Ferrari joga a toalha

?Olha, para a gente conseguir um sexto lugar no grid aqui, só tirando água de pedra.? A frase de Rubens Barrichello, que escapuliu ontem após os primeiros treinos para o GP de Mônaco, não contém apenas uma certa confusão de líquidos para atender ao ditado popular. Reflete o que virou a Ferrari com menos de um terço da temporada de Fórmula 1 disputada. A sexta corrida do ano é domingo, nas ruas de Monte Carlo, onde Michael Schumacher ganhou cinco vezes. E onde não tem a menor esperança de ampliar a marca.

Mônaco – Na abertura das atividades de pista, Barrichel -lo ficou em 15.º lugar. A diferença para Fernando Alonso, o líder do mundial e o mais rápido ontem, foi de 1s828. Uma eternidade. Schumacher foi menos pior: 11.º, a 1s335 do espanhol da Renault. Quase uma eternidade. ?A coisa está feia?, resumiu o brasileiro. Ele relatou problemas de freios, equilíbrio e dirigibilidade ? que pode ser traduzido como ?tudo?. O alemão sentiu ?vibrações estranhas? no carro. Nada sobrenatural. Coisa de roda, pneu e suspensão. Perdeu metade do segundo treino.

O time de Maranello está jogando a toalha porque não vê soluções a curto prazo para o problemático relacionamento entre seu bom chassi e seus maus pneus, da Bridgestone. As próximas oito provas do campeonato acontecem de duas em duas, com uma semana entre cada dobradinha, terminando a maluca seqüência no final de julho. Em agosto, é proibido testar. Portanto, o estágio de desenvolvimento de cada carro dificilmente evolui nos próximos três meses.

Claro que os ferraristas sempre podem contar com seus testes no quintal de Fiorano, mas é difícil imaginar que serão suficientes para descontar tamanho degrau em relação aos ponteiros. O negócio agora é pensar em 2006 e numa forma de manter Schumacher motivado o bastante para cumprir seu contrato até o fim da temporada que vem.

Lá na frente, entre as atuais equipes de ponta da categoria, Renault e McLaren travaram nas ruas do Principado um duelo no cronômetro, que terminou com a vantagem da primeira por 0s077. Alexander Wurz, piloto de testes dos prateados, foi que terminou em segundo, colado em Fernando. A surpresa do dia ficou por conta de David Coulthard, da Red Bull, em terceiro. Depois, mais um Renault, de Fisichella, seguido por dois McLaren, de Montoya e Raikkonen.

Hoje é dia de folga em Mônaco para a F-1. Os carros voltam à pista na madrugada de amanhã (4h) para novos treinos livres e começam a montar o grid com a primeira classificação, a partir das 8h. Na manhã de domingo, as posições de largada serão definidas. Como em Mônaco largar na frente é fundamental, porque a pista não tem pontos de ultrapassagem, pode-se imaginar o que será da Ferrari se não conseguir, como disse Barrichello, tirar água de pedra.

Alemão opta por motor velho

Mônaco – Embora tivesse direito a trocar de motor depois do GP da Espanha, já que abandonou a corrida de Barcelona, Michael Schumacher e a Ferrari optaram por disputar o GP de Mônaco com a mesma unidade.

A estratégia é clara: deixar para usar um motor novo em Nürburgring, pista de maior velocidade, onde os motores são mais exigidos. Em Mônaco, circuito que não demanda tanta potência, a Ferrari avalia que o motor das últimas provas dá para quebrar o galho.

Toyota na briga pela Williams

Mônaco – Não são apenas Honda e Cosworth que negociam com a Williams um futuro fornecimento de motores. A Toyota entrou na briga, porque não tem a menor intenção de ficar com a Jordan no ano que vem. A montadora, aliás, faz tudo que pode para que ninguém se lembre que seus motores são usados pelo time amarelo, para não passar vergonha. Nos papéis da equipe, nos quais são impressos comunicados de imprensa, não há menção à fábrica japonesa. Na carenagem dos carros, também não.

?Estamos de olho em todos que prometeram vender motores?, disse Frank Williams a interlocutores próximos, praticamente admitindo que a BMW é passado, embora o contrato entre as duas partes vá até 2009. Nas próximas semanas, os alemães devem fechar a compra da Sauber, ou ao menos uma parceria com a equipe. A Toyota tem até um plano de marketing para a Williams: introduzir na F-1 a marca Lexus, que é usada no segmento de carros de luxo da empresa nos EUA.

Já a Jordan, ao invés de virar Midland, pode passar às mãos de Eddie Irvine, que parou de correr em 2002, mas ganhou muito dinheiro como piloto da Ferrari.

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