Antônio Lopes prepara marcação cerrada, mas espera o troco. |
Se o São Paulo já é campeão, para que ir até o Morumbi jogar na quinta-feira? Esta é a pergunta que os jogadores do Atlético estão fazendo no CT do Caju, porque o time paulista parece estar em processo de comemoração antecipada da Copa Libertadores da América. Assim como nas outras fases e longe de abdicar de enfrentar o Tricolor, o Rubro-Negro já está usando e vai usar qualquer manifestação de "já ganhou" do adversário na partida decisiva de quinta-feira. Contra Cerro Porteño, Santos e Chivas Guadalajara a tática deu certo.
"Nós nem precisamos viajar para São Paulo. Vamos entregar o troféu para eles e não precisa fazer o jogo. Claro que isso que eu falo é brincadeira, as equipes têm que ser otimistas naquilo que fazem e todos os atletas do Atlético querem ser campeões também", analisa o goleiro Diego. Para ele, esse oba-oba é normal, mas os dirigentes e jogadores adversários devem manter o respeito. "Eu não sei se foram eles que realmente falaram, mas é um desrespeito a uma equipe. Em todos os jogos da Libertadores nunca fomos considerados favoritos e agora não é diferente", aponta.
A falta de respeito a que ele se refere são as faixas de tricampeão e toda a festa que os dirigentes já estão armando. De acordo com a imprensa paulista, o "já ganhou" está proibido dentro do Morumbi, mas o São Paulo não consegue esconder a comemoração que está armando. Seja no entorno do próprio estádio, seja na Avenida Paulista, tradicional reduto de comemorações de títulos esportivos. Na semana passada, o atacante Amoroso já tinha declarado que o Morumbi passaria a se chamar Morumtri.
"Eles estão bastante confiantes, mas o nosso time também está. Eles estão no direito deles e nós temos que ter a nossa confiança, se resguardar, falar o menos possível e jogar", aposta o lateral-esquerdo Marcão. Ele garante que tudo o que soar como menosprezo do outro lado será usado como uma arma a mais para ele e seus companheiros. "Por isso que nessas partidas decisivas, quanto menos você falar, menos vai dar motivos para o adversário. Quem fala muito, fala coisas que motivam o adversário, apesar de a nossa maior motivação é estar na final", finaliza Marcão.
Lopes quer mesma pegada no Morumbi
Um jogo de marcação forte. É assim que o técnico Antônio Lopes está trabalhando a semana e acertando o time para enfrentar o São Paulo na partida decisiva da Copa Libertadores da América. Para ele, quando o time entrar em campo, às 21h45 de quinta-feira, a pegada forte não será uma exclusividade rubro-negra. Por isso, os trabalhos estão sendo desenvolvidos no CT do Caju para evitar ao máximo os erros defensivos.
"O time do São Paulo é muito bom na marcação também. Eles marcam muito forte, fazem uma pressão boa no campo de ataque e no círculo central também", aponta. Assim, segundo ele, o Furacão não deve levar vantagem nesse quesito, apesar de um dos pontos fortes dessa equipe ser a pegada. "Vai acontecer a mesma coisa que aconteceu no primeiro jogo e a marcação dos dois lados vai prevalecer", projeta.
Hoje, ele deverá resolver se usa Fernandinho ou Evandro na meia-cancha. O restante da equipe não deve sofrer alterações em relação à formação que atuou no primeiro confronto em Porto Alegre. "Eles devem participar amanhã (hoje) dos trabalhos que fizemos hoje (ontem). Nós vamos repetir esse trabalho e vamos ver. Temos que treinar tudo aquilo que possivelmente a gente possa colocar no jogo", adianta.
Ontem, sem poder contar com os dois (que fizeram trabalhos regenerativos, pois atuaram domingo), ele usou Jorge Henrique como o homem de ligação. No trabalho tático, posicionou o time para chegar com força e velocidade ao gol adversário. Quem não esteve nos treinos foi o zagueiro Danilo, que chegou atrasado. Segundo informou o clube, ele foi liberado para tratar de assuntos particulares.
Diretoria recusa ingressos e deixa torcida na mão
Como já era esperado, a diretoria do Atlético recusou os 2,8 mil ingressos colocados à disposição pelo São Paulo para a partida decisiva da final da Copa Libertadores da América. Os dirigentes consideraram pequena a carga destinada para o time visitante. Hoje, o clube paulista define se vende esses bilhetes para os próprios torcedores ou para a torcida rubro-negra. Para compensar a possível ausência no Morumbi, o Furacão irá colocar telões na Arena para a exibição da decisão.
