seus freios, dimensionados para o circuito original.

Por fim, nem a opção dos pneus trazidos da Europa era aceitável. ?A Michelin mesmo argumentou que estes também seriam inseguros?, afirma a FIA, para concluir, do alto de sua soberania sobre o esporte: ?É preciso deixar claro que nem a Formula One Management (FOM, empresa de Bernie Ecclestone), nem o Indianapolis Motor Speedway, como entidades comerciais, têm poder para alterar as regras?.

Convocação

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As equipes que usam Michelin foram convocadas pela FIA para dar explicações pelo boicote ao GP dos EUA. Os sete times retiraram seus carros da corrida depois da volta de apresentação porque a fabricante francesa alegou que não garantia a segurança dos compostos para as 73 voltas da nona etapa.

Os chefes das equipes, assim como diretores da Michelin, serão ouvidos pela entidade no próximo dia 29, durante reunião do Conselho Mundial, em Paris.