A 100 dias do início da Copa do Mundo, o técnico Luiz Felipe Scolari garante que a seleção brasileira já está pronta para o torneio. O treinador destaca que o planejamento está sendo cumprido pela equipe, que realizará alguns testes nesta quarta-feira, quando vai enfrentar a África do Sul, em Johannesburgo, no último amistoso antes da convocação para o Mundial.
“O Brasil, dentro do planejamento que fizemos pra Copa do Mundo, está pronto. Tudo organizado, tudo definido, tudo bem planejado. É só seguir isso que a gente organizou que provavelmente vai dar tudo certo”, disse Felipão, em entrevista divulgada nesta terça-feira pelo site oficial da Fifa.
Como anfitriã da Copa e com cinco títulos mundiais já conquistados, a seleção brasileira terá pela frente a pressão de voltar a ser campeã, o que é reconhecido por Felipão. O técnico descarta, porém, a visão de que qualquer outro resultado que não o título será encarado como um fracasso e destaca que a o comportamento do time em campo pesará na avaliação do torcedor, independentemente do resultado final.
“Já tenho algumas experiências, vivenciei algumas situações em que, mesmo não sendo campeão, vice ou terceiro lugar, dependendo da forma como as equipes se comportam, elas foram bem recebidas pelo torcedor. Naturalmente que, quando se entra numa competição mundial, com o status que tem o Brasil, ninguém espera algo a não ser o título mundial. Todo mundo espera o título e é o que a gente trabalha pra fazer, respeitando as outras equipes, que entram também com esta pretensão. Mas, dentro do Brasil, nós vamos tentar, com a nossa qualidade, conseguir nosso objetivo. Se nós não conseguirmos é porque teve gente melhor que nós”, afirmou.
O técnico, no entanto, lembra que a seleção brasileira terá a segunda chance de vencer a Copa em casa, após o vice-campeonato de 1950, o que aumenta a ansiedade do torcedor. “A expectativa se torna maior porque é a segunda Copa no Brasil, e temos uma oportunidade que tivemos na primeira e não conseguimos. Mas temos também outros grandes oponentes que têm os mesmos objetivos”, disse.
Felipão avalia que a experiência de ter perdido uma final pela seleção da casa, a da Eurocopa de 2004 por Portugal, vai ajudá-lo a preparar o Brasil para não ser batido numa decisão no País. “Isso auxilia, nos dá um pouco mais de visão de como trabalharmos uma final, de como um país, quando chega a uma final na sua casa, tem que organizar e trabalhar para chegar ao objetivo final. De como podemos usufruir jogarmos em casa. E quando a gente não consegue, o sofrimento é muito maior. Mas nos dá, sim, uma experiência para trabalharmos com os nossos atletas”, comentou.
Campeão mundial em 2002 pela seleção brasileira, Felipão apontou que aquela equipe era mais experiente do que a atual, mas também destacou as virtudes dos jogadores que agora estão sob o seu comando. “A gente não pode comparar só talento, porque aquela seleção de 2002 tinha mais experiência. Esse grupo de hoje tem jovialidade, tem dinâmica. E, quem sabe, naquela oportunidade experiência era importante, mas neste momento, a dinâmica e a jovialidade podem ser mais importantes que o talento puro”, avaliou.
Para o técnico da seleção brasileira, as equipes da Ásia e da África podem até surpreender na Copa, mas não lutarão pelo título mundial. “Serem campeãs é muito difícil, porque as seleções tradicionais hoje ainda têm muito mais possibilidades. Já têm tradição, jogam de uma forma mais compacta, são seleções que têm um currículo maior, têm mais jogadores à disposição. Geralmente, nesse tipo de competição, essas equipes têm maiores possibilidades. Pode haver alguma seleção europeia ou da América do Sul que a gente diz ‘olha, pode ser, essas têm chance’. Mas eu não acredito que uma seleção da África ou Ásia consiga vencer um campeonato mundial nesse momento”, concluiu.