Primeiro foram as montadoras, que recuaram negando boicote ao Mundial. E o presidente da Ferrari, Luca di Montezemolo, até elogiou, segunda-feira, as mudanças na Fórmula 1 anunciadas dia 15 pelo presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), Max Mosley. Ontem foi a vez da entidade contemporizar. Resultado: a maior parte do pacotão vai entrar em vigor apenas na 11.ª etapa do campeonato, o GP da Grã-Bretanha, dia 20 de julho.
Com exceção da telemetria box-pista, aquela em que a equipe podia, dos boxes, alterar algum sistema de seu carro durante a corrida, proibida agora desde a abertura da temporada, dia 9 de março na Austrália. o restante das medidas que deveriam revolucionar a Fórmula 1 ficou para depois. Até a etapa de Silverstone, na Inglaterra, os times poderão manter em seus carros o controle de tração, o sistema de largada e o câmbio automáticos. Mosley queria bani-los já, mas ontem na reunião do Technical Working Group (TWG), em Londres, com a presença de representantes das dez escuderias e de Charlie Whiting, o delegado técnico da FIA, um acordo estendeu o período para proibição desses recursos eletrônicos.
A solução de compromisso encontrada definiu outros aspectos dos regulamentos técnico e esportivo. Apesar de a telemetria box-pista ter sido proibida, a telemetria pista-box será permitida até a última etapa do Mundial, o GP do Japão, dia 12 de outubro. A partir de 2004 estará proibida. Talvez seja a única alteração que, de fato, necessitasse de um espaço de tempo grande para ser adotada. Os carros de Fórmula 1 são monitorados em muitas de suas funções, como motor, transmissão, sistema hidráulico. A telemetria repassa os dados coletados para os técnicos, nos boxes, via ondas de rádio. Essas informações oferecem um raio-x instantâneo do comportamento desses sistemas.
Conforme ficou provado semana passada, quando Williams-BMW e Toyota treinaram sem o controle de tração, depois de saberem da sua proibição, estender a permissão para esses recursos, como fez ontem Mosley, só se explica pela força das montadoras. Mosley fez mais concessões: o rádio, proibido pelo pacotão, será usado de novo. A novidade agora é que as conversas entre piloto e equipe serão disponíveis para os canais de rádio e TV. O carro-reserva virou inimigo de Mosley, que o proibiu dia 15. De novo o dirigente recuou. Se durante a classificação um piloto se acidenta, por exemplo, poderá usá-lo na corrida, mas largará em último. Vale o mesmo se a prova tiver nova largada por ser interrompida antes de duas voltas completadas.
Rubinho bate o alemão em treino
O brasileiro Rubens Barrichello, da Ferrari, foi o mais veloz de ontem nos testes coletivos que algumas equipes de F-1 estão realizando na pista espanhola de Barcelona, na Espanha. Rubinho marcou 1min17s647 na melhor de suas 54 voltas, deixando em segundo o alemão Michael Schumacher, seu companheiro de equipe.
O terceiro foi o australiano Mark Webber, da Jaguar, que não confirmou se o carro utilizado pelo piloto foi o novo R4, lançado ontem. O brasileiro Antonio Pizzonia, companheiro de Weber, foi o oitavo. Os testes prosseguem hoje.
Em Valência
Em um dia de muito vento na região de Valência, McLaren, Williams e Sauber andaram na pista espanhola. O mais rápido do dia foi o austríaco Alexander Wurz, da McLaren, que marcou 1min12s732 na melhor de suas 28 voltas. Entre as novidades, o alemão Heinz-Harald Frentzen andou com o carro novo da Sauber, que tem seu lançamento marcado para o próximo dia 9 de fevereiro, mesma data da Ferrari.