De acordo com o regulamento da competição, o clube mandante só tem a obrigação de ceder 40 ingressos para dirigentes e funcionários do visitante acompanharem a partida. Não há previsão de reservas de bilhetes para torcedores visitantes. Na Libertadores, isso depende de acordo entre os dirigentes. Na primeira partida, o Atlético cedeu 2 mil para o São Paulo. A reciprocidade ficou em 2,8 mil, mas não satisfez a diretoria rubro-negra.
Em nota oficial, o clube explica apenas que preferiu não aceitar os ingressos. Se quisesse ficar com eles, bastaria depositar o dinheiro correspondente ao valor de face. O clube chegou a solicitar mais bilhetes, alegando a proporcionalidade entre Beira-Rio (56 mil lugares) e Morumbi (75 mil), mas não foi atendido. Como consolo, o clube irá colocar telões dentro da Arena, para os torcedores assistirem a disputa pela tevê.
Sem ingressos para a própria torcida (todos vendidos com mais de uma semana de antecedência), a direção do São Paulo foi tomada de surpresa. De acordo com a assessoria de imprensa do Tricolor, somente hoje é que será definido o que acontecerá com os ingressos. Oficialmente, o clube paulista nem tinha sido informado da decisão do Furacão.
Para não ter que ver o próprio time pela televisão, a torcida organizada Os Fanáticos vai tentar conseguir esses bilhetes diretamente com o São Paulo. "Nós queremos ir de qualquer maneira. Vamos procurar uma alternativa", revela Juliano Rodrigues, vice-presidente. A uniformizada tem a intenção de ir com mais de mil torcedores para o Morumbi.
Baixada com a cara do Old Trafford
Carlos Simon
Estádio do Manchester United |
O impasse envolvendo o local da primeira final da Libertadores levou o Atlético a tomar uma decisão: vai mudar o projeto de conclusão de seu estádio. O clube já encomendou a revisão e definiu que a nova Arena terá capacidade para 40 mil torcedores, inspirada no Old Trafford, casa do Manchester United. As obras só devem começar no ano que vem.
O projeto original previa que a Arena comportaria 52 mil torcedores, mas algumas mudanças no decorrer da construção e as novas regras da Fifa mudaram este número para 34 mil. Com a perspectiva de abrigar jogos da Copa do Mundo de 2014, que deve ser no Brasil, o Atlético começou a reestudar esta capacidade final. A impossibilidade de disputar em casa o jogo contra o São Paulo acelerou a decisão.
Para acomodar estes seis mil novos lugares, o Atlético terá que "desalinhar" o estádio. O primeiro anel do "setor Expoente" será proporcional aos demais, mas o segundo será mais alto. "Não dá para fugir disso, mesmo com o espaço extra que teremos pela ausência das cabines de imprensa", antecipa Luiz Carlos Volpato, engenheiro que comandou a construção da Arena e é encarregado de executar a ampliação.
Assim, o novo estádio terá feição muito semelhante ao do time de Manchester: três setores do mesmo tamanho e uma reta com mais degraus. Só não está definido se o setor terá o formato de "tobogã" independente, como é o Old Trafford, ou se ele será unido ao restante da Arena.
A revisão do projeto ficará pronta num prazo de 60 a 90 dias. Como a planta ainda passará por aprovação da diretoria e conselhos do clube, é bem provável que as obras não comecem este ano.
No que se refere à engenharia, Volpato calcula que a conclusão demore cerca de oito meses. "Mas isso depende de outros fatores, como o caixa do clube", disse. O Atlético pensa em finalizar inicialmente o primeiro anel, deixando a capacidade em 31 ou 32 mil lugares. O anel superior deve começar a ser construído depois de 31 de dezembro de 2006, quando o Rubro-Negro recuperar integralmente o terreno no Expoente.
Semana decisiva pras tubulares
O Atlético decide esta semana se mantém as arquibancadas tubulares até o final do Brasileiro. A nova estrutura teve a aprovação da torcida, mas sua utilização no restante da temporada ainda depende de um estudo financeiro.
O espaço, que inicialmente seria erguido só para o jogo contra o São Paulo, foi ocupado no Atletiba de domingo por 3.500 torcedores. A diretoria pretende avaliar se este público foi incorporado ao borderô ou simplesmente migrou de outros setores. A entrada para a tubular no clássico custou R$ 10 – ou metade do valor cobrado atrás dos gols, até então o mais barato.
O contrato de locação com a empresa que instalou as tubulares termina na sexta-feira. O resultado da final da Libertadores pode influir na decisão, já que a eventual conquista do título atrairia mais torcedores aos jogos do Brasileiro.
Se mantiver as arquibancadas tubulares, o Atlético fará algumas adaptações, como a colocação de extintores de incêndio. "Manter a estrutura por três ou quatro meses implica em exigências maiores do que apenas para um jogo", falou o engenheiro Luiz Carlos Volpato. Os reparos, de acordo com Volpato, podem ser finalizados até o jogo contra o Fluminense, na quarta-feira da semana que vem.