Rafaela Raurich não viu Gustavo Borges, Fernando Scherer e cia levarem o bronze nos Jogos de Sydney, única medalha conquistada por um revezamento brasileiro na natação na história das Olimpíadas. Naquele agosto do ano 2000, a curitibana ainda estava na barriga da mãe. Agora, aos 15 anos, mais de um ano mais nova do que a ginasta Flávia Saraiva, ela tem grandes chances de ser a caçula do Time Brasil nos Jogos do Rio.

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Há exatamente um ano, em 11 de dezembro de 2014, Rafaela bateu seu recorde pessoal nos 200m livre com 2min03s86. Desde então, já baixou em quase 3s essa marca, para 2min00s96, tempo que lhe deu a vitória no Brasil Juvenil, há duas semanas, quando competiu sem fazer o polimento necessário. O foco está no Open de Natação, que começa na próxima quarta-feira, em Palhoça (SC), primeira das duas seletivas brasileira para o Rio-2016.

“Esse ano eu passei a acreditar que podia ir para a Olimpíada, mas não sabia que era tão possível assim. Quando fiz 2min1s44 no Maria Lenk (em abril), percebi que dava”, conta a menina. À época, tinha 14 anos e, por dois dias ficou classificada ao Mundial de Kazan.

Nadando a final B (esqueceu o RG, ficou nervosa nas eliminatórias e não se classificou para brigar por medalha na sua primeira competição adulta), Rafaela fez o quarto melhor tempo do Maria Lenk nos 200m livre, o que a colocaria como integrante do revezamento 4x200m em Kazan. Mas a veterana Joanna Maranhão depois abriu bem o revezamento do Pinheiros e baixou o tempo da menina, se classificando para nadar também essa prova na Rússia.

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Com o 4x200m feminino já garantido no Rio-2016, são quatro vagas em jogo, para os melhores tempos do Open da próxima semana e do Maria Lenk do ano que vem. Manuella Lyrio e Jessica Oliveira têm tempos na casa de 1min58s e estão praticamente garantidas, assim como Joanna Maranhão.

A última vaga está em aberto e Rafaela sabe o tempo de cada uma das rivais de cor. “A Jessica (Cavalheiro) é uma nadadora que tem a possibilidade de ir, mas já está com esse tempo (2min00s00) há muito tempo, não vai melhorar tanto. A Maria Paula (Heitmann) tem 2min00s71 e vai melhorar bastante. Ela é a principal rival. A (Gabrielle) Roncatto também, fez 2min01s23 no Brasileiro Júnior”, avalia a adolescente.

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Maria Paula, que completa 17 anos em janeiro, e Gabi, que faz 18 em julho, eram apontadas como as possíveis caçulas da natação brasileira em 2016. Rafaela, entretanto, chegou atropelando. “Eu só comecei a ganhar alguma coisa quando tinha 13 anos, foi quando peguei minha primeira medalha em Brasileiro (Infantil) e tive minha primeira convocação”, conta. Isso foi há menos de dois anos.

“O crescimento dela este ano foi muito grande. Acho que ela vai nadar para o melhor tempo dela no Open, ela está treinando para 1min59s, o que daria uma vaga na Olimpíada”, explica o técnico Waldemyr Saladanha, o Walde, que trabalha com Rafaela desde que ela chegou ao Clube Curitibano, aos 9 anos.

Ainda que estar nos Jogos do Rio aos 15 anos seja uma meta tangível, a comissão técnica do Curitibano (que tem de psicólogo a bioquímico) trabalha para que Rafaela chegue à Olimpíada de Tóquio, aí sim em provas individuais e brigando por medalha. Por enquanto, ela ainda segue a rotina de treinos de uma atleta juvenil.

“Ela não saiu desse processo de evolução ainda. Acredito que em 2020 ela vai chegar muito forte, mas eu sei que dentro dessa normalidade da categoria, na idade dela, ela tem condições de chegar entre as quatro dos 200m livre”, avalia Walde. Sob o comando dele, Rafaela passa 2h na piscina pela manhã e outras 1h30 à tarde, mas aí só três dias por semana.

Com 15 anos completados no fim de outubro, Rafaela ainda tem uma enormidade para evoluir no relógio. Até o Rio-2016, também deve incrementar o longo ritual pré-prova. “Eu dou cinco jogadinhas de água no corpo, depois dou cinco pulinhos. Mexo meu braço quatro vezes, daí eu fico tremendo a perna, mas sempre vou colocando coisas novas.”