São Paulo – Inaugurar uma ?era Alonso? está longe das ambições do mais novo bicampeão mundial da história. Aos 25 anos, o espanhol fechou sua passagem pela Renault ganhando dois dos quatro campeonatos que disputou como titular.
Disse que sai em busca de nova motivação. E que não vai alcançar os recordes de Schumacher. ?Não vou ficar tanto tempo assim na F1.? Veja as principais declarações de Alonso depois de sua segunda colocação ontem em Interlagos, que lhe deu o título com 13 pontos de vantagem sobre o alemão da Ferrari.
A conquista
?Dois títulos com 25 anos é algo difícil de acreditar que eu tenha conseguido. É muito mais do que eu sonhei. E é fantástico terminar dessa maneira minha relação com a Renault.?
A temporada
?O melhor momento foi em Barcelona, a vitória diante da minha torcida. Os piores, as decisões que considerei injustas, que todos sabem quais são, e que nunca vou esquecer. Mas mostramos que o caminho é esse, trabalho, fair play e dedicação. Nos mantivemos muito unidos e fortes nos maus momentos e eu nunca duvidei que iríamos ser campeões.?
Duelo com Schumacher
?Foi uma honra disputar com Michael e conseguir batê-lo nos seus dois últimos anos de carreira. É um grande campeão, e desejo tudo de bom a ele no futuro. Ganhar um título com Schumacher na pista, sempre disse isso, tem mais valor para mim. Orgulho-me muito de ter corrido contra ele.?
2007
?Acho que Felipe é um dos favoritos ao título. Ele, Kimi, a Renault, a Honda e, espero, a McLaren estão entre os que devem andar bem. Mas só vai dar para dizer alguma coisa depois de três ou quatro corridas.?
Era Alonso
?Não acho que isso vá acontecer. Nos últimos dois anos fomos os melhores, mas todo ano muda muita coisa. Acho muito difícil repetir o que Schumacher fez, dominar a F1 por tanto tempo. E também não acho que vou chegar a conquistar sete títulos, porque não vou ficar tanto tempo na Fórmula 1.?
Em Interlagos, o Brasil volta a ser o Brasil
São Paulo – Foram 13 anos de jejum. De um autódromo sempre cheio, de gente e de esperança de vitória. Algumas vezes, esperanças vãs. Em outras, concretas, mas frustradas por azares e desacertos daquele que, nesses anos todos, carregou nas costas a responsabilidade de fazer o torcedor brasileiro de Fórmula 1 reviver, nem que fosse por alguns instantes, os melhores momentos de seu maior ídolo, Ayrton Senna.
Pois o que este que carregou o fardo, Barrichello, não conseguiu em 13 anos, seis deles vestindo o macacão da Ferrari, Felipe Massa fez ontem. Em seu primeiro GP do Brasil por uma equipe grande. Com um macacão que não era vermelho, mas sim verde e amarelo. E sem grandes dramas, promessas, lágrimas. Aos 25 anos, Felipe fez Interlagos lembrar um pouco março de 1993. Ganhou, com a naturalidade dos que sabem que a vitória é tudo que um competidor tem de buscar, o tempo todo. E que por isso, quando ela vem, não deve ser tratada como uma supresa do outro mundo.
Foi tamanho o entusiasmo que tomou conta das 70 mil pessoas que encheram as arquibancadas do autódromo que dois outros episódios históricos acabaram ficando para trás na última etapa do mundial. O primeiro, e óbvio, a conquista do título por Fernando Alonso, da Renault. Ele, que precisava apenas de um oitavo lugar para chegar ao bi, terminou em segundo.
Alonso bicampeão, Schumacher saindo por cima, e o Brasil voltando a ser Brasil. É um bom resumo do que foi o domingo de Sol na zona sul da maior metrópole do país. Sim, o Brasil voltando a ser Brasil na F1. Afinal, nos anos 70s, 80s e 90s não eram raras as vitórias caseiras. Foram sete, em 1973, 74, 75, 83, 86, 91 e 93, com Emerson, Pace, Piquet, Senna. Nunca houve um hiato tão extenso quanto o que terminou ontem depois de 71 voltas, pouco mais de uma hora e meia de uma prova dominada de cabo a rabo por Massa.
Felipe disse que foi a corrida mais fácil de sua vida. Alonso, que nunca teve dúvidas sobre as conquistas, dele e da Renault. E Schumacher, que jamais poderia sonhar em conseguir tudo que conseguiu na F1, e que por isso era mesmo hora de parar. Assim terminou a temporada 2006, com um belo espetáculo e a sensação de que uma era, a do alemão, terminou sem que se vislumbre algo parecido para o futuro próximo.
Show de Schumi na última corrida
São Paulo – Michael Schumacher despediu-se da Fórmula 1 sem vitória ou pódio. Mas com um troféu, que lhe foi entregue por Pelé, e aplausos. Muitos aplausos, depois de uma de suas melhores atuações nos 250 GPs que disputou na carreira. E um único lamento: ?Se essa corrida tivesse mais umas cinco voltas, eu chegaria no pódio…?.
O alemão terminou uma prova repleta de azares pessoais em quarto lugar. As já parcas chances de título escorreram quando Fisichella tocou de leve o bico de seu carro no pneu traseiro esquerdo de Schumacher. Michael disse que foi o que lhe contaram. ?Ali fiquei meio desanimado. Mas o carro estava tão bom que comecei a passar todo mundo.?
Passar todo mundo não é força de expressão. Michael deixou ?marquinhas? nas carenagens de Tiago Monteiro, Robert Doornbos, Nick Heidfeld, Robert Kubica, Barrichello de novo, Fisichella outra vez e, finalmente, Raikkonen. Uma despedida com estilo, enfim. Que começou antes da largada, quando Pelé lhe fez a homenagem pelos 15 anos de carreira e terminou com declarações de todos seus pares, que podem ser resumidas a uma frase, de Felipe Massa: ?Ele é um gênio e vou sentir muito sua falta?.