Agora em julho, a seleção brasileira completa 100 anos da primeira partida da sua história e nunca, neste tempo todo, a equipe sofreu uma derrota mais acachapante do que a goleada de 7 a 1 diante da Alemanha, na semifinal da Copa do Mundo. O resultado, de enormes proporções, será para sempre lembrado pelo torcedor, pelos jogadores e pelo técnico Luiz Felipe Scolari.
Nesta sexta-feira, Felipão disse que levará para o túmulo a dor da derrota. “A terça-feira foi difícil, a quarta, quinta, a sexta está sendo difícil e provavelmente vai ser difícil para o resto das nossas vidas. O que o torcedor sentiu não vai ser de um dia para outro que vai modificar. Acredito que vou viver mais uns 20 anos e vou para sempre relembrar e vai ser relembrado por todos”, admitiu o treinador, nesta sexta, em entrevista coletiva.
Felipão já havia falado após o jogo contra a Alemanha, ainda no Mineirão, em Belo Horizonte, e concedeu entrevista coletiva também na quarta, junto com o restante da comissão técnica, em Teresópolis, na Granja Comary. Mesmo assim, a goleada e seus efeitos foram temas dominantes na entrevista obrigatória antes da decisão do terceiro lugar.
Um dia antes da partida contra a Holanda, em Brasília, o treinador reconheceu que nunca mais será o mesmo que voltou à seleção com status de salvador da pátria, no começo do ano passado, com a promessa de levar o Brasil ao hexa.
“Eu não posso sair da mesma forma que entrei, tantas coisas que mudaram, tantas coisas que vivi que estão acrescentadas na minha vida. Não vai ser a mesma coisa, não será nada igual ao que eu já tinha vivido até iniciar o trabalho com a seleção”, comentou ele, que mais uma vez deixou em aberto seu futuro à frente do time. “O meu trabalho termina após o último jogo da seleção brasileira, que é amanhã (sábado)”, lembrou.
Durante a coletiva, Felipão reafirmou o discurso da quarta-feira. Disse que “se o trabalho é bom não é uma fatalidade que vai mudar o trabalho” e que o desempenho Brasil na Copa não foi negativo. Para ele, apenas o resultado de 7 a 1 é que foi “catastrófico”. “Se tivesse perdido de 1 a 0 teríamos perdido igual, não chegaríamos à final.”
O treinador só mostrou irritação em dois momentos da coletiva. A primeira vez foi quando perguntado com relação a notícias publicadas na quinta que especulavam que os olheiros Alexandre Gallo e Roque Júnior haviam sugerido a ele escalar Paulinho e Willian e não Bernard e Fred diante da Alemanha.
“O Roque e o Gallo são analistas do meu adversário, não da minha seleção. Passam informação dos meus adversários eu faço escolhas do meu time. Dou liberdade para que coloquem opiniões, mas a decisão é minha”, assegurou, cobrando que a imprensa não tente colocar Gallo “contra” ele.
Felipão também se mostrou contrariado ao responder sobre as consequências de não ter feito nenhum treino secreto durante a campanha. A Fifa permite que, antes de cada jogo, um treino seja aberto à imprensa apenas por 15 minutos e fechado no restante do tempo. O Brasil, porém, foi o único time que não usou esse direito.
“Se eu abro os treinos vocês (jornalistas) me criticam. Se eu fecho os treinos vocês me criticam. Eu tenho que fazer aquilo que acho que é o correto para onde eu estou, com as condições que tenho. Não dá para fazer treino secreto. Não existe mais como fazer treino secreto”, colocou.
Felipão citou que um helicóptero foi visto sobre o treino fechado da Holanda, nesta sexta-feira, e lembrou que como a Granja Comary fica dentro de um condomínio, não há privacidade. “Poderíamos tentar fechar tudo ao redor, mas não é isso que ganha o jogo”, pontuou.