Em tempos de domínio quase absoluto da Mercedes na Fórmula 1, a Fórmula E vem se tornando um oásis de competitividade e equilíbrio no mundo do automobilismo, na opinião de Felipe Massa. O experiente piloto brasileiro, com 15 temporadas de F-1, acredita que a categoria de carros elétricos tem potencial para atrair mais público em um momento em que os fãs de corridas anseiam por pegas e disputas nas pistas.
“É um campeonato feito para ser diferente, só que é bem mais competitivo em relação à F-1. O mais lento na pista tem apenas um segundo a menos do que o líder. A possibilidade de vencer a prova e subir ao pódio existe para muitos pilotos e equipes”, disse Massa ao Estado. “Isso torna o campeonato bacana, intenso, que é o que as pessoas querem ver nas corridas”. Os carros atingem 220 Km/h. Não se compara à F-1, que anda na casa dos 330 km/h.
Massa acabou de finalizar sua primeira temporada na Fórmula E, campeonato que será disputado pela sexta vez a partir de novembro. E o brasileiro não esconde a empolgação por participar da inovadora competição, que trocou o ronco dos motores a combustão pelos zumbidos quase inaudíveis dos quilowatts.
“Há mais oportunidades para todos brigarem pelo pódio. O nível do campeonato é muito alto, como acontece na Fórmula 1. Mas aqui os carros andam mais próximos”, comentou o ex-piloto da Ferrari e da Williams. Na última temporada, finalizada com uma rodada dupla em Nova York, no dia 14, oito pilotos diferentes venceram as primeiras oito etapas da competição.
A falta de previsibilidade contrasta com os esperados triunfos da Mercedes e do inglês Lewis Hamilton na Formula 1. “É difícil comparar os dois campeonatos. Um carro da Fórmula E tem pneu de rua e quase nenhuma carga aerodinâmica. São mais pesados e as corridas acontecem nas ruas. No final das contas, tudo é diferente”, afirmou.
Ainda tentando se adaptar aos carros elétricos, Massa obteve apenas um pódio em sua primeira temporada na F-E. Aconteceu na etapa de Mônaco, onde reside e também onde é a casa da sua equipe, a Venturi – comandada por Susie Wolff, que vem a ser esposa de Toto Wolff, chefe da Mercedes na F-1.
Longe de repetir as performances que exibia na principal categoria do automobilismo mundial, o piloto brasileiro admite que não obteve os resultados esperados. Mas evitou lamentar. “Foi um aprendizado a cada corrida. Fiquei feliz com o tanto que aprendi e melhorei desde a primeira prova”, avaliou.
Ele terminou o campeonato na 15.ª colocação com 36 pontos, logo abaixo do suíço Edoardo Mortara. Seu companheiro de equipe somou 52. O grid contou com 22 pilotos durante a maior parte da temporada, que passou por cidades como Londres, Roma, Paris, Berlim e Hong Kong.
“Lógico que eu gostaria de estar me vendo numa posição mais para a frente. Aconteceram alguns problemas em corridas em que eu não tive a pontuação que deveria por conta de erros meus e da equipe. Também não tivemos o carro mais competitivo para estar brigando por vitórias”, analisou.
Massa projeta performance superior no próximo campeonato, com início marcado para 22 de novembro, na Arábia Saudita. “Sem dúvida, me sinto muito mais preparado agora e espero que a gente tenha um carro mais competitivo, que possamos estar brigando intensamente pelas primeiras posições”.