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Felipão faz campanha similar à de Cuca no Palmeiras na conquista de 2016

O palmeirense vai matar a charada. Quando o Palmeiras teve as seguintes características: defesa intransponível, variação ofensiva (jogadas longas ou trabalho cadenciado de bola), grande fase de Dudu e uma campanha espetacular no segundo turno do Campeonato Brasileiro? Para facilitar: tudo isso aconteceu em 2016 ou 2018? Acertou quem respondeu: os dois. O Palmeiras de Luiz Felipe Scolari repete o caminho traçado por Cuca na conquista do torneio nacional dois anos atrás. Com um detalhe: com um elenco maior e melhor, o Palmeiras evoluiu.

Até as campanhas são parecidas. Há dois anos, o Palmeiras tinha três pontos de vantagem sobre o Flamengo após a 29ª rodada (60 a 57). Hoje, a gordura é a mesma para o Inter, mas com um ponto a menos (59 a 56).

Sob o comando de Cuca, que hoje está no Santos, o líder ficou 15 partidas sem perder (dez vitórias e cinco empates). Com Felipão, o time já soma 14 jogos invicto (11 vitórias e três empates). Só falta o jogo diante do Ceará, domingo, no Pacaembu, para igualar o recorde do antecessor. Desses 14 confrontos, um foi sob o comando do técnico do sub-20, Wesley Carvalho, e os outros 13 com Felipão.

As semelhanças estão além dos padrões numéricos. Felipão parece ter bebido na fonte do título conquistado por Cuca. São estilos simétricos. A última partida, por exemplo, quando o líder venceu por 2 a 0 e praticamente despachou o Grêmio, atual campeão da Libertadores, da disputa nacional, oferece várias comparações. Uma das virtudes foi a concentração no trabalho sem a bola. O Palmeiras tenta encaixar a marcação por setor. Quando um gremista recebia a bola, ele era imediatamente pressionado pelo marcador. Nas triangulações, quase nunca o Palmeiras permitia o terceiro homem livre. O time ficou ligado os 90 minutos de disputa. Com Cuca era a mesma coisa.

Felipão e Cuca também gostam de ligação direta e velocidade. É uma espécie de respiro, um jeito de surpreender o rival em um jogo morno. Tanto ontem quanto hoje, o personagem central é o mesmo: Dudu. Ele é o responsável por engatar a terceira, quarta e quinta marchas e deixar os atacantes na cara do gol.

De acordo com o Footstats, site especializado em estatísticas do futebol, Dudu tem dez assistências no Brasileirão. É o atleta com mais passes para gol. Everton, Luan e Ricardo Oliveira estão empatados em segundo lugar com seis cada um. Dois anos atrás, Dudu também deu dez assistências jogando praticamente do mesmo jeito. “O que temos feito é manter os pés no chão e fazer aquilo que nos trouxe até aqui, brigando muito e marcando muito, tendo uma consistência ofensiva e defensiva. Nós precisamos manter isso”, avalia o meia Moisés, outro titular remanescente da conquista de dois anos atrás.

EVOLUÇÃO – O time de Felipão, pelo menos até aqui, parece uma evolução daquele Palmeiras que levantou a taça em 2016. Returno de oito vitórias e dois empates, 16 gols a favor e apenas cinco contra. Os resultados positivos ocorrem com menos sofrimento. Dois fatores ajudam a explicar isso. O primeiro é a presença de um elenco melhor e mais homogêneo. Os exemplos vão ficar em apenas duas posições: camisa 9 e camisa 10. No ataque, Borja é o artilheiro da Libertadores e se firmou como camisa 9 da Colômbia. Deyverson se tornou o goleador de Felipão com sete gols. Na armação, Moisés é titular; Lucas Lima é banco e Gustavo Scarpa voltou a ser relacionado após se recuperar de uma lesão.

Com isso, o treinador pode mesclar cada vez mais titulares e reservas sem queda de desempenho. São duas escalações diferentes e igualmente competitivas. O Palmeiras que disputa o Brasileirão tem 68% de chances de ser campeão, de acordo com o matemático Tristão Garcia. A equipe que joga a Libertadores, com outra escalação, está na semifinal diante do Boca Juniors. A confiança do grupo aumentou por conta dos bons resultados.

Outro fator é o lado emocional. Cuca teve de administrar um jejum de 22 anos sem títulos brasileiros. O clima era mais tenso. Hoje, o Brasileiro não é a prioridade, deixou de ser obsessão. Tudo flui melhor. “Vamos jogar nove decisões. A gente tem nove jogos e nenhum mais importante do que o outro. Fazendo isso, levando do discurso para a prática, a gente está conseguindo fazer boas partidas. Todos se sentem importantes no time e dão sua contribuição”, comentou o goleiro Fernando Prass, que foi reserva de Jailson em 2016 e hoje vê Weverton ser o titular da equipe.

A consistência tática, e o repertório do grupo, torna difícil acreditar que possa surgir um “fato novo” que comprometa o favoritismo do Palmeiras. A única possibilidade parece ser a interferência da Libertadores – em caso de sucesso ou de fracasso. Um adendo: o time tem um jogo-chave diante do Flamengo, no Maracanã. Deve ser a última barreira no Brasileirão.

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