Nürburgring – Alguma coisa mudou na Ferrari. Menos de dois meses depois de promover um dos maiores escândalos da história da Fórmula 1 ao obrigar Rubens Barrichello a entregar a vitória no GP da Áustria a Michael Schumacher, o time deixou seus dois pilotos resolverem o destino do GP da Europa. E ao brasileiro foi permitido, finalmente, vencer. Mesmo com o alemão na pista, logo atrás dele.
Assim, Rubens ganhou a segunda corrida de sua vida, na mesma Alemanha onde vencera pela primeira vez, em 2000. E não se pode dizer que foi um presente da Ferrari.
A vitória foi merecida, e definida na largada. O brasileiro foi “driblando” seus adversários durante a primeira volta no renovado circuito de Nürburgring, palco da nona etapa do Mundial de Fórmula 1. A Williams, que tinha dois pilotos na primeira fila, saiu para fazer apenas uma parada, com carros pesados. Rubens aproveitou a chance, com seu carro mais leve, e fechou a primeira volta na liderança. De lá não saiu mais.
Schumacher só conseguiu se livrar de Juan Pablo Montoya, o pole, e do irmão Ralf na terceira volta. Na quarta, estava em segundo, 2s8 atrás do companheiro. A diferença foi caindo, até 0s7 na 22.ª volta. Mas então Michael cometeu um erro, rodou e perdeu o contato com o brasileiro. “Errei, e Rubens não cometeu um erro sequer.”
As últimas 15 voltas deixaram no ar apenas uma pergunta: será que a Ferrari vai ordenar uma nova marmelada?
Não ordenou. E a imagem mais emblemática do dia foi de Ross Brawn, o estrategista do time. Percebendo que as câmeras de TV o focalizavam para flagrar uma possível troca de posições, o inglês pegou uma banana. Descascou e comeu. Sem muita sutileza, mandou uma banana literal para o mundo, como quem dissesse “aqui quem manda somos nós”. E mandam mesmo, como mandaram Schumacher não forçar, e ele não forçou.
Desta forma, volta-se à afirmação que abre este texto: o que, então, mudou na Ferrari? Mudou que quarta-feira tem julgamento na FIA da presepada de Zeltweg, e a repetição da vergonha de 12 de maio poderia ter consequências ruins.
Rubinho, o 4.º maior vencedor
Com a vitória de domingo no GP da Europa, Rubens Barrichello tornou-se o quarto brasileiro com melhor currículo na F-1, deixando para trás José Carlos Pace e sua vitória isolada em Interlagos/1975. O país chegou a 81 vitórias na categoria, duas de Barrichello.
Cinco pilotos brasileiros ganharam corridas na F-1. A primeira aconteceu em 1970, com Emerson Fittipaldi em Watkins Glen, no GP dos EUA. Ele corria pela Lotus. “Emmo” totalizaria 14 vitórias na carreira e dois títulos mundiais, conquistados pela Lotus em 1972 e pela McLaren em 1974.
Nelson Piquet, o campeão seguinte, ganhou 23 GPs. Conquistou os títulos de 1981 e 1983 pela Brabham e de 1987 pela Williams. Com o mesmo número de títulos, Ayrton Senna tornou-se o maior brasileiro na história da F-1, vencendo 41 GPs e sendo até hoje o recordista de poles na categoria, com 65.